Cappelli defende tecnologia e inovação na indústria de segurança

Cappelli defende tecnologia e inovação na indústria de segurança

Presidente da ABDI participou do 6º Simpósio Internacional de Segurança, em Brasília. Debate abordou o combate aos cigarros ilícitos, os impactos do mercado ilegal e o uso de IA na inspeção de pessoas e cargas

Em sua participação no 6º Simpósio Internacional de Segurança – Inteligência, Inovação e Tecnologia no Combate à Criminalidade, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, destacou a importância da tecnologia e da indústria de segurança para o controle das fronteiras brasileiras.

“Não há caminho para a gente enfrentar a questão da segurança pública no Brasil sem desenvolver a questão tecnológica. A gente tem cerca de 13 mil homens e mulheres na Polícia Federal para cuidar de 23 mil km de fronteira – 16 mil km de fronteira seca e 7 mil km de fronteira marítima”, defendeu Cappelli. “Nós temos cerca de 12 mil homens na Polícia Rodoviária Federal para cuidar de 75 mil km de rodovias federais”, completou, destacando a importância da indústria de segurança nacional.

Cappelli foi o moderador de um dos painéis do Simpósio, realizado nos dias 8 e 9 de maio, em Brasília. O debate tratou do enfrentamento do comércio de cigarros ilegais no Brasil. Participaram também o delegado e chefe do Núcleo de Repressão ao Contrabando, Descaminho e Sonegação Fiscal Estruturada da Polícia Federal (PF), Rodrigo Koehler, que falou do combate ao mercado de cigarros ilícitos no país; o diretor-executivo do Instituto Brasileiro Ética Concorrencial (ETCO), André Faissal, cuja palestra abordou os impactos do mercado ilegal do produto; e o diretor-comercial da VMI Security, Thiago Reis, sobre Inteligência Artificial (IA) como inovação na inspeção de pessoas, bagagens e cargas.

Comércios de cigarros ilegais

“Entre as 10 marcas mais vendidas no Brasil, três são do Paraguai”, disse Faissal, referindo-se aos cigarros que entram ilegalmente no território brasileiro. “É um problema que nos aflige, que precisamos enfrentar, prontos para solucionar”, alertou, ao dimensionar o tamanho do problema: por conta do mercado ilegal, o Brasil perdeu, em 2023, R$ 441 bilhões de reais, dos quais R$ 139 bilhões com sonegação e R$ 302 bilhões em 15 setores produtivos.

O combate à ilegalidade, porém, tem apresentado resultados. De 2021 a 2023, a participação de cigarros ilegais no mercado brasileiro caiu de 48% para 36%. Em 2019, a participação alcançou 57%.

Segundo Koehler, o reforço da fiscalização nas fronteiras a leste do Brasil tem obrigado o tráfico do produto a contornar o Pacífico e, após atravessar o canal do Panamá, armazenar os cigarros ilegais no Suriname. De lá, o contrabando segue para o Nordeste por meio de barcos pesqueiros e de cabotagem.

O processo gera um custo maior do produto, que se aproxima do praticado com cigarros legalizados. Paralelamente, o compartilhamento da Polícia Federal com outros atores envolvidos com a indústria dos cigarros por meio de comunidades temáticas tem levado às autoridades uma compreensão maior sobre a dinâmica do problema. Ainda assim, o desafio se mantém. “A produção paraguaia é de 60 bilhões de cigarros. O consumo interno é de 2 bilhões e as exportações legais alcançam 1 bilhão. E os outros 57 bilhões, vão para onde? Para o Brasil”, enumerou o delegado da PF.

6º Simpósio Nacional de Segurança Pública – ADPF

Número atômico

Thiago Reis, por sua vez, apresentou no Simpósio os avanços proporcionados pela Inteligência Artificial nas checagens com raio-x de pessoas e carregamentos. Graças a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, os equipamentos utilizados pela VMI Security associam a dados como número atômico, densidade e formato de objetos detectados a uma paleta de 16 milhões de cores, boa parte delas não percebidas a olho nu, para a identificação de uma série de elementos.

A ação da IA, assim, não acontece com base em captação de imagens, mas no material que constitui os produtos. Não depende, desta forma, do simples reconhecimento de um objeto por sua geometria, inclusive na inspeção de veículos em rodovias por meio de equipamentos capazes de inspecionar 180 veículos por hora.

“É uma alegria grande ver que tem uma empresa nacional, genuinamente brasileira, produzindo, fazendo, desenvolvendo tecnologia, para resolver essas questões”, disse Cappelli a Reis, ao fim das apresentações.