O Brasil oficializou seu pedido de entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2017, para integrar, ao lado de outras 37 nações, o grupo que reúne as economias de maior desenvolvimento do mundo. Juntas, elas representam 80% do comércio e 60% do PIB mundial. Embora o pedido oficial tenha acontecido há poucos anos, a parceria entre o Brasil e a OCDE é antiga. Começou em 1978, quando o país foi formalmente convidado a participar do Comitê do Aço, dada a importância da nossa indústria siderúrgica.
A entrada do Brasil na OCDE abre uma gama de oportunidades para o país e, especialmente, para o desenvolvimento da economia brasileira. Para discutir o tema, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Casa Civil da Presidência da República realizaram, nesta quinta-feira (25), o Webinar “Oportunidades e desafios para a coordenação do processo de preparação da acessão do Brasil à OCDE”. O evento virtual contou com a participação e o apoio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e do Ministério das Relações Exteriores, além do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O presidente da ABDI, Igor Calvet, que moderou o evento, destacou que a adesão do Brasil à organização trará às empresas brasileiras mais acesso ao mercado internacional, com mais visibilidade e exposição ao comércio exterior, por meio de acordos comerciais e de investimentos que serão facilitados e estimulados.
Para Calvet, como a OCDE orienta boas práticas e inspira a melhoria contínua do ambiente de negócios em boa parte do mundo, cada instrumento que o país firma com a organização significa um selo de qualidade internacional. “Uma garantia de que nosso ambiente de governo e de negócios segue as melhores práticas aplicadas no mundo. Isso é fundamental para criar um clima atraente para investidores internacionais e a confiança nas instituições brasileiras”, disse.
“O processo de adesão à OCDE tende a ser um divisor de águas. Para o Brasil, é uma grande oportunidade de discutir as melhores soluções regulatórias, de combate à corrupção, modernização do serviço público e transparência no tratamento de dados”, afirmou o vice-presidente da Fiesp, Rafael Cervone Neto.
Segundo ele, o pleno funcionamento de uma economia dinâmica e competitiva requer mecanismos globais de cooperação público-privada compatíveis com as rápidas e constantes transformações que precisaram ser atravessadas nesse período quase pós-Covid.
O embaixador André Odenbreit, secretário da Subchefia Especial de Relacionamento Externo (Serex) da Casa Civil da Presidência da República, destacou que a relação do país com a OCDE já é consolidada, mencionando a entrada do Brasil no Comitê do Aço há mais de quatro décadas. “Desde então, a participação brasileira só se intensificou Precisamos trazer a OCDE como uma referência antecipada, considerada na hora de se elaborar políticas”.
O Brasil é também o país não membro da OCDE que participa do maior número de comitês da organização, 23 ao todo. E está perto de uma centena de instrumentos acordados ou encaminhados com a OCDE.
Também presente ao Webinar, o embaixador José Buainain Sarquis, secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou o empenho do Itamaraty, desde a década de 90, para o trabalho de formulação de estratégia para a entrada do Brasil na OCDE. “Entendemos haver convergência de valores com a Organização. Mas sabemos que o ingresso não traz resultados imediatos. A atração de investimentos mesmo se faz por meio do desempenho da implementação de políticas públicas. E a OCDE é um instrumento extraordinário para isso”.
O presidente da Apex-Brasil, Augusto Pestana, falou sobre o importante papel da Agência como ponte entre o setor público e o privado. “Continuaremos trabalhando para a entrada do Brasil à OCDE porque o dever de casa tem sido feito, com os selos de qualidade, e a Apex tem procurado valorizar isso”.
Finalizando o debate, o diretor do Ipea, Ivan Oliveira, afirmou que a instituição finalizou um estudo, que será disponibilizado em breve, demonstrando o impacto positivo no PIB de países que entraram na OCDE de 2010 para cá e o aumento significativo na atração de investimentos desses países.
De acordo com ele, geração de crescimento e inclusão social, aumento de produtividade, economia de baixo carbono – tudo isso poderá sofrer impactos importantes com a entrada do Brasil à OCDE.
Assista ao Webinar no perfil do Youtube da ABDI ou acessando o link: https://youtu.be/7sYWHfrOf7k