BIM pode auxiliar na construção de barragens mais seguras

BIM pode auxiliar na construção de barragens mais seguras

Ferramenta de modelagem de edificações em 3D é mais eficaz para eliminar falhas em projetos e monitorar riscos

A metodologia Building Information Modelling (BIM) pode ser usada para o planejamento mais eficiente de qualquer construção. E isso inclui barragens. O tema veio à tona após o rompimento da estrutura em Brumadinho (MG) e que mobilizou centenas de empresas de tecnologia para auxiliarem nas buscas. O uso de drones e de outras ferramentas integradas podem ser úteis na prevenção e reparação de danos.

A tendência é de que os projetos passem a ser realizados em BIM, como aponta o engenheiro civil Dionísio Souza. “É possível usar BIM em qualquer tipo de construção. Não tem sentido não usar o BIM em toda a cadeia da construção civil”, afirma.

O BIM utiliza um modelo virtual em três dimensões para projetar a construção antes de iniciar os trabalhos no canteiro de obras. Uma vantagem em relação ao modelo CAD, como explica o arquiteto Alexander Justi. “Todos os projetistas em CAD trabalham em duas dimensões e as informações para análise do projeto se tornam complicadas, porque se vê tudo planificado. Em BIM, você consegue ver em 3D”, afirma Justi, especialista na metodologia.

Os testes possíveis de serem feitos no BIM incluem a medição de pressão de volumes, como a que os rejeitos de minérios exercem na parede de barragens. “É possível ver onde as massas estão concentradas, se elas são de materiais diferentes, se em um lado há mais massa de um tipo de material que em outro. É possível fazer cortes virtuais na construção e ver onde é necessária uma melhoria, uma compensação”, exemplifica Justi.

O uso da ferramenta de modelagem de construção pode ser complementado com outras tecnologias como drones e sensores de terremoto, por exemplo. Com o uso dos equipamentos, é possível fotografar a barragem por todos os ângulos e gerar modelos em 3D. Qualquer movimentação de terra pode ser percebida se o monitoramento for constante.

“O modelo BIM vai mostrar uma diferença de centímetros caso a terra se mova. E claro, pode-se colocar sensores de movimentação, como se fossem sensores para detectar terremotos ou deslizamentos”, aponta Justi.

Tendência

Se metade das empresas adotarem o modelo BIM na próxima década, projeta-se que a economia da construção civil brasileira crescerá 7%. Isso significa um aumento de R$ 21,9 bilhões no PIB do setor nos valores de 2018, segundo aponta dados da Coordenação de Planejamento e Inteligência da ABDI.

Os projetos arquitetônicos começaram a chegar em BIM para Dionísio Souza, que percebeu as vantagens da metodologia. “A partir disso, fui conhecer mais sobre a ferramenta e você vê outras pessoas usando BIM. Os escritórios de arquitetura saíram na frente em relação aos projetos de engenharia. Começamos a receber projetos em BIM, a estrutura se integra bem com a arquitetura e, depois, os projetos de engenharia de instalações elétrica, hidráulica e mecânica se integraram”.

O processo de elaboração dos projetos em ambiente virtual permite o levantamento de quantidades, a estimativa de gastos e a realização de análises diversas. “A estimativa é de redução de 9,7% dos custos totais da obra e de 20% dos custos com insumos. A partir de simulações nas várias dimensões, da arquitetura, fundação, estrutura, às instalações hidráulicas e elétricas, por exemplo, é possível prevenir erros e corrigir inconsistências no planejamento”, destaca Talita Daher, Coordenadora de Difusão Tecnológica da ABDI.

Além disso, existe a interação online e a troca de informações entre diferentes áreas do conhecimento. “Temos que entender mais sobre as disciplinas dos outros no ambiente colaborativo durante o próprio processo de confecção dos projetos, não em uma fase posterior de compatibilização de projetos”, ressalta Souza. “É um benefício para todos. Evita perda de dados e as informações ficam mais seguras. Não são só os programas que necessitam de interoperabilidade, as pessoas também precisam interagir”, conclui.

A cadeia produtiva da construção civil – que engloba mais de 250 setores – pode consultar, pesquisar e fazer o upload ou download de objetos BIM na plataforma digital e na biblioteca disponibilizada pela ABDI.