Pesquisa "Latin-America Cloud User Survey“ de 2021, da empresa de consultoria Frost & Sullivan, mostrou que a aceleração da transformação digital nos últimos dois anos indica uma grande evolução de uso de nuvem pública e hospedagens, chegando a 50% da demanda total em 2025. Essa perspectiva vai impactar decisivamente a demanda para serviços por Data Centers.
“Se o dado é o novo petróleo, os Data Centers são a real infraestrutura da economia digital”, afirmou Thiago Camargo, diretor de Tecnologia da Prospectiva. Emílio Loures, diretor de Assuntos Governamentais e Encarregado de Dados da Intel Brasil, faz coro: “Se os dados são o petróleo, a refinaria são os Data Centers. Sem ela, a gente não faz essa economia girar, e eu acho importante ter um país com essa estrutura de “refinaria”, e pensar sobre qual é a melhor maneira de estimular esses investimentos”, afirmou.
Como estimular e atrair investimentos para alavancar o mercado de Data Centers foi o tema do primeiro Webinar de Transformação Digital, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), nesta terça-feira (dia 01/02), em parceria com a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia; o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e a Brasscom. Participaram executivos dos grandes players mundiais como Google, Microsoft, Amazon, IBM, Oracle e Intel, além de representantes do governo, como os Ministérios da Economia, das Comunicações, e ANEEL.
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Atento à importância do mercado de Data Centers, o Governo Federal publicou em 2018 a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital. E considera estratégico que o Brasil construa mecanismos de atração de Data Centers com a aprovação de política de incentivo e atração de centros de dados no País.
O projeto de construção de políticas públicas para atração de investimentos em Data Centers, uma iniciativa da ABDI em parceria com o Ministério da Economia, concluiu em outubro o Mapeamento das Oportunidades para Atração de Data Centers no Brasil, realizado pela Frost & Sullivan e a Prospectiva.
Um dos resultados mostrou que em 2020, no Brasil, houve um crescimento de 21,5% do mercado de serviços de Data Center, direcionado principalmente por Colocation (estrutura física para instalação do data center).
Segundo o presidente da ABDI, Igor Calvet, com a pandemia, o aumento da demanda por serviços digitais foi muito alto e “para dar conta desse crescimento, precisamos de provedores de nuvem, centros de dados”. Ele, que foi o moderador do primeiro painel “Estratégias de políticas públicas para a atração de Data Centers no Brasil, sob a ótica do Governo e do Congresso Nacional”, lembrou que, no caso do 5G, por exemplo, o estudo apresentado por Renato Pasquini, cita “o impacto em termos de eficiência e produtividade que pode se obter a partir da proximidade com centro de dados”
A implantação de 5G no país, de acordo com Pedro Lucas, Diretor de Investimento e Inovação do Ministério das Comunicações, é prioritária para o Governo, e “levar essa política do 5G adiante significa um desafio para o setor de Data Centers”. Ele complementou: “A gente tem a percepção de que o 5G trará a necessidade de remodelação do setor de Data Centers”.
A atração de Data Centers tem potencial, segundo Laira Curado, Subsecretária de Ambiente de Negócios e Competitividade da SEPEC/ME, para alavancar setores produtivos como o mercado financeiro. Ela avalia que, para a transformação digital da economia é essencial que se trabalhe com atração de investimentos para aumentar o número de Data Centers no país “A gente enxerga que isso significa uma grande melhora para os negócios”, disse.
Durante o painel, Issao Hirata, superintendente de Gestão Técnica da Informação da ANEEL, esclareceu que a “modernização do setor elétrico, a abertura do mercado e a desburocratização irão trazer mais segurança para os investidores e opções para os consumidores, entre eles para os Data Centers poderem fazer a gestão maior do risco” disse.
O deputado Vitor Lippi (PSDB/SP) acrescentou: “precisamos reduzir o Custo Brasil, simplificar o sistema tributário, melhorar a questão da conectividade. O Parlamento precisa ter uma visão holística e eu gosto da ideia de criarmos uma legislação específica para os data centers”.
Para o moderador do Painel 2, o diretor de Tecnologia da Prospectiva, Thiago Camargo, políticas de incentivos são desejáveis e necessárias, mas devem realmente ajudar as empresas nacionais a crescerem para que possam fazer mais investimentos. O segundo painel discutiu os gargalos e desafios na operação de Data Centers.
O diretor do Google Cloud para Estratégia de Negócios para Governo na América Latina, Alfredo Deak Junior, defendeu que os players invistam em tecnologia com o fim de enfatizar o valor agregado. “A gente traz maior valor agregado para o Brasil quando investimos não só na caixa, mas em tecnologia, em conhecimento e proteção de dados, para trazer autossuficiência para os usuários e não apenas uma casca física de equipamento”, afirmou.
A necessidade de mão de obra qualificada foi destacada pelo diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas para América Latina da Oracle, Diogo Brunacci. “É bom que a gente tenha vários players no mercado porque o que a gente mais precisa é de mão de obra qualificada, de empresas capazes de entregar e de demandar o que é realmente importante para a discussão”.
Para o diretor de Políticas Públicas na Microsoft Brasil, Elias Abdala Neto, é importante olhar o Brasil no cenário internacional, pensando nessa economia se expandindo em condições de competir internacionalmente.
A questão do meio ambiente foi alertada pelo diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da IBM América Latina, Fábio Rua, que afirmou que os data centers serão os maiores vilões do meio ambiente a partir do momento que essa profundidade de dados consumida aumenta de maneira exponencial. “Temos que olhar o Brasil como o país que pode ser o maior gerador de processamento de dados por meio de data centers verdes”, sugeriu.
No painel 3, que discutiu como fomentar a cadeia de valor da economia digital e atrair investimentos de Data Centers para o Brasil, o moderador Ricardo Sennes, sócio-diretor da Prospectiva, ressaltou o potencial do Brasil para a economia digital. “Ainda que em alguns campos da economia digital as pessoas considerem que o Brasil esteja patinando, o país tem potencial enorme”, disse.
Sergio Paulo Gallindo, presidente executivo da Brasscom, também considera que o Brasil está aquém do seu potencial. “Em que políticas públicas o Brasil precisa se empenhar para atingir o potencial do país?”, pergunta. Segundo Gallindo o Brasil tem desafios, que, ao mesmo tempo, trazem “tremendas oportunidades”. Ele complementou que hoje o maior desafio do país é a formação de talentos.
Ana da Motta, a Líder de Políticas Públicas da Amazon no Brasil defendeu uma política integrada para a atração de investimentos para o mercado de Data Centers. “Uma política precisa focar na conectividade, energia, água, elementos regulatórios, regras de zoneamento urbano. Creio ser necessária a construção de uma política integrada, que tem que ser iniciada pelo Governo Federal, em conjunção com Estados e Municípios”, afirmou.