ABDI será anfitriã de Hub de Inovação do Fórum Econômico Mundial (WEF)

ABDI será anfitriã de Hub de Inovação do Fórum Econômico Mundial (WEF)

Primeiro da América Latina, Hub atuará como ponto de contato entre o ecossistema nacional de produção e a Rede Global de Manufatura Avançada

“Há uma clara necessidade de recriar a confiança e promover mais cooperação multiestado com o objetivo de moldar a era pós-Covid-19”, disse a diretora do Fórum Econômico Mundial (WEF) para a América Latina, Marisol Argueta, durante a primeira reunião virtual do Hub de Manufatura Avançada do Brasil, promovida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), nesta terça-feira (30/06).

A ABDI foi convidada pelo WEF a desempenhar a função de entidade anfitriã do espaço de discussão e de troca de experiências. Com hubs semelhantes já estabelecidos nos Estados Unidos, na Espanha, na Dinamarca, em Istambul, na Itália, e na Austrália, o Hub no Brasil será também o primeiro na América Latina. “O Hub de Manufatura Avançada é uma rede que se mostra bastante eficiente, não só por conectar as experiências que acontecem em todo o mundo com o que acontece no Brasil, mas por deixar o país na vanguarda das discussões das políticas publicas relativas a esse assunto”, ressaltou o presidente da ABDI, Igor Calvet. 

O Hub de manufatura Avançada no Brasil já reúne parceiros importantes como a Google; Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças); Natura; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Ministérios da Economia e da Ciência, Tecnologia e Inovação; TOTVS; WEG; e Câmara Brasileira da Indústria 4.0. Representantes de todas essas organizações participaram da primeira reunião do Hub. O objetivo é que, em cooperação, o Hub componha uma agenda de interesse do setor produtivo nacional a ser trabalhada nos próximos 12 meses.

Cadeia de suprimentos e 5G

Pesquisa feita pelo WEF com 400 líderes de empresas de regiões e indústrias diferentes apontou que 80% deles acham que o covid-19 impactou significativamente as operações da cadeia de suprimentos. Ainda segundo o levantamento, apresentado por Ian Cronin, Líder do Projeto Futuro da Iniciativa Avançada em Sistemas de Manufatura e Produção da WEF, 44% dos respondentes estão se adaptando aos métodos de distribuição para garantir a continuidade da cadeia de suprimentos; 40% colocarão maior foco na gestão de riscos, e 20% das empresas estudam a instauração permanente do Home Office.

Para Igor Calvet, a conexão entre cadeias de suprimento e as tecnologias 4.0 ganham relevância na agenda da inovação. Ele mencionou ainda os impactos das redes 5G no setor produtivo. “O Hub pode ser um lócus importante para a discussão sobre o impacto do 5G na nossa indústria. Acho que esses dois assuntos são fundamentais para o Brasil e o mundo: cadeia de suprimentos e 5G”, disse. 

Ian Cronin também apresentou a Plataforma de Ação Covid-19, lançada pelo WEF. “A intenção era criar um mecanismo que permitisse o intercâmbio de informações entre os países. E conectasse líderes políticos, líderes da indústria e diversas outras partes interessadas”, explicou. O objetivo da plataforma é formar uma rede de trabalho cooperativa para trocar essas melhores práticas e melhorar os canais de comunicação.

O especialista disse ainda que é preciso repensar a tecnologia em nossos processos produtivos para permitir que as empresas possam diversificar e aumentar a expertise em tecnologia, o acesso a insumos e ao mesmo tempo manter as portas abertas de forma inclusiva. De acordo com Ian, a ideia é formar uma cadeia de valor mais ágil, mais conectada, mais humana e sem precisar de investimentos de capital muito elevados. “Precisamos mudar de competitividade de custo para competitividade de risco”, destacou. 

