A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Perpétua Almeida, e a líder do projeto ABDI na COP, Neide Freitas, representaram a Agência no evento “Pré-COP29: o papel da indústria na agenda clima”. O encontro, realizado na capital paulista pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com apoio da ABDI, aconteceu nesta quinta-feira, 3/10, no Renaissance São Paulo Hotel.
O objetivo do evento foi promover um diálogo entre os setores público e privado sobre o papel da indústria para o desenvolvimento sustentável e adiantar as discussões e propostas que serão levadas pelo Brasil a Baku, no Azerbaijão, onde será realizada a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29).
A diretora da Agência participou do painel “Economia Circular: um caminho para descarbonização das indústrias. Também participaram da apresentação o diretor titular adjunto do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Kalil Cury, o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto, e a diretora de Sustentabilidade BR&SC da Terra Pak, Valéria Michael. O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, foi o mediador do painel.
O debate demonstrou como empresas de diferentes setores estão implementando práticas de economia circular, apresentando suas estratégias e ferramentas, e como isso pode acelerar a redução dos gases de efeito estufa nas organizações.
Em sua fala, Perpétua destacou projetos desenvolvidos pela ABDI como o Recircula Brasil, o programa Mover, desenvolvido em parceria com o MDIC, e o programa Renovar, também realizado em parceria com o Governo Federal.
“A reciclagem é uma nova indústria que está nascendo. São novas tecnologias, novas oportunidades para emprego e renda no Brasil”, disse.
Perpétua falou ainda sobre a importância da indústria na agenda do clima. “Não existe cumprimento de metas na agenda pelo clima se não passar pela indústria. O SAF [Combustível Sustentável de Aviação, do inglês Sustainable Aviation Fuel], por exemplo, acontece na indústria e para a indústria. A economia circular acontece na indústria e a nova matéria prima vai principalmente para a indústria e, claro, precisamos desenvolver a cultura da reciclagem na sociedade. O Brasil e os outros países não vão cumprir seus acordos internacionais de redução das emissões sem a participação da indústria”.
O diretor da Braskem ressaltou práticas de sustentabilidade da empresa como um diferencial de competitividade. Ele também falou das dificuldades de implementar o processo de circularidade dentro da cadeia de produção.
“Nós criamos negócios de economia circular para que o ciclo possa ser fechado, já que somos uma empresa que está no início da cadeia produtiva. Definimos metas de longo prazo no tema. Nos renováveis, almejamos chegar à capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de produtos com conteúdo reciclados até 2030”.
Kalil Cury enfatizou o trabalho que a FIESP tem feito, sobretudo com as pequenas e médias empresas em questões de práticas sustentáveis e de circularidade.
“A chave para fechar esse círculo passa por políticas públicas que ajudem o processo econômico, mas também que deem publicidade e mobilizem o consumidor, que sem ele essa cadeia não fecha”, acrescentou.
Sustentabilidade é estratégia
A diretora de Sustentabilidade BR&SC da Terra Pak afirmou que a sustentabilidade é uma das principais estratégias da empresa que fabrica embalagem para alimentos.
“A sustentabilidade não é parte da estratégia, é a estratégia que permeia nossos negócios e toda nossa cadeia de valor. Quando a gente pensa num produto, ele tem que pensar no meio ambiente e o impacto que vai trazer. Nossa estratégia olha para a descarbonização de toda a cadeia, trabalhando com clientes e fornecedores, com metas e compromissos”.
A cerimônia de abertura do evento contou com a participação do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban; do secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg; do embaixador do Brasil no Azerbaijão, Manuel Montenegro; do chefe interino do escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Alfredo José Cavalcanti Jordão de Camargo; da gerente-adjunta da Unidade de Inovação do Sebrae, Anny Tonet; do presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Duomo Oliveira; e do presidente da Frente Parlamentar do Brasil Competitivo e Relator do Projeto do Combustível do Futuro (PL 528/2020), Deputado Arnaldo Jardim.
Ao longo do dia foram debatidos temas como transição energética, financiamento sustentável e estratégias empresariais voltadas à descarbonização.
ABDI na COP
O projeto ABDI na COP é uma iniciativa para consolidar a Agência como referência na promoção de soluções tecnológicas sustentáveis, inovadoras e inclusivas no setor produtivo e como agente ativo na promoção da ecoinovação durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP).
O Brasil, como um país de dimensões continentais e uma biodiversidade rica, desempenha um papel fundamental no enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas e na promoção do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a participação da ABDI na COP 29 e, principalmente na COP30, que terá como país sede (Belém-PA), são oportunidades estratégicas para apresentar o portfólio de projetos da Agência que contribuem com esse propósito.
“Nós da ABDI estamos alinhados a NIB e ao Plano de Transformação Ecológica, e acreditamos que o futuro sustentável passa pela transformação das nossas indústrias. A COP30 será um marco fundamental para que essa transição ganhe força, e discussões como essa reforçaram o compromisso do Brasil com a descarbonização e com a adoção de novos modelos de negócio baseados em bioeconomia e economia circular”, disse a líder do projeto ABDI na COP, Neide Freitas.