A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) promoveu, nesta quarta-feira (16), uma live tira-dúvidas relacionada ao edital “Desafio de Inovação Bengalas Inteligentes”. Lançada em 2/4, em Curitiba (PR), e pioneira no Brasil, a iniciativa é uma promoção da ABDI e do Governo do Paraná por meio de suas secretarias de Inovação e Inteligência Artificial e de Desenvolvimento Social e Família (SEDEF).
O desafio reconhecerá e premiará protótipos de bengalas que permitam antecipar obstáculos estáticos acima da linha da cintura. As soluções mais inovadoras receberão, ao todo, R$ 2,8 milhões. As inscrições devem ser feitas até as 16h do dia 5 de maio de 2025.
Estima-se que o Brasil tenha cerca de 6,5 milhões de pessoas cegas ou com baixa visão. A bengala comum, que tem baixa complexidade tecnológica e permite apenas a identificação de obstáculos abaixo da linha da cintura, é o método mais utilizado para deslocamentos por esse público.
A transmissão foi comandada por Bruna de Castro, analista de Produtividade e Inovação da Agência. “A incorporação de desenvolvimentos tecnológicos nas bengalas, apesar de demandar grande esforço de design e prototipagem, pode ser, sim, ser feitas sem vultosos investimentos financeiros. Ou seja, existe espaço e oportunidade para explorar a criatividade e engenhosidade do ecossistema de inovação brasileiro”, diz Bruna, completando:
“A bengala não é um simples artefato tecnológico. É uma extensão do corpo do usuário que exige um robusto treinamento. A solução desejada não pode, de forma alguma, dispensar o uso da bengala.”
A analista destaca que o desafio quer estimular o desenvolvimento de uma solução acessível financeiramente adequada às condições brasileiras e desenvolvida com o maior nível possível de tecnologia nacional incorporada, sem imobilizar o usuário.
Também participaram da live de tira-dúvidas as analistas da ABDI Juliana Medeiros, Anniclay Ribeiro e Lydiane Amaral.
Durante a live, as analistas reforçaram um critério importante alvo de questionamentos sobre a primeira fase do desafio: o anonimato da proposta. Entenda:
- No momento da inscrição, os candidatos vão preencher dois campos com informações.
- O primeiro é relativo aos dados da equipe participante. É preciso ter CNPJ.
- Já no segundo campo de inscrição, deve ser enviado o documento com a proposta. Esse arquivo, em PDF e com até 50MB, não deve conter informações da equipe. A ideia, dentro do arquivo, não pode ter nenhum tipo de informação que possa identificar os autores (nomes, empresas, redes sociais e e-mails são exemplos do que não pode ter nesse arquivo). Caso tenha algum tipo de identificação, a proposta será desclassificada do desafio.
Um questionamento apresentado na transmissão foi sobre a regularidade do CNPJ. As analistas explicaram que o registro pode estar, por exemplo, em situação inapta no momento da inscrição, mas não pode permanecer dessa forma nas etapas seguintes, devendo ter a necessidade de regularização sob risco de exclusão durante a conferência de documentos.
Outro esclarecimento reforçado pela equipe e que foi alvo de diversos questionamentos é relativo à conectividade das bengalas com as soluções tecnológicas. A equipe da ABDI destacou que toda e qualquer solução é bem-vinda, contudo, não pode dispensar o uso da bengala.
Veja outros questionamentos e respostas:
- É permitido utilizar um dispositivo, conectado física ou virtualmente à bengala, como parte da solução?
Sim, é permitido. No entanto, a solução não deve eliminar a necessidade do uso da bengala. A solução deve atuar como um complemento, e não como substituto. - Sou pessoa física e pretendo participar deste desafio com um amigo que possui CNPJ. Existe algum impedimento para essa configuração, considerando que não sou funcionário da empresa dele?Não há impedimento. A equipe pode ser formada por pessoas físicas e jurídicas, independentemente de vínculo empregatício. No entanto, a responsabilidade formal pela equipe será atribuída ao CNPJ inscrito.
- O que acontece após o término do desafio? Existe a possibilidade de o governo licenciar a solução desenvolvida? Após o encerramento do desafio, os proponentes vencedores assinam um contrato de adesão para viabilizar o recebimento da premiação. Além disso, o proponente pode, se desejar, ceder o uso da PI ou da solução desenvolvida ao governo, por meio de licenciamento ou outro tipo de acordo.
- Todo o processo do desafio será realizado de forma remota, do início ao fim?
A primeira fase do desafio será totalmente remota, preservando inclusive o anonimato dos participantes. Já a segunda fase será presencial, com foco em um desafio a ser realizado em Curitiba. - É permitido o envio de vídeos demonstrativos como forma de validação ou comprovação da prova de conceito (POC)?Não. O envio de vídeos não é permitido. A submissão inicial do projeto deve ser feita exclusivamente por meio de um arquivo em formato PDF, com tamanho máximo de 50 MB.
- Posso submeter uma proposta por meio de uma empresa (CNPJ) recém-aberta?
Sim, não há impedimentos. Empresas recém-abertas podem participar normalmente do desafio. - É permitido comercializar a bengala ou a solução desenvolvida durante o período do concurso?
Não. A comercialização da bengala ou de qualquer parte da solução não é permitida enquanto o concurso estiver em andamento. - É permitido apresentar mais de um dispositivo conectado, virtual ou fisicamente, à bengala?
Sim, é permitido. No entanto, todos os dispositivos devem respeitar critérios como ergonomia, mobilidade e usabilidade. Quanto mais prática, leve e resistente for a solução, melhor será sua avaliação.
Caso surjam mais dúvidas, os candidatos podem enviá-las para o e-mail: [email protected]. Atenção: não deve haver identificação dos autores e nem da proposta na mensagem no e-mail.
Etapas
O Desafio de Inovação Bengalas Inteligentes será realizado em duas etapas. Na primeira, o edital selecionará até dez propostas em estágio de ideação/conceito. Nela, os projetos serão contemplados com R$ 180 mil para execução do plano de trabalho e amadurecimento da solução.
Na segunda fase, intitulada “Dia do Desafio”, as soluções selecionadas serão avaliadas por meio da realização de pitchs (modelo Shark Tank) e por testes dos protótipos em um circuito que simula ambiente real controlado. Os três primeiros colocados receberão um prêmio total de R$ 1 milhão, divididos desta forma: R$ 500 mil (1° lugar), R$ 300 mil (2° lugar) e R$ 200 mil (3° lugar). Além dos prêmios em dinheiro, os três primeiros colocados receberão assessoramento técnico da ABDI para acessar o ecossistema de inovação brasileiro e internacional, a fim de escalar os protótipos premiados.