Representantes de diferentes segmentos dos setores público e privado conheceram na manhã desta sexta-feira, 02/08, na sede da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), um projeto de estudo de prospecção elaborado pela Agência para a criação de um Agro Data Space (ADS), solução destinada a reunir e compartilhar dados abrangentes sobre o agronegócio no país. A apresentação do estudo preliminar, a cargo da gerente de Difusão de Tecnologias, Isabela Gaya, contou com a participação do presidente da ABDI, Ricardo Cappelli.
A iniciativa da Agência é um passo importante para a criação de um ambiente que propicie o compartilhamento de dados do setor, a exemplo de plataformas já existentes nos Estados Unidos e União Europeia. “Esse é um trabalho fundamental, a agricultura brasileira já é uma potência que orgulha o Brasil, mas, com certeza, a gente pode avançar ainda muito mais a partir de um trabalho integrado”, disse Cappelli.
O salto na digitalização da agricultura e da pecuária nacionais propiciado pela plataforma exigirá, porém, largo entendimento entre os diferentes segmentos envolvidos, lembrou o presidente da ABDI. “Não é um desafio pequeno, porque são muitos interesses, muitos negócios envolvidos, mas o nosso desafio, e acredito que o desafio de todos vocês, é a gente conseguir fazer com que prevaleça o interesse maior do setor, dos produtores como um todo”.
Segundo Isabela, o compartilhamento de dados de produção agropecuária por meio de uma plataforma e um ecossistema seguro e confiável, com padrões e governança claros e compartilhados, potencializará políticas públicas e a produtividade por meio da análise estratégica mais precisa da cadeia produtiva.
“A gente, na ABDI, fomenta a adoção e a difusão de tecnologias no agro, com várias soluções. Temos muito tratores, muito drones, muitos dados do nosso agronegócio. Como a gente pode potencializar o uso desses dados para análise estratégica da nossa cadeira produtiva e ser mais eficiente?”, questionou. “Hoje, essa é a discussão: de que forma a ABDI pode colaborar na economia de dados do nosso agronegócio”.
O estudo
Os ADS são definidos como um ecossistema de dados federados dentro de um determinado domínio de aplicação baseado em políticas e regras compartilhadas. Neles, os usuários devem poder acessar os dados de forma segura, transparente, confiável, fácil e unificada. Os direitos de acesso e utilização só podem ser concedidos pelas pessoas ou organizações que tenham o direito de dispor dos dados.
Apresentado a representantes dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Gestão e da Inovação, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Telebras, das universidades de São Paulo (USP) e Federal do Rio Grande do Sul, do Parque de Inovação Tecnológica São José dos Campos (PIT), da Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), do Serpro, da Embrapii, e da Embrapa, entre outros participantes, o projeto de estudo para criação da plataforma projeta a necessidade de entendimentos entre diferentes segmentos para a governança da ferramenta.
Diferentes públicos-alvo interessados em acessar, compartilhar e analisar dados de produção agropecuária, seja para fins de pesquisa, gestão, inovação ou tomada de decisão, foram considerados no levantamento. Para maior compreensão dos diferentes interesses e alinhamento às prioridades estratégicas da ABDI, o público foi segmentado em cinco grupos: agroindústrias, governos e organizações, produtores rurais, especialistas e provedores de solução para o agro 4.0.
Entrevistas
Por meio de entrevistas e um formulário web, respondentes de cada grupo revelaram suas percepções sobre o setor. As principais demandas apresentadas por eles tratam de acesso a registros agrícolas e cadastros mantidos por agências governamentais – entre eles, dados sobre propriedades rurais, uso de terra e histórico de culturas –, além de dados de produção, provenientes de satélites/sensoriamento remoto e dispositivos IoT (Internet das Cosias) instalados em máquinas e equipamentos agrícolas.
As prioridades estratégicas da maioria dos entrevistados são informações que impactem a produtividade, seguidas do monitoramento do clima e de pragas, rastreabilidade e sustentabilidade. A conectividade e a qualidade da coleta de dados, por sua vez, estão entre os desafios apontados para a estruturação da plataforma.
A governança e o modelo de negócios do ADS também foi objeto de análise, com preferência pela modalidade público/privada e grande confiança dos entrevistados que os impactos positivos da plataforma geram grande percepção de valor. Após a apresentação desta sexta-feira, o levantamento será encaminhado à Câmara Temática de Inovação e Agricultura Digital do MAPA. A ABDI tem a expectativa de concluir e publicar um relatório sobre o estudo até setembro deste ano.