A ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) busca promover a integração entre inovação, indústria e sustentabilidade no setor produtivo brasileiro. A Agência visa demonstrar como o setor produtivo brasileiro pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono, apoiando a adoção de novas tecnologias e bioinsumos. Para a ABDI, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) representa uma oportunidade valiosa para intensificar o diálogo entre os setores público, privado e a sociedade civil, facilitando parcerias que promovam uma industrialização sustentável focada na bioeconomia e na redução de emissões.
Neide Freitas, assessora especial da Agência, destacou a importância da COP em entrevista para o “Explica aí, ABDI”. Segundo ela, a conferência é uma grande oportunidade para discutir pautas relevantes para a sociedade. Durante a COP 29, a ABDI vai participar de painéis que abordam a economia circular e a bioeconomia, sendo uma oportunidade para apresentar iniciativas da Agência, como a Plataforma Recircula Brasil e o Programa RENOVAR. “Nossa intenção é incentivar a colaboração entre empresas, academia e governos, criando espaços de diálogo para compartilhar experiências e inspirar práticas sustentáveis”, afirmou Freitas. A expectativa é que a conferência fortaleça parcerias que ajudem as empresas brasileiras a se adaptarem às metas de redução de emissões, promovendo um modelo de produção mais sustentável.
Qual é o papel da ABDI na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) e como a Agência pretende utilizar a COP para fomentar a colaboração entre setores?
Neide Freitas: A ABDI tem um papel fundamental na promoção da integração entre inovação, indústria e sustentabilidade. Na Conferência, nosso objetivo é demonstrar como o setor produtivo brasileiro pode se posicionar como líder na transição para uma economia de baixo carbono. Focamos em apoiar e incentivar a adoção de novas tecnologias, bioinsumos [substâncias de origem biológica que promovem o crescimento saudável das plantas e a sustentabilidade agrícola], além de processos que assegurem a competitividade da indústria nacional.
A COP oferece uma oportunidade singular para intensificar o diálogo entre os setores público, privado e a sociedade civil. A ABDI trabalha para facilitar essa interação e desenvolver parcerias que promovam uma industrialização sustentável, focada no aproveitamento do potencial da bioeconomia, na redução de emissões e no reaproveitamento de recursos.
Como será a participação da ABDI na COP29?
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) terá um papel de destaque na COP29, onde apresentará o painel “Acelerando a Economia Circular e a Descarbonização da Indústria no Brasil”, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O evento faz parte da programação oficial do Pavilhão do Brasil e discutirá como a Nova Indústria Brasileira (NIB) e o Plano de Transformação Ecológica podem ser integrados para promover uma economia mais sustentável e eficiente no uso de recursos.
O foco será a redução de resíduos, a reutilização de materiais, a inovação tecnológica e a descarbonização da indústria. Além disso, o painel apresentará exemplos de iniciativas brasileiras de sucesso, como a Plataforma Recircula Brasil, que rastreia o plástico, a Estratégia Nacional de Economia Circular, que estabelece diretrizes para a circularidade em diversos setores, o Programa Selo Verde, que incentiva a certificação ambiental de produtos e empresas, e o Programa RENOVAR, voltado para a renovação da frota e reciclagem veicular.
O painel contará com a presença de representantes do MDIC, do Ministério da Fazenda, do Ministério do Meio Ambiente, da Federação da Indústria do Pará e da Fundação Ellen MacArthur. Outro destaque da participação da ABDI na COP 29 será o painel “Bioeconomia e Desenvolvimento na Amazônia: Um Caminho para Preservação e Industrialização Sustentável”, fruto da parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O debate, que contará com representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Amazônia (MCTI), do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), da SUFRAMA e do Instituto Amazônia+21, abordará como a bioeconomia pode impulsionar a industrialização sustentável na região amazônica, conciliando a preservação da biodiversidade com o desenvolvimento econômico.
