A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apresentou nesta quinta-feira, 18, o relatório analítico da Avaliação da Chamada DAI/2018 do Programa de Doutorado Acadêmico para Inovação (DAI), executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O programa é direcionado a fortalecer a pesquisa aplicada e a inovação tecnológica na indústria, por meio do envolvimento de estudantes de doutorado em projetos de interesse do setor produtivo, mediante parceria com empresas.
Segundo o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, os indicadores gerados pelo relatório analítico têm importância social. “São programas mais técnicos, claro, mas que têm relevância social muito grande devido a essa integração de diferentes órgãos do governo. Estamos muito orgulhosos dessa parceria com a ABDI”, disse.
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, afirma que os resultados reforçam a contribuição do programa na formação de recursos humanos para a pesquisa aplicada, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, sendo tudo interligado à Nova Indústria Brasil (NIB).
“Acho fantástica essa preocupação do CNPq de saber como a indústria está absorvendo o trabalho do pesquisador”, comentou Perpétua.
Relatório analítico
A pesquisa foi realizada com bolsistas, empresas e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) entre os meses de outubro e dezembro de 2023. Segundo o levantamento, 90% dos bolsistas participantes consideraram que o DAI/2018 contribuiu para suas formações acadêmica e profissional. Já as ICTs apostaram no programa, estimulando a adesão de docentes.
Ainda de acordo com o levantamento, 86,2% das empresas participantes conseguiram alcançar os resultados esperados com a parceria junto à ICT; 77,6% das empresas parceiras afirmaram ter ampliado a competitividade, graças à contribuição do programa; e cerca de 89,7% das empresas afirmaram que a parceria com o ICT proporcionou o aumento da capacidade de inovação. Além disso, todas afirmaram que pretendem dar continuidade à parceria com ICT em novos projetos.
Segundo a gerente da Unidade de Gestão Estratégica, Roberta Nunes, responsável pelo projeto, a Agência entregou um dashboard além do relatório analítico.
“As duas instituições estão empenhadas na avaliação e execução da política pública e com um olhar para a efetividade. Nesse contexto, a avaliação tem um papel importantíssimo porque é ela que responde se estamos fazendo a coisa certa, da forma certa, se estamos gerando valor para o público-alvo. A avaliação é um instrumento de gestão poderoso para melhoria da política pública”, explicou.
De acordo com o relatório, o programa foi eficiente em auxiliar empresas parceiras no desenvolvimento ou na melhoria de produtos, processos e serviços. Em relação às empresas participantes, 69% afirmaram que foram gerados novos projetos, a partir do desenvolvimento do projeto inicial, e 63,8% delas disseram que houve melhoria ou desenvolvimento de novo produto.
Sobre os impactos gerados
Para além dos indicadores, o relatório mostrou que cerca de 80% das ICTs não precisaram promover ajustes organizacionais ou normativos para ingressar no DAI/2018, o que demonstra impacto institucional, já que 70% das instituições já desenvolviam parcerias com empresas.
Também ficou comprovado o impacto econômico, visto que o DAI estimula a competitividade das empresas ao desenvolver soluções inovadoras que melhoram produtos, processos e serviços, e a geração de empregos qualificados que atende às demandas do mercado por talentos especializados em áreas de ponta.
Por fim, os impactos sociais, pois as inovações desenvolvidas no âmbito do DAI podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, por meio de avanços em áreas como saúde e educação. O programa também contribui para a contratação de pesquisadores altamente qualificados pelas empresas parceiras.
Dados de patentes
Considerando os projetos desenvolvidos pelas ICTs em parceria com as empresas, verificou-se que 30,3% geraram pedidos de depósito de patente. O percentual de transferência de tecnologia dos projetos desenvolvidos foi de 42,4%.
Com relação às contrapartidas oferecidas e cumpridas pelas empresas para as ICTs ou para o projeto, 51,5% das respondentes informaram que a financeira foi a mais utilizada, e 42,4% aderiram à modalidade de contrapartidas econômicas e financeiras; apenas 6,1% das empresas ofereceram contrapartidas exclusivamente econômicas.
Segundo 72,7% das ICTs, houve uma ampliação da procura das empresas para realizar novas parcerias, graças aos resultados obtidos com a participação no Programa DAI/2018.
Bolsistas
75,5% dos respondentes realizaram todo o doutoramento com bolsa do Programa DAI/2018.
No que concerne ao desenvolvimento profissional dos bolsistas, 91,4% dos respondentes consideram que o DAI/2018 contribuiu para a formação profissional e acadêmica, e 75,5% acreditam que as atividades desenvolvidas nas empresas parceiras contribuíram para a conclusão do trabalho acadêmico.
Para 70% dos bolsistas, a participação no Programa proporcionou um ganho e se tornou um diferencial em sua formação, em relação aos demais alunos que não realizaram pós-graduação em uma empresa privada.
A área com maior número de docentes no DAI/2018 foi a das “Engenharias” (72,7%), seguida pela das “Ciências exatas e da terra” (60,6%).
Contratação de doutores
Para 94,4% das empresas, a participação no Programa DAI 2018 despertou o interesse em absorver doutores em seus quadros de pessoal; e 30% afirmaram que pretendem contratar os bolsistas em seus quadros.
Amostragem da Pesquisa
A pesquisa ouviu 163 bolsistas – o que corresponde a 63,9% dos doutores que participaram do programa; 33 ICTs (89,2% das Instituições de Ciência e Tecnologia); e 58 empresas (48%).