Se a globalização encurtou fronteiras e conectou ainda mais o mundo, o coronavírus produziu uma crise instantânea global-econômica. A partir da Covid-19, governos, empresas, tecnologia, inovação, solidariedade, passaram a ter um significado comum. O mundo se volta para o enfrentamento da crise e o momento exige a união de interesses comuns para identificar novas tecnologias que possam ajudar a combater o vírus.
Assim foi aberto o debate Act together, Stay together (Agir juntos, ficar juntos) promovido pela Plug and Play, uma das maiores aceleradoras do Vale do Silício. O evento on-line reuniu representantes de quatro continentes para debater o momento atual e compartilhar conhecimentos. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) foi convidada a participar, representando o Brasil na área de inovação.
Lanna Dioum, líder do programa Startup Indústria, da ABDI, falou do momento atual no Brasil sob o aspecto da inovação e os desafios. “Acho muito difícil estabelecer apenas um desafio principal, já que somos um país enorme. Sob o ponto de vista do governo, eu diria que o acesso aos dados é nosso principal desafio agora” disse.
Em sua participação no debate, Lanna explicou que o Brasil está em um enorme esforço conjunto, “o que é um bom efeito colateral da crise, porque temos diferentes agências, departamentos e órgãos governamentais trabalhando juntos para fornecer soluções, quebrar toda a burocracia e ter acesso a equipamentos, ventiladores, medicamentos, dinheiro, crédito, por exemplo”.
O papel das startups foi mencionado pelos debatedores como preponderante no enfrentamento da crise do coronavírus. “Existem muitas startups tentando achar soluções para os vários aspectos dessa crise. Aqui, o governo está apoiando essas iniciativas não apenas investindo, mas ajudando a achar as soluções em Hackathons, por exemplo”, afirmou Rafael Rasinger, chefe de startups e novas empresas da Câmara Econômica Federal da Áustria.
No Brasil, segundo Lanna, aconteceu um movimento interessante com as iniciativas vindas das startups. “Elas tomaram a frente e mostraram às pessoas que podem se mover mais rápido, que podem acelerar a implementação de soluções”, disse.
Na África do Sul, Wamkele Mene, diretor-chefe de Relações Econômicas do Departamento de Comércio e Indústria, relatou que a crise traz um impacto negativo na vida das pessoas economicamente falando, mas, enfatizou que muitos países fizeram o que tinha que ser feito. “Aprendemos muito com o Ebola. Fechar as fronteiras por parte de muitos países foi uma decisão certa”, avaliou.
Para Afsaneh Naimollah, Executiva em Assistência médica da Plug & Play Tech Center, momentos inesperados de crise intensa como a que o mundo está enfrentando são os melhores para a inovação. "A história vem mostrando pra gente que as inovações que mudaram a vida, a cultura e a sociedade normalmente apareceram após um evento imprevisível como essa pandemia que atingiu o mundo”, disse.
“O mundo inteiro vai sofrer muito. Pelo lado bom, toda vez que há uma enorme crise, algo de bom acontece. Espero sinceramente que aprendamos com a crise a responder com inovação, com alternativas. Vamos aprender com essa crise. Espero que possamos encontrar soluções inovadoras o mais rápido possível para superá-la”, concluiu Lanna.