Brasília receberá um projeto pioneiro de compartilhamento de veículos elétricos a partir do segundo semestre deste ano. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), junto ao Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), fecharam uma parceria com o governo do Distrito Federal que irá disponibilizar inicialmente 16 carros do modelo Twizy, da marca Renault, para serem usados por servidores distritais. Os detalhes da inciativa foram apresentados nesta segunda-feira (20), em evento no Palácio do Buriti, sede da administração local.
"A gente teve uma sinergia completa com o governador Ibaneis Rocha, que se prontificou a realizar o projeto pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação. Em duas semanas tivemos um governador e um secretário que aceitaram o desafio de fazer um teste real de uma tecnologia de cidade inteligente", destacou Guto Ferreira, presidente da ABDI.
Além disso, o projeto terá 35 eletropostos (pontos de recarga) que serão instalados nas ruas da capital do país e servirão para abastecer qualquer veículo elétrico, sem custos aos usuários. Isso tornará Brasília uma das cidades brasileiras com maior número de eletropostos. O investimento da ABDI nos carros e eletropostos é de R$ 2,3 milhões.
"A ideia é trazer para a população algo que acontece mundo afora. As pessoas querem utilizar e democratizar as tecnologias digitais. Ela começa com o carro elétrico, mas depois temos câmeras, semáforos e iluminação inteligentes, serviços de acesso à saúde, coleta de lixo, são vários projetos que temos no Laboratório Vivo de Cidades Inteligentes no Parque Tecnológico de Itaipu e esperamos que o Distrito Federal seja uma vitrine para isso", projetou Guto Ferreira.
A ABDI e o PTI montaram um Laboratório Vivo para Cidades Inteligentes em Foz do Iguaçu (PR). No local, são testadas soluções tecnológicas que a Agência pretende levar para os gestores públicos e que buscam melhorar diversos aspectos dos municípios brasileiros.
Economia
O governo distrital tem uma frota de 1.927 veículos próprios e 572 alugados que, apenas com manutenção e combustível, consomem R$ 16 milhões por ano. A previsão é que este custo caia em até R$ 10 milhões, a depender da adesão dos usuários e de testes a serem realizados em Brasília. "Esse é o nosso objetivo, fazer com que o governo gaste pouco e trazer as tecnologias de ponta para o cidadão", ressaltou Gilvan Máximo, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal. Segundo ele, o objetivo é expandir o programa, que inicialmente terá uma rota restrita à Esplanada dos Ministérios e sedes dos órgãos da administração do Distrito Federal.
Compartilhamento
Os carros serão compartilhados por um software (Mobi-e), desenvolvido pelo Parque Tecnológico de Itaipu e usado no espaço da usina em Foz do Iguaçu, que permite reservar os veículos disponíveis e acompanhar a localização deles. O aplicativo rastreia o automóvel, monitora a velocidade, a carga de bateria, as rotas percorridas e até mede a quantidade de emissão de gás carbônico que deixou de ser enviada para a atmosfera. Os carros são desbloqueados com os crachás dos funcionários cadastrados no sistema.
Os veículos serão cedidos ao governo distrital em forma de comodato, com cláusulas sobre operação, manutenção, taxas e seguros. Brasília tem vantagens para o uso de carros elétricos, tais como o relevo predominantemente plano, o que reduz o consumo de bateria, a temperatura favorável e a tensão de 220 volts, dispensando adaptações para a instalação dos eletropostos.
Cidades Inteligentes
O PTI atua desde 2013, em parceria com Itaipu Binacional, em projetos de mobilidade e no desenvolvimento de soluções, softwares e hardwares para aprimorar o compartilhamento de veículos elétricos. Com o objetivo de ampliar sua atuação, o Parque Tecnológico de Itaipu por meio de parceria com a ABDI, criou um laboratório aberto (Living Lab) para demonstração, aplicação e avaliação de soluções tecnológicas para cidades inteligentes.
“É muito importante demonstrar as soluções em ambiente real, em uma cidade com características que permitam a avaliação dos resultados para a população e para a indústria associada. E dentre as soluções, o compartilhamento de veículos elétricos encontra-se em fase mais madura, com testes sólidos no Parque Tecnológico e na Itaipu Binacional. A ABDI tem como objetivo mudar o pensamento da nossa sociedade para que as novas tecnologias tenham mais aderência e o compartilhamento de veículos elétricos é uma delas, é o futuro da nossa mobilidade”, afirma Guto Ferreira.
No Living Lab, empresas e entidades testam suas tecnologias em um ambiente controlado. Desta forma, as inciativas passam por certificações e podem ser difundidas, principalmente junto aos gestores públicos interessados na aplicação das soluções em municípios, órgãos da administração e empresas.