A adoção e a difusão de iniciativas ambientais foram o alvo de um levantamento realizado no contexto dos processos de produção das empresas industriais. A Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC) teve seus últimos resultados divulgados nesta quarta-feira (18), no Rio de Janeiro. Fruto da parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo estudo traz indicadores referentes ao ano de 2023.
Entre os principais resultados, a PINTEC mostrou que, em 2023, quase 90% das médias e grandes indústrias implementaram ao menos uma iniciativa ou prática ambiental. O tema mais declarado foi o de resíduos sólidos (79,6%), seguido por reciclagem e reuso (75,1%), eficiência energética (61,5%), recursos hídricos (57,1%), emissões atmosféricas (46,3%) e uso do solo (23,9%). “Isso é muito interessante porque mostra uma preocupação das empresas com o aspecto ambiental no seu processo produtivo”, destacou, durante a apresentação dos dados, o gerente de Pesquisas Temáticas do IBGE, Flávio Peixoto.
Em vídeo enviado para o evento, a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, lembrou o ineditismo da pesquisa. “É a primeira vez que teremos um raio-x de como a indústria de nosso país está lidando com as práticas de sustentabilidade”, afirmou, lamentando ainda a série de queimadas que o país enfrenta. “A pesquisa vem em um momento muito difícil da vida nacional, que exige medidas emergenciais para conter os incêndios recentes que, desde agosto, têm coberto os nossos céus de fumaça e lotado os hospitais do Brasil com pessoas com doenças respiratórias”, disse.
A diretora substituta de Economia Sustentável e Industrialização, Neide Freitas, reafirmou o compromisso da ABDI com a realização da PINTEC e reforçou que a indústria brasileira já é uma das mais sustentáveis do mundo. “Mas a Pintec traz dados importantes para nós. O mais importante é que precisamos avançar muito com as pequenas e médias empresas”, destacou.
“Esses dados inéditos sobre as práticas adotadas pelas empresas e o uso de biotecnologia são fundamentais para orientar decisões empresariais e estratégias de políticas públicas”, acrescentou a analista de Produtividade e Inovação Simone Uderman, responsável pelo projeto na ABDI.
O diretor do Instituto de Economia da UFRJ, Carlos Frederico Rocha, destacou a parceria que possibilitou a coleta dos dados e a apresentação dos resultados. “Essa parceria inovadora permite a realização de uma pesquisa temática que evolui ao longo do tempo. Para nós é um grande orgulho ter feito essa parceria com IBGE e ABDI”, disse.
Quarta edição
A PINTEC Semestral tem o objetivo de construir indicadores setoriais e nacionais das atividades de inovação das empresas brasileiras com 100 ou mais pessoas ocupadas. O universo de investigação concentra-se nas atividades das indústrias extrativas e de transformação. A pesquisa tem periodicidade semestral para a coleta de dados, e periodicidade anual para as estatísticas divulgadas, com abrangência geográfica nacional.
O evento no Rio de Janeiro marcou o lançamento dos resultados da 4ª edição da pesquisa. Foram consideradas como práticas ambientais as ações específicas realizadas no âmbito dos processos de produção que geram impactos positivos na organização. Essas ações podem ser tanto de empreendimentos incipientes, experimentais ou não experimentais, quanto de ações consolidadas e atividades rotineiras das empresas.
Dentre os temas abordados, estão: iniciativas e práticas ambientais, como uso da água e do solo, resíduos sólidos, eficiência energética, reciclagem e reuso, emissões atmosféricas e os benefícios e as dificuldades da adoção de práticas ambientais; instrumentos de políticas públicas que influenciaram a realização de práticas ambientais; e uso da biotecnologia, ou seja, se a empresa realiza alguma atividade que emprega ou contém células vivas ou alguma de suas partes ativas.
“Certamente são temas fundamentais. Agradecemos a adesão das empresas nas respostas à nossa pesquisa para providenciarmos esses resultados a todo o Brasil de forma detalhada”, afirmou o diretor adjunto de Pesquisas da Fundação IBGE, João Hallak.