ABDI lança nova fase do Recircula Brasil na COP29, em Baku

ABDI lança nova fase do Recircula Brasil na COP29, em Baku

Agora, plataforma passa a acompanhar a jornada do alumínio: da sua produção ao descarte e reinserção na cadeia produtiva

A solução pioneira que reduz a poluição plástica no Brasil e promove a reciclagem e a circularidade chegou a uma nova fase. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou a Plataforma Recircula Brasil 2.0 nesta sexta-feira, 15/11, durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão.

Nesta nova fase, além do plástico, a plataforma passa a acompanhar, em parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a jornada do alumínio reciclado.

Com um sistema de rastreabilidade de resíduos a partir de notas fiscais eletrônicas, a ferramenta registra desde a origem até a reinserção da matéria-prima na fabricação de novos produtos. 

“Essa expansão reforça o compromisso da plataforma com a economia circular e a circularidade de recursos em diferentes indústrias, alinhando-se diretamente às metas da política industrial brasileira. Além disso, já estamos iniciando conversas com outros setores produtivos para ampliar o escopo do Recircula Brasil e apoiar o cumprimento de políticas públicas e compromissos ambientais”, reforçou a gerente da unidade de Nova Economia e Indústria Verde e responsável pela Recircula Brasil, Talita Daher.

Primeira plataforma brasileira a certificar efetivamente a circularidade dos materiais, a Recircula Brasil foi reconhecida como modelo de excelência no combate à poluição plástica em documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (PNUMA/ONU).

Essa nova fase consolida o Brasil como referência mundial em rastreabilidade de materiais e reforça o compromisso do país com as metas da Nova Indústria Brasil (NIB).

Desde o início da fase piloto, o Recircula Brasil já verificou mais de 20 mil toneladas de resíduos plásticos rastreados na indústria nacional. A partir do lançamento dessa nova fase, a expectativa é atingir índices muito maiores, já que, no país, o mercado de reciclagem é composto por 1,6 mil empresas que se dedicam somente à reciclagem de materiais plásticos.

“Penso que esses dez dias de COP estão sendo os dias mais importantes para a saúde do planeta. E não tinha momento melhor para lançarmos a nova fase do Recircula Brasil. É a nossa prova de mostrar para o mundo que a indústria pode, sim, fazer todo o processo de circularidade”, afirmou a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida.

Segundo dados do anuário da Abal, em 2023, das 1.484 mil toneladas de produtos de alumínio consumido no Brasil, cerca de 57,3% vieram da reciclagem, o equivalente a 850 mil toneladas.

A presidente da Abal, Janaína Donas, destaca a importância da plataforma. Segundo ela, apesar do alto índice de reciclagem de latas de alumínio no Brasil – acima de 95% –, o processo de rastreabilidade esbarra na informalidade das empresas.

Talita Daher em Baku
Talita Daher apresenta aspectos da Plataforma Recircula Brasil na Conferência do Clima, em Baku, Azerbaijão


“A ABDI está nos ajudando a dar um passo para alavancar e catalisar o nosso processo de reciclagem no Brasil para que possamos nos tornar, de fato, uma potência recicladora. A gente precisa endereçar a questão da informalidade e a rastreabilidade ajuda não só a trazer a transparência ao processo, a parte de compliance, e a combater o greenwashing. Também será um instrumento de certificação dos produtos de acordo com o seu grau de reciclabilidade e também de conteúdo reciclado”, disse.

Para o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Rodrigo Rollemberg, a plataforma será um instrumento importante para medir a circularidade das empresas que pretendem receber o Selo Verde, uma certificação para produtos, serviços e empresas que produzem de forma sustentável no Brasil.

“Não há forma mais rápida e mais eficiente de descarbonizar setores industriais do que a circularidade, a reutilização de produtos. Isso é muito importante para o alumínio, para o aço, para a indústria plástica, para todo o setor industrial. Você substitui matérias-primas virgens por matérias-primas que já foram utilizadas e, com isso, reduzindo as emissões de carbono”.

Sobre a plataforma

A plataforma funciona com o uso de notas fiscais eletrônicas, que registram o percurso dos resíduos desde a compra do material até a venda dos produtos finais, monitorando todo o percurso dos resíduos reciclados. Com essas informações, o sistema atesta a origem dos materiais e confirma que o produto contém plástico reciclado, garantindo transparência e confiabilidade.

“Essa plataforma da ABDI vai ao encontro da nova política de neoindustrialização brasileira. Não falamos apenas de rastreabilidade, mas ser um auxílio para mudar as condições sociais, econômicas de toda a cadeia industrial do país”, disse o CEO da Central de Custódia, parceira de iniciativa, Fernando Bernandes.

Fotos: cniweb