Construção industrializada e metodologia BIM são abordadas pela ABDI durante Feicon

Construção industrializada e metodologia BIM são abordadas pela ABDI durante Feicon

Feira da construção civil reúne, em São Paulo, profissionais da América Latina em torno de novas tecnologias para o setor

A industrialização da construção civil no Brasil e a aplicação da metodologia BIM foram temas de debates realizados durante a Feicon, maior feira do setor na América Latina, que ocorre nesta semana em São Paulo. O evento reúne varejistas, distribuidores, engenheiros, arquitetos e construtores em torno de tendências e novas tecnologias, com oportunidades para a cadeia industrial.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) participou do painel “Construção 2030: Caminhos para a Industrialização”. O analista de Produtividade e Inovação Leonardo Santana representou o presidente Ricardo Cappelli no debate sobre políticas públicas que favorecem a industrialização da construção no país.

“A construção industrializada é offset, não é feita no canteiro de obras. Ela sai da fábrica já pronta, com tudo montado para, no canteiro, ser apenas instalada. É uma forma de industrializar a construção”, explicou Leonardo Santana. Amplamente utilizado no Canadá, no Japão e em países europeus, esse sistema permite que diversas etapas da construção ocorram simultaneamente, em um ambiente controlado e menos sujeito a problemas climáticos.

Como resultado, a industrialização da construção gera eficiência, padronização e automação. “Os benefícios incluem a redução de custos, o aumento da velocidade de construção, maior qualidade e consistência dos edifícios, além de uma maior segurança no canteiro de obras. Essa abordagem também pode ser mais atraente para investidores e incorporadores, pois oferece maior previsibilidade em termos de cronograma e orçamento”, argumentou o analista.

BIM

Leonardo também participou de um debate sobre a aplicação do Building Information Modelling (BIM), conceito internacional para indicar um conjunto de processos e tecnologias que permitem aprimorar todas as etapas de uma edificação. “Estamos atuando de forma bem direcionada na disseminação do BIM, da capacitação, do apoio aos entes públicos de todas as esferas na implementação do BIM e na conexão com outras soluções tecnológicas”, abordou.

O BIM simula a construção, com todos os elementos envolvidos, antes mesmo do início das obras, aumentando a confiabilidade nas estimativas de preços, no cumprimento de prazos e na integração dos diversos profissionais. Em última instância, permite uma construção civil mais inteligente, produtiva e econômica.

“Precisamos chegar na ponta, levar o BIM para todos os níveis, principalmente considerando o marco legal já estabelecido no país”, pontuou Leonardo. Em janeiro deste ano, aliado à aprovação da nova política industrial brasileira, o presidente Lula também assinou o decreto da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil.

Para propagar as vantagens da metodologia, a ABDI comanda o curso gratuito “Democratizando BIM”. Desde o lançamento em outubro de 2020, mais de 12 mil profissionais já foram capacitados. Em formato a distância, as aulas são hospedadas na Escola Virtual de Governo, da Escola Nacional de Administração Pública (EV.G/ENAP).

“O curso surgiu de uma discussão sobre a falta de capacitação como um dos gargalos para a implementação de BIM no país. Foi elaborado com foco em nivelar conhecimentos básicos. Precisamos explicar para as pessoas que BIM não é só software”, argumentou o analista. “Montamos um curso com dois módulos simples, mas robustos de conteúdo. Isso teve uma repercussão muito positiva”, contou Leonardo.

Segundo o analista, a capacitação também já foi utilizada por faculdades de arquitetura e engenharia. “Com essa repercussão, conseguimos fazer também módulos práticos, com professores atuando em temáticas bem específicas demandadas pelo público-alvo da ABDI que foca na construção civil”, explicou.

Plataforma

A ABDI também é responsável por administrar a Plataforma BIM BR, que hospeda a única biblioteca BIM desenvolvida integralmente com recursos públicos no Brasil. “A ideia é que seja um repositório de objetos BIM no país para reunir, num único espaço, objetos genéricos e proprietários, numa dinâmica de upload e download gratuitos”, detalhou Leonardo.

“Estamos com muita adesão do mercado, principalmente de empresas fabricantes de materiais, que entendem que isso melhora o seu negócio, aumenta a produtividade do setor como um todo. Você entrega projetos mais inteligentes, além de conseguir um potencial cliente se tem o seu catálogo ali”, afirmou.

A Plataforma BIMBR e a Biblioteca Nacional BIM estão em fase de atualização. “A segunda versão é mais leve, mais rápida, visual e moderna. Estão surgindo oportunidades de prestação de serviços para fabricantes de materiais, o que também é muito legal. Estamos pensando em desenvolver novos serviços voltados para agentes públicos. São várias novidades que queremos apresentar o mais rápido possível”, acrescentou Leonardo Santana.

Foto: Ruy Hizatugu/CBIC