A 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) será encerrada nesta sexta-feira, 22, em Baku, no Azerbaijão. A participação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) abordou diversos temas importantes para a indústria e o enfrentamento às mudanças climáticas.
No último dia 15, a assessora especial e líder do projeto ABDI na COP, Neide Freitas, mediou o painel “Bioeconomia e Desenvolvimento na Amazônia: Um Caminho para Preservação e Industrialização Sustentável”, realizado no Espaço da Indústria, na Green Zone.
Participaram do painel a diretora adjunta de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Gabriela Savian, a diretora da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Vanessa Grazziotin, a subsecretária de Ciência e Tecnologia para a Amazônia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Tanara Lauschner, o presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, e o diretor do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), Márcio Miranda.
A mediadora do painel explicou que o objetivo do debate é demonstrar como a bioeconomia pode ser o elo entre a preservação da biodiversidade e a industrialização sustentável na Amazônia. “Esse é um debate estratégico para a Amazônia, mas também para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, afirmou Neide Freitas.
Em sua fala, Tanara Lauschner destacou o papel do Polo Industrial de Manaus para o desenvolvimento da bioeconomia da região. Também falou da necessidade de investimento em ciência, tecnologia e inovação para incrementar a economia local.
Segundo o presidente do Instituto Amazônia+21, a principal barreira para a implementação de políticas públicas que incentivem a bioeconomia na região é a regularização fundiária. “Se queremos destravar investimentos para chegar na Amazônia, precisa haver segurança jurídica para que o investimento aporte em qualquer território”, afirmou.
Bioindústria da Amazônia
A diretora do IPAM falou sobre o projeto desenvolvido em parceria com a ABDI, o Bioindústria da Amazônia, que prevê a estruturação de um banco de dados com informações atualizadas sobre a bioindústria presente nos nove estados da Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.
O objetivo do projeto é promover a adoção de modelos de negócios relativos à bioindústria, considerando a exploração econômica dos bioinsumos de maneira sustentável, ajudando a mitigar as mudanças climáticas. Os dados devem subsidiar a formação de políticas de incentivo ao setor, além de facilitar a promoção e difusão da bioindústria no Brasil.
“É um desafio a conexão entre a identificação de novos negócios e insumos com novos recursos para promover pesquisa e inovação na Amazônia. Acho que o maior gargalo é o recurso de inovação e pesquisa para promover a identificação de novos negócios e, a partir disso, viabilizar para que alcancem uma cadeia de indústria e mercado”, disse Gabriela Savian.
Nesse sentido, Vanessa Grazziotin ressaltou como a inovação e a bioeconomia podem impulsionar o desenvolvimento na Amazônia. “Para que tenhamos desenvolvimento sustentável, temos que buscar a utilização do que nós temos de riqueza, utilizando de forma a conservar o meio ambiente.”
Polo Industrial de Manaus
Outro ponto do debate foi o Polo Industrial de Manaus (PIM), um espaço de fabricação e comercialização de produtos que atrai empresas nacionais e estrangeiras para a região. Em 2023, as empresas do polo faturaram mais de R$ 161 bilhões.
Para o diretor da CBA, o melhor caminho para tornar o Polo uma referência em industrialização verde, a partir da inovação sustentável e da bioeconomia, é a convergência do modelo de negócios e dos produtos produzidos na Zona Franca de Manaus.
“O Polo Industrial de Manaus tem uma capacidade enorme de alavancar a agenda da bioeconomia, e isso precisa ser discutido em termos estratégicos para o Brasil e para o desenvolvimento da Amazônia”, acrescentou Márcio Miranda.
Confira o painel na íntegra: