A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) marcou presença na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram 2024), um dos maiores eventos de mineração da América Latina. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entre os dias 9 e 12 de setembro, na Expominas, em Belo Horizonte (MG), a exposição foi palco de debates sobre cenários e tendências do setor.
O analista de Produtividade e Inovação da ABDI Jorge Boeira foi o mediador de um dos painéis de destaque do evento. Com o tema “Como ampliar a agregação de valor aos bens minerais produzidos no Brasil”, a apresentação contou com a participação da CEO da Sigma Lithium, Ana Cristina Cabral, da CFO da Alcoa Brasil, Gisele Salvador, e do CEO da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Ricardo Fonseca.
Em sua fala, Boeira destacou a importância da mineração para o desenvolvimento de tecnologias que contribuam com a transição energética, e como oportunidade para o adensamento de cadeias produtivas no território nacional.
“Hoje os chamados minerais críticos da transição estão no centro das políticas climáticas, energética e industrial. Mas a mineração também é relevante para as cadeias produtivas e tecnologias da saúde, digitalização, mobilidade, aplicações industriais, agricultura e defesa. É importante destacarmos aqui o papel da mineração sustentável e socialmente justa”, disse.
O analista destacou ainda a Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo Governo Federal, e a participação da ABDI na construção da nova política industrial brasileira.
A CFO da Alcoa Brasil falou sobre a importância do Brasil na produção e exportação de bens minerais no cenário global, sobretudo devido à alta da demanda por recursos minerais em setores estratégicos, como energia e tecnologia.
“A gente enfrenta ainda desafios significativos para se integrar nessa cadeia de modo eficaz e sustentável. O país, antes de mais nada, deve priorizar o respeito ao meio ambiente. Isso faz com que a gente evolua como organização e também como setor”, apontou Gisele. “Para que o Brasil se consolide nessa posição de fornecedor confiável de minerais, é imprescindível desenvolver ou promover políticas de sustentabilidade. Isso inclui investimentos em tecnologias limpas e práticas de mineração cada vez mais responsáveis”, acrescentou.
Os produtos primários advindos da mineração estão na base de qualquer cadeia industrial, sendo para exportação ou para consumo interno. CEO da Sigma, Ana Cristina concentrou sua apresentação na cadeia de beneficiamento de lítio e sua indústria de base.
“Essa é uma indústria difícil de descarbonizar. E nós somos carbono zero. Assim como nossa empresa, o Brasil tem muito potencial porque, para quem cumpre regras, a barreira é alta. Isso nos ajuda na competitividade também. O Brasil tem feito um trabalho belíssimo de política industrial, e estamos liderando quando o tema é sustentabilidade”, defendeu.
Investimento em P&D
Segundo Ricardo Fonseca, o Brasil tem 98% das reservas de nióbio conhecidas no mundo, seguido por Canadá e Austrália. Como a principal produtora de nióbio do mundo, a CBMM investe em P&D para desenvolver novas aplicações para um material produzido praticamente apenas no Brasil.
“São investimentos de cerca de R$ 150 milhões por ano em P&D, o equivalente a 3% de sua receita de R$ 4,8 bilhões em 2017. Nosso centro de tecnologia conta com uma equipe de 122 técnicos e pesquisadores, além de parceiros em universidades e centros de pesquisa no Brasil e exterior”, contou.
Ao longo dos quatro dias de eventos, além de como agregar valor aos bens minerais, foram debatidos temas como economia circular e gestão consciente de resíduos, descarbonização e como mineradoras têm contribuído com programas de formação e qualificação da mão de obra nos territórios.
Sobre o evento
A Exposibram é uma das maiores exposições de mineração da América Latina, realizada bianualmente. Participam do evento as principais mineradoras com atuação global e grandes fornecedores de produtos e serviços. No espaço, são apresentadas as principais tendências em tecnologia, equipamentos, softwares e outros produtos ligados à indústria mineral, além de dados sobre investimentos e gestão.
Já o Congresso é composto por sessões magnas e painéis temáticos simultâneos, que apresentam aos congressistas o cenário mais atual da mineração mundial, com a presença de especialistas renomados, representantes do setor produtivo, governamental e terceiro setor.