O Brasil gera 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e ainda conta com 2.408 aterros e lixões recebendo resíduos. Atenta a esse panorama, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em conjunto com a Abiplast, elaborou um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) para aperfeiçoar as operações em funcionamento no país e difundir as melhores práticas em logística reversa de RSU. Os resultados desse trabalho foram apresentados, nesta quarta-feira (2), em webinar promovido pela Abiplast, em parceria com a ABDI.
O modelo de negócios é fruto de um convênio formalizado entre a ABDI e a Abiplast, em 2020. Como consequência de sua implantação, a expectativa é de que haja redução dos resíduos descartados nos lixões e aterros das cidades e desenvolvimento de novas tecnologias de coleta e processamento de resíduos.
Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, a Economia Circular é o caminho para o setor produtivo brasileiro e todo o processo produtivo tem de estar integrado. “Essa transição para a circularidade nos interessa e ela vai acabar acontecendo quando tivermos modelos de negócios que aproximem as empresas dos consumidores e dos governos; que fechem o ciclo, que sejam rentáveis e replicáveis”.
O presidente da Abiplast, que participou da abertura do webinar ao lado de Calvet, José Ricardo Roriz Coelho, destacou o quão oportuno é o estudo elaborado, diante das novas estratégias de desenvolvimento necessárias para a transição da economia linear para a circular. “É necessário colocar, como parte da solução da gestão de RSU, a iniciativa privada como agente ativo, em parceria com o poder público”, sugeriu.
Em sua apresentação, a diretora de Inovação da Pieracciani, empresa consultora do estudo, destacou que em 2018, das 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no Brasil, 6,3 milhões de toneladas não foram sequer coletadas e apenas 1,6 milhão de tonelada foi para a coleta seletiva.
Suzana explicou que a modelagem para a primeira localidade, Barueri (SP), está pronta e servirá de piloto para implementação do projeto em outros municípios semelhantes, também em São Paulo: Cajamar e Guarulhos. “Simulamos o modelo em Barueri e, com a aplicação, o custo da coleta seletiva cairia de R$ 751 por tonelada para R$ 313 por tonelada, com uma redução de 12,5% de custos para a prefeitura e o dobro do aproveitamento de resíduos”.
Ela acrescentou que, no estudo, também foram criados indicadores para monitorar todas as dimensões ESG: econômica, ambiental, social e de governança nas três cidades.
Antes de elaborar a modelagem, os técnicos envolvidos no estudo realizaram um benchmarking em localidades em que os modelos e experiências de logística reversa estão funcionando. O benchmarking mostrou que as cidades de Parma, na Itália; Barcelona, na Espanha; e Cidade do México, no México, são as experiências que mais deram certo e inspiraram o modelo de gestão proposto no projeto.
Para a gerente da Unidade de Projetos Especiais da ABDI, Cynthia Mattos, o grande desafio a partir de agora é implementar e testar os modelos de negócios. “Para isso, estamos fechando uma nova parceria com a Abiplast que vai nessa direção. Vamos trabalhar com roadshows nos municípios. E potencializar o que já existe, em um modelo mais orgânico”.
Ao fim do webinar, o superintendente da Abiplast, Paulo Teixeira, falou sobre a importância de se atrair investimentos para a recuperação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. “O projeto é um ativo nesse sentido. Estamos tratando do destino dos resíduos, de sua recuperação e reciclagem e da efetiva implementação da Economia Circular. É um sinalizador para investimentos”.
19 benefícios para apostar na Economia Circular
De acordo com o modelo proposto pela ABDI, em estudo com a Abiplast, essas são as projeções feitas entre 2020 e 2040 no cenário em que as metas de logística reversa colocadas pelo Planares (Plano Nacional de Resíduos Sólidos) sejam alcançadas:
1) Redução de 595 milhões de toneladas de resíduos enviados a aterro sanitário
2) Redução na emissão de 12 milhões de toneladas de CO2
3) Recuperação de 82 milhões de toneladas de resíduos recicláveis
4) Recuperação de 33 milhões de toneladas de resíduos de plástico
5) Recuperação de 34 milhões de toneladas de resíduos de papel e papelão
6) Recuperação de 6 milhões de toneladas de resíduos de vidro
7) Recuperação de 7 milhões de toneladas de resíduos de metais
8) Aproveitamento de 83 milhões de toneladas de resíduos de orgânico
9) Criação de 484 mil empregos para catadores/cooperados
10) Criação de 115,9 mil empregos no comércio atacadista de resíduos
11) Criação de 77 mil empregos em recicladoras
12) Criação de 14 mil empresas no comércio atacadista de resíduos
13) Criação de 6,9 mil empresas recicladoras
14) R$ 35 bilhões de receita gerada pela comercialização de resíduos de plástico
15) R$ 12 bilhões de receita gerada pela comercialização de resíduos de papel e papelão
16) R$ 0,7 bilhão de receita gerada pela comercialização de resíduos de vidro
17) R$ 6 bilhões de receita gerada pela comercialização de resíduos de alumínio
18) R$ 2 bilhões de receita gerada pela comercialização de resíduos de outros metais
19) R$ 0,7 bilhão de receita gerada pela comercialização de resíduos de orgânico
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