O número de incidentes de segurança da informação vem crescendo em todo o mundo. Em 2020, segundo dados da ONG Privacy Rights, foram 5.800 vazamentos de dados divulgados publicamente e 4,1 bilhões de arquivos, registros e dados expostos. Em relação aos incidentes relatados nos primeiros seis meses de 2019, o primeiro semestre de 2020 registrou um aumento de 54%.
Atentos a esse cenário, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizaram, nessa quinta-feira (dia 4/11), mais uma mentoria coletiva do Jornada Digital, desta vez com o tema "LGPD e Segurança da Informação: privacidade de dados é coisa séria". A quinta, e última live, da série de cinco eventos, será realizada na próxima semana, no dia 11/11.
O analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Raphael Lennie, destacou que as mentorias coletivas fazem parte do projeto Jornada Digital, realizado em parceria com a FGV. O projeto busca ajudar micro e pequenos empreendedores em seu processo de transformação digital. As mentorias elencaram os temas mais relevantes para o dia a dia dos micro e pequenos empreendedores brasileiros.
Para Marcel Levi, da FGV, o assunto da mentoria dessa quinta-feira é extremamente importante para esses empreendedores, porque embora tenha sido implementada em setembro de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está em vigor – no que diz respeito às penalizações (multas) – desde 1º de agosto deste ano.
A mentoria foi conduzida pela advogada do Google, Giovanna Ventre. De acordo com a especialista, nove em cada dez brasileiros querem saber como seus dados pessoais são usados. O número, que mostra a importância que as pessoas dão à questão da privacidade no país, foi levantado por pesquisa da Quantas/DataFolha, em 2020, antes da implementação da LGPD.
Giovanna explicou o que são dados pessoais – aqueles que identificam as pessoas, e mostrou quais são os dados pessoais sensíveis elencados pela LGPD, que têm proteção mais robusta e estão no artigo 11 da Lei. São dados como origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, entre outros.
Sobre política de privacidade, e transparência no tratamento de dados, Giovanna mostrou o que considera dois bons exemplos. Primeiro o do próprio Google, que usa recursos audiovisuais para explicar ao usuário de maneira didática. “O Mercado Livre, por sua vez, usa linguagem clara, diz o que ele irá fazer com os dados do cliente. Afinal, política de privacidade não é documento para advogado ler, é para o público. Até a expressão tratamento de dados não é palatável”.
A advogada também deu várias dicas sobre como evitar vazamento de dados. Usar senhas fortes; limitar o acesso dos dados de pessoas a quem realmente precisa tê-los; bloquear o computador sempre que sair do ambiente; e guardar documentos físicos que contenham dados pessoais em lugar seguro são algumas delas.
“Investimento em treinamentos, eventos internos de conscientização, lives e grupos focais são formas de as empresas trabalharem a educação e a cultura de seus funcionários”, apontou ela. Giovanna também elencou outras formas de não potencializar as vulnerabilidades dos dados, como diálogos com outras empresas, como associações e instituições de ensino, além da formação de grupos de trabalho interno que sejam multidisciplinares.
Por fim, Giovanna apresentou um site, elaborada pela Google com o Proteste, sobre a LGPD para Pequenas e Micro Empresas. Dentro da página, há uma cartilha que explica como decifrar o “juridiquês”, elenca a base legal que autoriza o uso de dados pessoais, mostra os princípios, e a Lei em oito passos para verificar o quão pronta a empresa está em relação à aplicação da LGPD.
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