Desafio Saneamento do Futuro anuncia vencedores

Desafio Saneamento do Futuro anuncia vencedores

Segunda e última fase do concurso divulga melhores projetos nas categorias Social, Gestão Pública e Indústria

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) anunciou nesta quarta-feira, 21/05, o resultado oficial da segunda e última fase do concurso Desafio Saneamento do Futuro – Rios Sem Plásticos. A etapa final, que avaliou as melhores propostas entre as nove vencedoras da primeira fase do concurso, definiu as vencedoras das categorias social, gestão pública e indústria.      

Promovido em parceria da Agência com a ANA, o concurso selecionou os projetos de incentivo e aceleração de soluções inovadoras que melhor incorporam tecnologias digitais e contribuem para diminuir a quantidade de plástico nos lagos, rios e mares brasileiros. A iniciativa Laboratório de Educação e Design Circular – Cirandar foi a vencedora da Categoria I – Social. Na Categoria II – Gestão Pública, o projeto mais bem avaliado foi o Hrios – Ecobarreiras Inteligentes. A iniciativa Ladrilhos Paisagens do Sertão, por sua vez, sagrou-se vencedora da Categoria III – Indústria.          

A vitória na última fase do concurso concederá, a cada uma das três propostas, o prêmio de R$ 330 mil. O valor auxiliará as iniciativas a executarem seus planos de negócio e ganharem, assim, escala no mercado.

Laboratório de Educação e Design Circular | CIRANDAR          

Vencedora da categoria Social, o CIRANDAR é uma solução inovadora para a poluição plástica nos corpos hídricos do Recife. Com a colaboração de catadores, instituições e comunidades escolares, utiliza o design circular para transformar resíduos em móveis utilitários e pontos de coleta. O projeto realiza, ainda, a conscientização ambiental nas escolas.      

Baseado em três pilares e seguindo princípios dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), a ação vencedora promove a participação ativa da comunidade na prototipação dos artefatos; fomenta o Design Circular e a Cultura de Código Aberto e se integra à Rede Educacional na condição de ponto focal para a promoção da preservação ambiental e da saúde dos corpos hídricos da cidade. 

O cerne do Laboratório reside na criação de artefatos reciclados de código aberto (open source) e propõe confeccionar uma variedade de móveis duráveis e utilitários essenciais, como mesas, cadeiras, lixeiras e pontos de coleta seletiva. Os móveis e utilitários buscam incentivar o senso de pertencimento e uma abordagem mais responsável do meio ambiente, com a participação ativa da comunidade escolar e da população local na construção dos artefatos.

HRios – Ecobarreiras Inteligentes

O projeto HRios Ecobarreira Inteligente, primeiro lugar da Categoria Gestão Pública, é uma estação ambiental para coleta de resíduos sólidos e microplásticos em cursos hídricos. Trata-se de uma evolução tecnológica para o auxílio na luta contra a redução de escape de resíduos plásticos nos oceanos por meio de tecnologias IOT (Internet das Coisas) para viabilizar ações inteligentes, monitoramento, georreferenciamento, controle, armazenamento e destinação de resíduos sólidos coletados em cursos hídricos.

Seu design inteligente garante o aproveitamento de fontes energéticas sustentáveis a partir de painéis fotovoltaicos e das correntes dos rios, o que permite o sensoriamento remoto e o funcionamento autônomo livre de impactos ambientais. 

A HRios é uma tecnologia 100% nacional, com patente depositada no INPI, e signatária do Pacto Global da ONU. Por meio de uma cooperação tecnológica entre empresas privadas e institutos de centro tecnológicos, é desenvolvida por um grupo técnico multidisciplinar com o desafio de atender as particularidades de diferentes cursos d’água e logística para áreas remotas. Tem, igualmente, os desafios técnicos e financeiros da realidade dos munícipios brasileiros, o que viabiliza a operação em regiões economicamente desfavorecidas e com deficiências na destinação de resíduos e na infraestrutura sanitária.

Ladrilhos Paisagem do Sertão

A solução vencedora da Categoria Indústria, por sua vez, oferece o desenvolvimento de revestimentos em parceria com cooperativas e indústrias, em busca de um material que ainda não possui uma cadeia de revalorização no Brasil: os botões feitos de resina de poliéster e embalagens diversas. Estes botões são recuperados da produção pós-indústria e misturados com plásticos descartados do resíduo sólido urbano para formar, então, um material resistente.

É possível, assim, obter um material viável economicamente e com impacto positivo. O produto, que pode ser aplicado em projetos de arquitetura corporativa, visual merchandising ou espaços públicos, é 100% reciclado e reciclável.

A ideia é estimular o engajamento e o reconhecimento da prática de upcycling do resíduo plástico como uma matéria-prima valiosa, dentro de uma economia circular, criando uma cadeia produtiva inclusiva, responsável e lucrativa. O desenvolvimento da linha de produtos “Ladrilho Sertão” é uma solução inovadora, capaz de diminuir a poluição por resíduos plásticos nos corpos hídricos e alinhada com as recomendações da OCDE.

Estágio de protótipo

Lançada em 2023, a primeira etapa do concurso (Etapa ANA) destinou-se a soluções inovadoras no estágio de protótipo. Nela, foram avaliadas as propostas de 40 empresas inscritas – 26 na categoria social, dez em gestão pública e quatro na categoria de indústria. As nove iniciativas vencedoras – três, em cada categoria – foram premiadas com R$ 110 mil, cada uma.   

Ao todo, o concurso concede R$ 1,98 milhão para as melhores soluções. Considerando a participação nos dois editais, as três melhores ideias para reduzir o plástico nas águas brasileiras anunciadas nesta quarta-feira alcançaram um prêmio total de R$ 440 mil, cada uma.

Desafio

Além de selecionar projetos voltados ao descarte inteligente de plásticos, o concurso Desafio Saneamento do Futuro – Rios Sem Plásticos teve por objetivo divulgar uma emergência enfrentada pelo meio ambiente: segundo o estudo Plastic pollution: Pathways to net zero, do banco Credit Suisse, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano no mundo, sendo que apenas 14% delas são recicladas e 40% são jogadas em rios e mares.

A pesquisa encomendada pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, por sua vez, estima que 3,4 milhões de toneladas de plástico ao ano podem ir parar nos rios e mares brasileiros. Isso equivale a 33% de todo o plástico que entra no mercado brasileiro.     

Atenta à sustentabilidade, a ABDI acredita que, por meio da tecnologia e da inovação, é possível diminuir o problema do descarte de resíduos nas águas brasileiras. “O lixo plástico é um problema global e urgente. A união da ABDI com a ANA demonstra a importância e a urgência dessa pauta para o país”, alerta a gerente de Transformação Digital, Adryelle Pedrosa.          

A analista de produtividade e Inovação da ABDI, Bruna de Castro, também destaca o valor das novas tecnologias. “O Desafio Saneamento do Futuro é uma iniciativa oportuna de unir soluções inovadoras e de transformação digital com o envolvimento e o comprometimento direto da indústria, da gestão pública e do próprio cidadão. É a tecnologia e a inovação em favor da preservação da vida”, completa.