Segundo Marisol, no contexto do covid-19, estamos enfrentando três tipos de desafios transformadores. “O primeiro é reagir, a curto prazo, para garantir suprimentos, demandas, redução de custos e de riscos. O segundo é a recuperação, a médio prazo, com processo de introdução de tecnologias e aumento de capacidade de trabalho. Por último, está a reinvenção, a longo prazo, com o futuro digital, com rede, dados, analíticos e agilidade trabalhando juntos globalmente”, expôs.

Os parceiros

Na visão do Secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI, Paulo Alvim, é importante para o Hub formar uma teia empresarial que permita dar uma resposta rápida, como foi possível na pandemia. Além disso, o secretário afirmou que ao definir setores estratégicos e usar o mesmo esforço de aceleração da transformação digital utilizado durante o cenário de crise, o Hub pode fazer a diferença. “A gente vai sair de um período de desindustrialização para a reindustrialização de setores estratégicos para o país e para superarmos dificuldades que serão frequentes. A competitividade de risco se torna estratégica”, destaca.  

Ana Costa, chefe de departamento de bens, capital mobilidade, aeronáutica e defesa do BNDES, destacou a importância do Brasil não só fazer parte, mas liderar o centro de discussão. “É de extrema relevância para o país ser anfitrião desse Hub, que pretende levantar temas estratégicos que precisam estar em pauta tanto pela relevância da nossa indústria como consumidora quanto fornecedora capaz dessas tecnologias”, disse. 

O diretor de Inovação do Sindipeças, Maurício Muramoto, destacou a importância de dar apoio às pequenas e médias empresas. “O elo mais fraco define a fortaleza da cadeia de suprimentos. Portando, se não tiver um elo forte também nas menores empresas, o tecido industrial que desejamos para o país não funcionará”, alertou.

Para João Delgado, diretor executivo de tecnologia da Abimaq , “mais do que ter a produção é necessário ter a engenharia necessária . Temos que dominar a engenharia de cabo a rabo. Temos que ter um conjunto de articulações pontuais para fazermos a diferença em áreas estratégicas”, explicou. 

A gerente de políticas públicas do Google, Karen Duque, destacou a cooperação entre setor privado e público como peça-chave para a recuperação econômica no pós covid-19. “O Google acredita que a cooperação com os stakeholders é fundamental para que a gente encontre soluções no contexto atual”, explicou.

Participaram ainda do encontro Igor Nazareth, Subsecretário de Inovação e Transformação Digital do Ministério da Economia; Eliana Emediato e Adriana Depieri, representando o MCTI; Ângela Pinhati,  Diretora de manufatura, segurança e meio ambiente da Natura para a América Latina; Jairo Cardoso, Diretor de Gestão de Projetos da SPI Integradora; Carlos Grillo, Diretor de Negócios Digitais da WEG;  Jefferson Martins e Marcelo Gramigna , representando a TOTVS; Néstor Ayala e Alejandro Frank, professores da Universidade do Rio Grande do Sul (URGS); Ricardo Ávila,  diretor da Sabó; Paulo Navarro, sócio da Peerdustry – Manufatura Compartilhada; além do Diretor da ABDI, Carlos Geraldo; 

Hub, ABDI e WEF

Os hubs são iniciativa do WEF que têm por objetivo engajar os ecossistemas regionais de produção – incluindo setor privado, governos, sociedade civil e academia – para: i) identificar e endereçar oportunidades e desafios trazidos pela Quarta Revolução Industrial;  ii) enfatizar, dar conhecimento e realizar benchmarks de casos de sucesso por meio das plataformas do Fórum Econômico Mundial; iii) promover interação entre os hubs estabelecidos, de forma a que compartilhem melhores práticas e realizem prospecção de novas parcerias.

Como entidade anfitriã da iniciativa, a ABDI promoverá eventos e discussões estratégicas acerca dos temas da manufatura avançada; definirá, com os participantes do Hub, as prioridades temáticas; e atuará como ponto de contato entre o ecossistema nacional de produção e a Rede Global de Manufatura Avançada do Fórum Econômico Mundial.