Canos, portas e esquadrias podem apresentar diversas especificações. O BIM leva em conta isto. Então, quando o projetista coloca um cano no projeto, ele já pode escolher o tipo de material da peça, o preço e mesmo a durabilidade. Para alcançar este nível de especificidade, é preciso que uma biblioteca com esta gama de informações realmente exista. O que no Brasil ainda está começando a ser estruturado. Alguns fabricantes, como a Tigre, já disponibilizaram essas informações.
Para incentivar a elaboração da biblioteca, um grupo de trabalho do governo federal, integrado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vai lançar a plataforma BIM. Por meio dela, será possível acessar todas as informações para este tipo de construção. Além de normas técnicas, um banco de dados estará disponível. “É preciso criar uma biblioteca mais centralizada e consistente, onde o projetista tenha a facilidade de acessar o objeto que ele precisa”, defende o Coordenador de Difusão Tecnológica da ABDI Claudionel Leite. São poucos objetos digitalizados, uma avaliação da ABDI junto aos fabricantes apontou um número inferior a 10 mil peças. “Só a plataforma não adianta, precisamos estimular os fabricantes. Nós formalizamos um acordo com a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) para fortalecer este discurso”, aponta Leite.
O planejamento inicial prevê a disponibilização de objetos genéricos. Os projetistas poderão fazer o download desta peça e moldar com os parâmetros específicos. Para a diretora Técnica da Abramat, Laura Marcellini, o gerenciamento feito pelo governo vai demonstrar quais as demandas em BIM. “Se deixarmos por conta de mercado, o processo será mais lento. Dependerá de ações entre empresas, construtoras e projetistas com fornecedores de materiais, correndo o risco de não desenvolver um padrão que possa ser utilizada por todo ramo da construção. A cadeia produtiva da construção civil, incluindo a indústria de materiais, sabe que tem que se adaptar, porque o BIM é um caminho sem volta”, afirma.
O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, Paulo Sanchez, corrobora. “A biblioteca é muito importante. Ela faz parte de todo um processo. Neste momento, cada um está montando sua biblioteca, o ideal é que exista uma única”. Sanchez ainda aponta que o governo tem um papel importante neste trabalho. “No Reino Unido, onde a técnica é avançada, as empresas começaram e o poder público entrou para organizar”.
A ABDI deve ser lançada no início de 2018 a plataforma BIM, onde será possível acessar a biblioteca e ajudar na concepção.