O gerente da Unidade de Novos Negócios da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Tiago Faierstein, e a analista de Produtividade e Inovação da Unidade de Projetos Especiais da Agência, Larissa Querino, representaram a ABDI na tarde desta quarta-feira, 20/09, no seminário “Compras Públicas: boas práticas, inovação e controle”, promovido em Brasília pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em parceria com a Agência. Faierstein e Querino dividiram com representantes do Tribunal e do Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae) os debates do painel “Experiências de Contratação de Tecnologia”.
Larissa iniciou a participação da Agência apresentando a experiência vivenciada pela ABDI em 2018 por ocasião da compra inovadora, na modalidade Concurso, de um uniforme inteligente para o Exército Brasileiro – um produto, então, inexistente. “A ideia foi disponibilizar um lote piloto de uniforme tecnológico ao Exército Brasileiro que agregasse propriedades físico-químicas avançadas em tecido de alto desempenho”, explicou.
A iniciativa também previa a agregação ao uniforme de nanotecnologia e de gadgets que monitorassem a saúde do combatente. “Foi um tiro no escuro”, lembrou, referindo-se a um produto que não existia, mas cujas soluções a serem agregadas, como sensores, já estavam separadamente disponíveis no mercado. “A gente queria apresentar solução com um produto inovador que acoplasse essa tecnologia existente”.
A analista da ABDI ilustrou as particularidades da encomenda tecnológica enumerando as etapas vencidas pela Agência para a compra da tecnologia – da definição do concurso, critérios e características de materiais necessários à seleção e articulação com as empresas envolvidas, conclusão do produto final e realização de testes no Exército. Após numerosos ajustes e conversas entre as partes, o resultado foi altamente satisfatório. “Cerca de 98% [dos militares] consideraram o uniforme superior em parte ou totalmente superior ao uniforme original”, concluiu.
Luminárias com 5G
A experiência da ABDI no fomento da tecnologia 5G foi o tema da apresentação seguinte, conduzida por Tiago Faierstein. O gerente da ABDI apresentou vantagens da Quinta Geração em comparação ao 4G, como a baixa latência, e desvantagens, como a necessidade de, no mínimo, um número 10 vezes maior de antenas do que a tecnologia 4G.
“Isso significa 10 vezes mais investimentos”, pontuou, referindo-se às obrigações das operadoras de telefonia celular que não veem, no usuário comum, incremento de receita. “Para que elas vão investir?”, provocou, apontando uma das causas da baixa expansão do serviço. “O que está acontecendo hoje, no mundo, são experiências parciais do 5G. Por quê? Porque faltam modelos de negócios”.
Como forma de preencher essa lacuna e seguir o exemplo dos EUA, que promove a ampliação dessa tecnologia com recursos públicos, Faierstein fez menção ao Conecta 5G, projeto da ABDI que fomenta a instalação de antenas 5G em luminárias públicas, solução que atende à necessidade de capilarização da Quinta Geração nas cidades sem ferir a estética urbana. “No Brasil, o poste pertence à concessionária de energia, mas a luminária que o integra, quem cuida é o município, com recurso público”.
Com o valor a receber da concessionária de energia, Faierstein explicou que o município pode, por lei, modernizar o parque de iluminação. “Agora, eu posso usar recurso público para que o município possa investir nessa infraestrutura de 5G”.
Sobre a estratégia para instalação do que denominou infraestrutura multifinalitária, o gerente da ABDI refletiu sobre as formas de contrato entre município e concessionária. “Como posso usar a CIP, a COSIP, que, por anos, foi utilizada apenas para comprar luminária de vapor de sódio, de LED, para comprar luminária com 5G, com câmera, com wi-fi?”, perguntou, mencionado as contribuições para custeio do serviço de iluminação pública. “Vamos prototipar para saber”, esclareceu, lembrando a necessidade de se experimentar antes da compra em larga escala. A medida, concluiu, é atendida pelo marco legal das startups, que prevê o contrato público para solução inovadora.
Inova CPIN
Também na tarde desta quarta-feira, a analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Bruna de Castro, participou, como facilitadora, da Oficina de Cocriação que tratou do papel do agente público no ecossistema de inovação. Ao fim do dia, um coquetel celebrou com os participantes do seminário o lançamento da Inova CPIN, versão beta da Plataforma de Compras Públicas para Inovação criada pela ABDI e pelo TCU e que conta, agora, com novas funcionalidades desenvolvidas pela Agência.