O painel focará nas cadeias produtivas locais e discutirá como a inovação tecnológica, o uso sustentável dos recursos naturais e o conhecimento tradicional podem promover uma industrialização inclusiva e com baixa emissão de carbono. Um dos principais objetivos será discutir a integração do Polo Industrial de Manaus ao potencial bioeconômico da Amazônia.
Durante a COP 29, a ABDI também lançará novas fases da Plataforma Recircula Brasil, expandindo o programa para incluir outros segmentos, como vidro, alumínio e produtos químicos.
A agência está, ainda, articulando parcerias estratégicas com empresas e setores que compartilham interesse em soluções voltadas para a transição energética e a economia circular. Com essas ações, a ABDI espera que a COP 29 seja uma plataforma crucial para a mobilização de parcerias e para o fortalecimento da industrialização sustentável no Brasil.

Quais ações a ABDI realizará na conferência para mobilizar empresas brasileiras e estimular parcerias que contribuam para uma agenda de sustentabilidade?
A ABDI adotou uma estratégia dupla para sua participação na COP 29, com o objetivo de incentivar a transição para soluções sustentáveis na indústria brasileira. O primeiro passo é criar espaços de diálogo para que empresas nacionais possam compartilhar suas experiências e, assim, inspirar outras a adotarem práticas mais sustentáveis. A Agência também está destacando exemplos de sucesso, como a Plataforma Recircula Brasil e o Projeto RENOVAR, que são referências concretas de economia circular no país.
Além de promover o intercâmbio de ideias, a ABDI está incentivando parcerias entre empresas, academia e governos. A intenção é fomentar inovações que beneficiem tanto o meio ambiente quanto a economia, promovendo um modelo de produção mais sustentável. A expectativa é que a COP 29 sirva como um catalisador para que essas parcerias se fortaleçam e se tornem duradouras, apoiando as empresas brasileiras a competir em um ambiente de metas de redução de emissões de carbono.
Com essa abordagem, a ABDI busca criar um ambiente de colaboração que impulsione a inovação e a competitividade da indústria, ao mesmo tempo em que contribui para a agenda global de sustentabilidade.
Que estratégias e iniciativas a ABDI está desenvolvendo para garantir uma participação efetiva na COP30 – que será realizada em Belém – considerando os desafios e oportunidades específicas da Amazônia, e como isso pode beneficiar o setor produtivo brasileiro?
A COP 30, que será realizada em Belém, representa uma oportunidade única para o Brasil assumir a liderança na agenda climática global. A ABDI está comprometida em contribuir para que o setor produtivo brasileiro seja protagonista nesse debate. A ABDI está desenvolvendo estratégias com foco na bioeconomia, como o projeto de mapeamento da bioeconomia na Amazônia e o apoio à implementação do Hub de Bionegócios e Inovação do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA). O objetivo é aproveitar o enorme potencial da região para criar cadeias de valor baseadas em recursos naturais renováveis.
A Agência também está implementando diversas iniciativas alinhadas à transição para uma economia de baixo carbono, como os projetos Renovar, Recircula Brasil, BIM e Agro 4.0, todos focados na inovação tecnológica e na sustentabilidade. Esses projetos serão apresentados na COP 30, onde a ABDI planeja lançar a Casa ABDI, um espaço dedicado para demonstrar as contribuições da Agência ao setor produtivo brasileiro. O propósito é mostrar que o desenvolvimento industrial sustentável não apenas protege o meio ambiente e a biodiversidade brasileira, mas também gera benefícios econômicos significativos, como a criação de empregos e novas oportunidades de negócios.
A COP 30 será uma vitrine para o Brasil mostrar ao mundo que é possível desenvolver um modelo de crescimento sustentável, industrializado e inclusivo, com a Amazônia como protagonista. A ABDI está comprometida em demonstrar que o setor produtivo brasileiro pode ser um exemplo global, conciliando preservação ambiental com prosperidade econômica, especialmente nas regiões que mais precisam desse impulso.