Centro de Comando e Controle: coração das cidades inteligentes

Centro de Comando e Controle: coração das cidades inteligentes

Montagem desse amplo sistema passa pela integração de diferentes plataformas

Uma cidade inteligente tem um ponto de partida, de onde é possível controlar e monitorar todas as soluções que a incluem na categoria: o centro de comando e controle (CCC). E a montagem desse amplo sistema passa pela integração de diferentes plataformas, de basicamente cinco tipos: os programas que fazem a conectividade dos aparelhos com o CCC; os responsáveis pelo armazenamento das informações; as plataformas que transmitem informação entre os objetos; a chamada inteligência artificial – que lê a situação e sabe como agir sem a interferência humana; e as plataformas que integram todas essas ferramentas.

Pensando nesse emaranhado de ligações e conexões – muitas vezes sem fios ou cabos – está sendo montado um ambiente de demonstração para soluções de cidades inteligentes no campus do Inmetro em Xerém, no Rio de Janeiro. A mini cidade de testes foi viabilizada através de uma parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Os técnicos do projeto dividiram os diferentes testes que serão feitos no local em cenários. O primeiro a ser colocado à prova é, exatamente, o Centro de Comando e Controle. O CCC será instalado no prédio principal do Inmetro e ficará responsável por monitorar e operar todas as soluções inscritas. Pelo projeto, ainda deve ser instalado no prédio da presidência do Instituto um local de monitoramento. A ideia é simular a realidade das cidades, onde o CCC fica em um local, mas o gestor tem acesso fácil a uma visualização dos sensores espelhados pelo município dentro da prefeitura.

Para uma cidade ser inteligente, ela precisa, além de contar com mais de uma solução, que o volume de informações gerado seja traduzido de forma simples e rápida. O responsável pela leitura dos dados é o quinto tipo de plataforma — as integradoras. Uma das que será testada no ambiente de demonstração é a Dojot, desenvolvida pelo CPqD, empresa de Campinas (SP). “Esse tipo de programa leva, gerencia e armazena os dados. Reduz a complexidade da cadeia”, pontua o gerente de marketing do produto, Mauricio Casotti.

A Dojot não começou do zero. Ela utilizou a base de dados Fiware, projeto open source criado pela União Europeia. “É um código aberto, então é possível mexer e melhorá-lo. Estamos incentivando as pessoas a fazerem alterações e trazer para a realidade brasileira”, explica Casotti. Os programas com plataforma aberta possibilitam que as empresas com soluções específicas joguem os protocolos na ferramenta e integrem outros dispositivos, como o caso da iluminação inteligente. A luminária pode estar interligada a uma solução de segurança, por exemplo. Com o sensor de ruído acoplado à luz, poderão ser identificados sons de tiros que servirão de alerta para a polícia.

Segurança cibernética

Uma das questões chave para as cidades inteligentes é a segurança contra ataques cibernéticos. “Os ataques vão ocorrer, então as soluções precisam minimizar os impactos das ofensivas”, defende o líder do projeto de cidades inteligentes da ABDI Carlos Frees. No ambiente de demonstração, as empresas que colocarem suas tecnologias à prova, precisarão atender aos requisitos de segurança. “Testando a segurança em um ambiente controlado, poderemos oferecer soluções com menor risco para os prefeitos”, defende Frees. A ideia é que, à medida que as soluções passem pelos testes e sejam aprovadas, constitua-se um catálogo para os municípios adquirirem tecnologias de forma segura.

Os ataques a cidades inteligentes já ocorreram mundo afora. Em Nova Iorque (USA), o sistema de semáforos sofreu um ataque recente. O hacker, ao invadir a central de controle das sinaleiras, substituiu os dados enviados pelos sensores espalhados pelas ruas. Jonny Doin, que trabalha com segurança cibernética, explica que o trabalho do invasor foi simples, porque os sensores não têm defesa. “Isso é um alerta. Ele comprou um sensor por 100 dólares e invadiu um dos sistemas de trânsito mais caros do mundo. É preciso enxergar o sistema em sua totalidade. As falhas sempre vão ocorrer, mas elas devem ser minimizadas”.

A Dojot, por exemplo, aposta na autenticação para evitar invasões. “Os equipamentos têm protocolos seguros de autenticação na plataforma. Sabemos que os dados transmitidos são realmente daquele aparelho”, esclarece o gerente de marketing do produto. Quando um semáforo inteligente transmite uma informação para a central de comando e controle, ele fará uma espécie de login, garantindo assim que a informação realmente foi enviada por aquele aparelho.

O cérebro da cidade inteligente é um dos locais mais protegidos contra invasões. Para a mini cidade da ABDI/Inmetro, foram criados quatro escalas de segurança, levando em conta principalmente a possibilidade de risco à vida que aquela tecnologia possui. Vinicius Antunes, integrante da consultoria responsável por modelar esse ambiente, reitera que o Centro de Comando e Controle é classificada com grau máximo. “Cidades inteligentes sem preocupação com a segurança cibernética são cidades perigosas. Para combater esse tipo de ataque é fundamental que o município classifique o nível de criticidade das tecnologias. O semáforo inteligente terá uma atenção maior que a lixeira, por exemplo”, disse Antunes.