Transformar lixo em energia, isso é o que faz uma planta piloto de biogás instalada na Usina de Itaipu. O projeto coleta 500 quilos de restos de alimentos gerados todos os dias pelos restaurantes dentro do complexo de Itaipu. O que normalmente seria um problema virou a solução para o abastecimento de 80 veículos da frota da hidrelétrica. A planta é uma parceria entre a Usina de Itaipu e o Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás (CIBiogás).
Segundo o responsável pelo projeto, Rodrigo Pastl, são feitos cerca de 17 abastecimentos por dia. “Essa matéria orgânica é misturada em um reservatório. Nesse local, conseguimos controlar a temperatura e fazer com que as bactérias se alimentem daquele material. Através da digestão gera gás”. Depois, esse gás ainda passa por um processo que o transforma em biometano – combustível para os veículos. A pequena planta gera 190 m³ de biogás, que geram 150 m³ de biometano. Essa quantidade gás garante o tanque cheio de 11 carros. Como a “usina” sempre trabalha com estoque, são abastecidos 17 veículos por dia.
Além do material gasoso, o processo gera matéria sólida e líquida. “Hoje, 100% do resto de comida é reaproveitado, não quer dizer que 100% vai virar energia. No final do processo você vai ter biogás, a parte gasosa, e a parte líquida e sólida, o biofertilizante”. O fertilizante é utilizado principalmente em atividades agrícolas.
Cidades Inteligentes
A planta de biogás é uma saída sustentável para o lixo gerado nas cidades. “Você tira um passivo ambiental. Você consegue recuperar parte do que seria rejeito e transformar em algo útil, além de gerar negócios”, defende Pastl. O especialista explica que além do abastecimento veicular, a planta de biogás pode gerar energia elétrica. “Pequenas unidades para geração de biogás podem ser colocadas nas cidades utilizando o lixo e os rejeitos da indústria local, por exemplo. É possível retirar a parte de biorrefinaria do processo e utilizar o biogás para gerar calor, alimentar geradores para originar energia elétrica”.
A planta de biogás de Itaipu integra o Laboratório Vivo de Cidades Inteligentes, parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O local vai servir de vitrine de tecnologias para cidades inteligentes. Prefeitos de todo o país poderão agendar visitas e entender como as soluções podem melhorar o funcionamento dos municípios. O líder do projeto pela ABDI, Carlos Frees, explica que a modelo criado em Foz do Iguaçu vai se transformar em referência para o país. “Aqui em Itaipu, nós estamos implantando o primeiro modelo de laboratório vivo de cidades inteligentes. Nós vamos testar o conceito do veículo elétrico compartilhado, o uso de iluminação pública integrada inteligente e alguns conceitos já trabalhados pelo Parque, como monitoramento climático”.
Além da planta de biogás outras cinco tecnologias estão disponíveis para a visualização dos gestores municipais: abastecimento de veículos elétricos, compartilhamento de carros e bicicletas, iluminação inteligente, monitoramento por drone e o Centro de Controle Operacional. O Laboratório Vivo (Living Lab) funciona dentro do PTI.
O Parque Tecnológico Itaipu integra as dependências da Usina de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo, que responde por 18% do abastecimento energético do Brasil. Pelo local passam mais de sete mil pessoas por dia. Essa característica torna a localidade ideal para o teste de soluções.