Cerca de 70% das empresas industriais investiram em inovação em 2021

Cerca de 70% das empresas industriais investiram em inovação em 2021

Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC) mostrou ainda que 58,4% delas pretende aumentar investimentos em pesquisa e desenvolvimento em 2023

A taxa de inovação das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas foi de 70,5% em 2021. Os dados fazem parte da Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC) – Indicadores Básicos, divulgada nesta quinta-feira (15), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento tem como objetivo produzir uma nova geração de indicadores setoriais e nacionais sobre inovação e tecnologia para o setor industrial brasileiro.

 

Realizada via Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o IBGE, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esta é a primeira edição da pesquisa, que entrevistou 1.454 empresas industriais dos setores extrativos e de transformação.

 

De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, o ACT que as três entidades firmaram é um paradigma na gestão do IBGE. “Essa triangulação é extremamente inovadora e foi, graças a ela, que conseguimos realizar a PINTEC Semestral. Ela foi criada para complementar os resultados da PINTEC, que já conta com sete edições e é realizada de três em três anos”, disse. Ele destacou que a pesquisa tem o selo de Estatísticas Experimentais por utilizar novos conceitos e metodologias.

 

Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, o estudo traça uma fotografia real do momento e consegue, dinamicamente, mudar a forma de atuação da gestão pública e das empresas brasileiras. “A pesquisa é uma novidade estrutural, perpassa governos, é para o Estado brasileiro. Ee tem o condão de ser um marco para aprofundarmos as políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação no país”.

 

O professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador acadêmico da Pintec Semestral, João Carlos Ferraz, afirmou que o projeto é inovador. “Ele inova do ponto de vista institucional, de planejamento e previsibilidade e na questão temporal. Empresas, institutos de pesquisa e a Administração Pública terão informações de qualidade e tempestivas para desenhar seus planos estratégicos, para acompanhar e monitorar se o que estão fazendo tem sentido ou não. Informação de qualidade é um luxo necessário”.

 

Resultados

 

O setor químico foi o que mais realizou inovações, com um universo de 87% das indústrias. Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (86,5%) e Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (84,7%) também se destacaram. As taxas de inovação mais baixas foram nas atividades de Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (54,6%), Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (51,6%) e Fabricação de produtos de madeira (42,6%).

 

Em 2021, 33,9% das empresas investiram em P&D. Nos setores de equipamentos de informática, produtos químicos, farmacêutica e farmoquímica, a taxa supera 60%. Em 2022, 37% das empresas inovadoras pretendiam aumentar os dispêndios em P&D em relação ao realizado em 2021.

 

Fatores de natureza predominantemente econômica foram os mais apontados como dificuldade para mais da metade das empresas inovadoras, quais sejam: Instabilidade econômica (57,1%), Acirramento da concorrência (53,0%) e Capacidade limitada dos recursos internos (50,5%). A Escassez de recursos públicos e Mudanças nas prioridades estratégicas das empresas inovadoras foram fatores apontados por um percentual bastante semelhante: 47,7% e 47,5%, respectivamente.

 

Nas empresas não inovadores, os principais obstáculos apontados foram os mesmos das inovadoras, porém em menores proporções: Instabilidade econômica, Capacidade limitada dos recursos internos, Acirramento da concorrência e Baixa atratividade da demanda foram indicados por, respectivamente, 31,3%, 29,4%, 29,4% e 29,2%.  Ressalta-se que foram as empresas de menor porte que apontaram maiores obstáculos para inovar.

 

A PINTEC Semestral apontou que 58,4% das empresas inovadoras planejam aumentar seus dispêndios em 2023 com relação a 2022. Mais uma vez, as empresas das atividades de Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos despontaram como as que mais desejam investir em P&D em 2023 (96,4%), seguidas das empresas de Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (87,8%). Observa-se também que 41,4% das empresas pretendem manter os dispêndios em 2023 e apenas 0,2% têm a intenção de diminuir.