O Instituto Amazônia+21, organização à qual a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) é associada, lançou nesta sexta-feira, 17, uma plataforma para atrair investimentos que financiarão negócios sustentáveis na Amazônia. A diretora de Economia Sustentável e Industrialização, Perpétua Almeida, representou a Agência no evento, realizado em São Paulo.
A plataforma “Facility de Investimentos Sustentáveis” funciona pelo modelo blended finance, que mistura fontes de recursos públicos, comerciais, de fomento e filantrópicos.
A intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. E chegar ao valor de R$ 4 bilhões ao longo de 10 anos. A gestão do fundo será feita pelo Instituto Amazônia+21, que destinará recursos para projetos de bioeconomia, conservação florestal, redução do desmatamento, emissão de gases estufa, dentre outros.
Uma das idealizadoras do Instituto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a primeira entidade a investir no fundo e comprar uma das dez cotas iniciais, no valor de R$ 2 milhões.
“Não tenho dúvidas de que com o Facility e o Fundo Catalítico, o Instituto vai agregar um valor enorme em termos objetivos e pragmáticos a essa marca que é a Amazônia. Nós temos algo que o mundo todo precisa, mas ainda não pagam por ele”, disse o presidente do CNI, Ricardo Alban.
O presidente do Instituto Amazônia+21 e da Federações das Indústrias de Rondônia, Marcelo Thomé, falou da importância e do desafio de impulsionar negócios sustentáveis na Amazônia, contribuindo para gerar emprego e renda e melhorar a vida de 30 milhões de pessoas que vivem na região.
“Para falarmos de conservação da floresta Amazônica precisamos falar da infraestrutura que essas pessoas vivem nessa região, isso é conservação, dignidade, oportunidade. Essa é agenda de conservação que a gente defende: promover inclusão socioeconômica para esses 30 milhões de brasileiros que estão na região, precisando de oportunidades sustentáveis”.
Thomé destacou o impacto das mudanças climáticas na vida da população e citou exemplos como a cheia dos rios no Rio Grande do Sul, este ano, e a seca histórica em Rondônia, registrada em 2023. Ele reforçou o compromisso da indústria brasileira com a sustentabilidade. “Os eventos climáticos, cada vez mais extremos, exigem ações imediatas. E é isso que estamos propondo”.
Em sua fala, Perpétua Almeida falou do simbolismo de lançar o fundo de investimento na sede da CNI, em São Paulo, estado que concentra o maior PIB do Brasil, segundo dados do Portal da Indústria.
“Marcelo [presidente do Instituto] conseguiu um grande feito, que foi construir um grande movimento para pensar Amazônia. É muito animador ver esse adjunto de gente que pode financiar o desenvolvimento de negócios na Amazônia reunidas aqui. Fico muito feliz de imaginar que esses recursos vão garantir e botar de pé pequenos negócios na Amazônia, ou grandes negócios, porque a gente quer que os pequenos cresçam e sejam grandes também. Isso tudo mantendo nossa floresta em pé”.
Participaram do evento mais de 140 empresários, entre eles, executivos da Latam, Natura, JBS, Grupo Ultra, Suzano, Cosan, Itaú, Bradesco, BTG Pactual e Volkswagen Financial Services. Além das empresas, também estiveram presentes representantes de organizações internacionais, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a ONU-Habitat e o Fonplata.
Sobre a plataforma
A Facility de Investimentos trabalhará simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável. São elas:
- Plataforma de investimentos que destinará capital para empresas, projetos e iniciativas em setores estratégicos da economia verde;
- De assistência técnica para estruturação de projetos financiáveis e de impactos positivos sociais e ambientais;
- De engajamento multistakeholder para promover a cooperação entre todos os atores;
- De conhecimento para criação de dados e de informações quantitativas e qualitativas sobre a Amazônia.
Foto: Elias Gomes