Em palestra no palco principal da Gramado Summit, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira, reafirmou, no primeiro dia do evento (31/07), o compromisso da Agência com a digitalização da economia e o esforço em contribuir para um governo mais digital. Pela primeira vez, Ferreira falou sobre a e-ABDI, um policy paper para nortear as ações para a digitalização da economia brasileira.
“O Brasil está atrasado em relação a outros grandes players, como os Estados Unidos e Reino Unido. Neste documento, apresentamos como podemos acelerar e otimizar esse processo”, ressaltou. O e-ABDI adequa os projetos e ações da Agência à transformação digital, abraçando novas possibilidades do cenário atual, contribuindo para que o Brasil possa transcender suas restrições econômicas por meio da digitalização.
“Dado é o novo petróleo”
Diversos países já diagnosticaram a necessidade de incentivar a economia baseada em dados como um dos pilares da economia digital. Estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que empresas que se baseiam em data analytics ampliam a produtividade de seus negócios entre 5% e 10% em comparação àquelas que não o fazem.
Tais ganhos de produtividade dependem não apenas da utilização de dados e análises, mas também da presença de outros fatores, tais como habilidades relacionadas à análise e gestão de dados, processos inovadores e especificidades do setor em que a empresa opera.
De fato, com toda essa transformação, a economia será baseada em dados. E não se restringirá apenas no acúmulo de informações, mas sim na inteligência aplicada. “Big Data já é passado. As empresas precisam se adaptar ao Data Science. O gestor precisa ter dados para tomar uma decisão, integrar as áreas, cruzar as informações e ser mais assertivo”, enfatizou o presidente da ABDI.
Até 2020, estima-se que haverá mais de 16 zetabytes (16 trilhões de gigabytes) de dados úteis, um crescimento estimado de 236% por ano entre 2013 e 2020.
Startups, o novo negócio
Ainda em sua apresentação, Ferreira ressaltou os últimos números do Programa Startup Indústria, atualmente em seu segundo edital. Agora, em parceria com Portugal, o foco é em tecnologias de manufatura avançada, por isso foi intitulado como “Startup Indústria 4.0”. O parceiro português é o Centre of Engineering and Product Development – CEiiA, responsável mobilização das indústrias, startups e ecossistema de inovação em Portugal. Este edital prevê R$ 4,8 milhões em premiação para as startups que se conectarem às indústrias de ambos os países com soluções inovadoras e tecnologias 4.0.
No dia 17 de junho, a ABDI divulgou as 30 indústrias selecionadas. A expectativa é que, ao final, seja feito “match” de, pelo menos, 60 startups com as 30 indústrias. Foram quase 500 startups inscritas e a ABDI fará a divulgação da lista final das classificadas já neste mês de agosto.
No final da tarde de ontem, ainda no palco principal, o presidente da ABDI, Guto Ferreira, também participou do painel “Empreender no Brasil: como hackear empecilhos e crescer negócios”. Ele lembrou das dificuldades em que se deparou com a criação do Programa Startup Indústria. “Lá atrás, nos fizeram vários questionamentos sobre o porquê da criação do Programa. Mas eu, enquanto empreendedor e do ramo das startups, enfrentei, fomos em frente e, hoje, estamos colhemos bons resultados”.
Também frutos desse intenso trabalho, em um curto período de tempo, foi a sexta colocação da Agência no Ranking 100 Open Startups 2019, na categoria Ecosystem. A plataforma internacional tem grande impacto na conexão e na geração de negócios entre grandes empresas e startups. Além disso, três startups alavancadas pela Agência se destacaram: a Gofind, a xGB e a MondoDX. Aceleradas pelo ProVA – Laboratório de Inovação do Varejo -, elas deram visibilidade e reconhecimento à ABDI como importante ecossistema de inovação no País.
A ABDI está patrocinando o maior evento de brainstorming e inovação do Brasil, a Gramado Summit. Em sua terceira edição, o evento reúne empreendedores, startups e o ecossistema de inovação de todo o Brasil. São esperadas, por dia, mais de três mil pessoas no evento, que vai até o dia 02 de agosto, no Serra Park (Porto Alegre).