A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) aportou R$ 2 milhões na Facility de Investimentos Sustentáveis, plataforma de financiamento de negócios sustentáveis na Amazônia. A informação foi divulgada pelo Instituto Amazônia+21 e pela ABDI nesta sexta-feira, 15/11, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, Azerbaijão.
A organização é uma iniciativa de empresários da região e conta com o suporte da Confederação Nacional da Industria (CNI) e das nove federações das indústrias dos estados da Amazônia Legal – Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.
A ferramenta Facility de Investimentos Sustentáveis funciona por meio de um blended finance. A intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. Ao longo de 10 anos, a meta é chegar a R$ 4 bilhões. A CNI foi a primeira instituição a investir no fundo, ao comprar uma das dez cotas pioneiras no valor de R$ 2 milhões.
“Sou amazônica. Só fui conhecer comodidades urbanas, como chuveiro, energia elétrica, aos 14 anos. Então, eu sei que não é romântico viver na maior floresta, com as maiores riquezas do planeta e passar fome. Queremos atrair tantos outros para que possam financiar projetos para que os amazônidas continuem olhando para a floresta em pé, tenham compreensão que é importante ela ficar de pé, mas que eles tenham recursos para desenvolver seus projetos”, afirmou Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI (foto).
Como funciona o financiamento misto
O blended finance é uma forma de financiamento misto, unindo recursos que podem ser comerciais, públicos, de fomento e filantrópicos, para viabilizar projetos de impactos positivos sociais e ambientais.
Com esse valor, o Instituto Amazônia+21 espera os seguintes impactos:
- Desenvolvimento de uma economia de alto valor agregado, justa e inclusiva no bioma;
- Redução do desmatamento, das emissões, da poluição e aumento da conservação da biodiversidade;
- Desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida das populações locais;
- Ampliação e diversificação da oferta de bens e serviços no território.
A Facility de Investimentos trabalhará simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável. São elas:
- Plataforma de investimentos que destinará capital para empresas, projetos e iniciativas em setores estratégicos da economia verde;
- De assistência técnica para estruturação de projetos financiáveis e de impactos positivos sociais e ambientais;
- De engajamento multistakeholder para promover a cooperação entre todos os atores;
- De conhecimento para criação de dados e de informações quantitativas e qualitativas sobre a Amazônia.
Investimento alavanca capital
Entre os benefícios para os doadores, estão a alavancagem de capital em até sete vezes e a participação na governança da ferramenta. Já para os investidores comerciais, estão previstos retornos financeiros semelhantes às taxas e ao prazo do mercado tradicional.
Além disso, doadores e investidores estarão contribuindo no combate à mudança climática e na conservação do meio ambiente e da biodiversidade.
Atualmente, o portfólio da Facility de Investimentos Sustentáveis já conta com as seguintes iniciativas:
- Projetos de 96 startups voltados para o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia. As iniciativas, selecionadas pelo programa Inova Amazônia, do Sebrae, receberão assistência técnica e financeira.
- O Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia, em Porto Velho (RO). Com uma área de cerca de mil hectares, o local receberá o plantio de pelo menos 100 espécies de plantas amazônicas que devem ser estudadas. Além do plantio, o centro deve reunir vitrines tecnológicas, áreas de restauração da Floresta Amazônica, laboratórios e escritórios: tudo voltado para pesquisa e produção de mudas e sementes da Amazônia.
- O Projeto de Habitação Social, em parceria com a Caixa Econômica Federal, que prevê a construção, em prova de conceito, de oito unidades habitacionais sustentáveis em palafitas e uma estrutura social de 300m² com o uso de madeira engenheirada (processada industrialmente para otimizar o seu desempenho para uso na Construção Civil). O potencial de médio e longo prazo inclui um plano de desenvolvimento urbano sustentável do bairro, com arquitetura financeira híbrida para viabilizar sua implementação e escala de produção de moradias sustentáveis.
- Estudo para a conversão de lixões em aterros sanitários na região da Amazônia Legal.
Saiba mais sobre o Instituto Amazônia+21
Criado em 2021, o Instituto Amazônia+21 tem o objetivo fomentar negócios sustentáveis e de apoiar empresas e novos empreendimentos na região amazônica, e busca conectar oportunidades locais com fundos de investimentos e organizações interessadas em financiar ou participar das iniciativas.
O portfólio de serviços do instituto contempla difusão de práticas ESG, mensuração de resultados e impactos de projetos, consultoria técnica, assessoria para captação e aplicação de investimentos, articulação de parcerias voltadas à incorporação de tecnologias e à inovação.
Fonte: Agência de Notícias da Indústria / Foto: cniweb