Analista da ABDI avalia comércio Brasil-EUA em 2024 e perspectivas bilaterais para este ano

Analista da ABDI avalia comércio Brasil-EUA em 2024 e perspectivas bilaterais para este ano

“Sempre há margem para negociações”, observa Eduardo Rezende, autor do estudo, sobre a nova política tarifária norte-americana

O desempenho das trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos (EUA) no ano passado e as revisões tarifárias anunciadas por Washington são objeto do artigo “Dimensão e dinamismo do comércio exterior Brasil – EUA em 2024”, do analista de Produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Eduardo Rezende. O estudo destaca o crescimento do comércio bilateral, em especial na indústria, no ano em que foram comemorados os 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países.

De janeiro a dezembro de 2024, a corrente do comércio Brasil – EUA alcançou US$ 80,9 bilhões. Embora abaixo de 2022, quando as trocas bilaterais totalizaram US$ 88,7 bilhões, o resultado no ano passado representa um aumento de 8,2% em relação a 2023, diz o artigo.

Com esse volume, os Estados Unidos se mantiveram como o segundo principal parceiro comercial do Brasil no período, posicionado atrás da China, cujas exportações e importações brasileiras alcançaram US$ 158 bilhões.

Saídas e entradas

Rezende acrescenta que as exportações do Brasil para os Estados Unidos somaram US$ 40,3 bilhões no período, o que corresponde a uma expansão de 9,2% – índice superior à evolução das vendas brasileiras para o resto do mundo, que apresentou queda de 0,8%.

A indústria de transformação teve um papel determinante na expansão registrada em 2024 ao representar 78,3% das exportações brasileiras. Impulsionada pelas vendas de petróleo bruto, a indústria extrativa alargou sua participação de 13,9% para 15,4%, enquanto a agropecuária registrou participação de 5,7%, com expansão de 1,1% em relação ao ano anterior.

Os Estados Unidos continuam, assim, o principal destino dos produtos da indústria brasileira, com 17% do total exportado para esse mercado. Destaque para as aeronaves, que aumentaram suas vendas em 36,2%.

Nas importações, por sua vez, as vendas de produtos norte-americanos ao Brasil totalizaram US$ 40,6 bilhões, ou 6,9% a mais em relação a 2023. A indústria de transformação liderou as entradas originárias dos EUA, alcançando 88,1% do total importado.

Considerando-se os dois movimentos, a relação comercial bilateral apresentou em 2024 um déficit para o Brasil de cerca de US$ 300 milhões. Em um cenário em que a balança é tradicionalmente superavitária para os EUA, o volume é o menor saldo negativo desde 2010.

O artigo também aponta perspectivas otimistas de que o fluxo do comércio bilateral se manterá robusto em 2025 como resultado das expectativas de crescimento econômico em ambos os países. O maior fluxo de importações, no entanto, deverá ser mantido.

“Os principais organismos internacionais para a economia e o comércio globais indicam uma expansão de 3% no comércio internacional em 2025”, projeta Rezende. “De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deverá crescer 2,7% e a economia brasileira aumentará 2,2%, o que possivelmente estimulará o aumento da demanda por produtos importados.”

Polêmicas tarifárias

O analista da ABDI não é indiferente às últimas manifestações, no mínimo, polêmicas, da nova administração dos EUA, com destaque às que tratam de uma nova política tarifária norte-americana.

“Tais medidas dos Estados Unidos em relação a seus parceiros comerciais demandam que o Brasil diligentemente pondere sua postura, avalie os riscos e calcule consequências”, observa.

As negociações, porém, seguirão sobre a mesa. “Sempre há, em se tratando de parceiros tradicionais e de produtos estratégicos, margem para negociações”, recorda. “Importante lembrar que durante o seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, o presidente Donald Trump impôs taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio. Após negociações, concedeu, posteriormente, cotas isentas de impostos a vários de seus parceiros comerciais, incluindo Canadá, México e Brasil”.

Para acessar a íntegra do artigo “Dimensão e dinamismo do comércio exterior Brasil – EUA em 2024”, de Eduardo Rezende, clique aqui.