A difusão da metodologia Building Information Modelling (BIM) é importante não só para o aumento de produtividade no setor de construção civil, mas também como estratégia para construção de cidades inteligentes. A frase foi dita pelo presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, durante o evento BIM 4.0 – O futuro é agora, nesta segunda-feira (2/3). Além de especialistas e autoridades, a maior parte dos presentes era de jovens universitários e recém-formados, interessados em saber mais sobre o futuro da profissão e a transformação digital do setor. A ABDI foi co-organizadora do evento, promovido pelo Instituto Global de Tecnologia Zigurat.
“O crescimento dos grandes centros urbanos tem aumentado a demanda por soluções de obras de infraestrutura, o que exige projetos de construção e gestão mais eficientes. Nesse sentido, fica óbvia a interoperabilidade entre Cidades Inteligentes e BIM- os dois projetos que fazem parte da estratégia macro da ABDI”, destaca Calvet. Durante a palestra, o presidente citou também a ferramenta GIS, que consiste em um sistema de informações geográficas. Esse sistema fornece dados essenciais para ampliar a resiliência e a vida útil de novas estruturas, o que reduz consideravelmente os riscos na fase de projeto e construção.
Em um cenário de transformação digital no contexto de modernização da construção, a ABDI atua ativamente na adoção e difusão do BIM. A Agência administra a Plataforma BIMBR, que hospeda a única biblioteca BIM desenvolvida e mantida integralmente com recursos públicos no Brasil. Até o momento a Biblioteca possui cerca de 1.600 objetos BIM, mais de 3.300 usuários cadastrados e mais de 43 mil downloads. Além disso, a Agência lançará ainda neste ano cursos de capacitação online em BIM com um foco em conceituação básica e outro em objetos BIM. O objetivo é contribuir para aumentar o número de profissionais expostos a esse conjunto de tecnologias e inovações que englobam o BIM.
O evento BIM 4.0 – O futuro é agora marcou a parceria entre a ABDI e o Instituto Global de Tecnologia Zigurat. A empresa, cujo nome faz referência aos antigos templos babilônicos, liga o passado ao futuro ao se identificar com as antigas construções e difundir a inovadora metodologia BIM. De acordo com o CTO (Chief Technology Officer) do Instituto espanhol, Pau Farré, o primeiro programa BIM foi lançado com o objetivo de aumentar a produtividade e a transparência do setor de construção civil. “ A Zigurat transmite o conhecimento em BIM por meio de eventos e cursos online. Com os eventos, o nosso objetivo é fazer parcerias com instituições que tenham influência local para que, no final, o impacto seja global. Temos um know how e queremos transmiti-lo globalmente’, explicou Farré.
Frente Parlamentar
Durante a palestra, o Coordenador-Geral de Modernização e Gestão Estratégica do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Washington Luke, falou sobre o papel da Frente Parlamentar do BIM. Ele explicou que quando se tem novas tecnologias e processos que precisam dessas ferramentas, é preciso criar políticas, leis que regulamentem e validem esses usos e soluções. “Um dos objetivos da Frente Parlamentar é incentivar a iniciativa pública e privada que busquem a modernização e a transformação digital da construção civil no Brasil, aumentando assim a produtividade do setor e melhorando a qualidade de vida dos brasileiros”, destacou. Ele mencionou ainda a importância de reduzir custos. “A estimativa é de redução de 9,7% dos custos totais da obra e de 20% dos custos com insumos”, completou o especialista. Os dados são de uma pesquisa encomendada pela ABDI em 2018 para embasar o então Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) na publicação da Estratégia BIM BR
Live ABDI e Zigurat
Pouco antes do evento, a ABDI promoveu uma live nas redes sociais que contou com a presença do Coordenador Geral dos Masters em Português da Zigurat, Rogério Lima, e com Larissa Guerra, representando a equipe de BIM da Agência. O principal assunto abordado foi a necessidade de adaptação curricular das instituições de ensino superior.
Para Rogério, a metodologia BIM carece de uma capacitação muito mais profunda do que a que ocorre em empresas atualmente. Isso porque se trata de uma transformação digital pela qual a construção civil nunca passou no Brasil. Ele disse ainda que as instituições costumam ensinar BIM como se fosse um software. “Enquanto as universidades não se adaptarem, institutos como o Zigurat terão papel fundamental na implantação de BIM. A Zigurat oferece pós-graduação e masters, o que dá ao profissional a capacidade para atuar no mercado ”, destacou o coordenador.
Quando a pauta passou a abordar a presença de BIM no mundo, Larissa falou sobre a Estratégia Nacional BIM BR. “É uma política pública voltada para promover um ambiente adequado em investimento BIM aqui no Brasil”. Ela explicou que a ABDI está inserida diretamente em dois objetivos expressos: “a capacitação do BIM no setor privado e o desenvolvimento de um cenário adequado, uma biblioteca, para disponibilizar objetos BIM e estimular o usuário comum e fabricantes”, explicou. Rogério Lima destacou que, em alguns países, toda obra pública deve ser feita em BIM. É uma exigência institucional. “O surgimento de leis é fundamental para que isso ocorra”, completou.