O gasto com inovação no país cresceu no 2º trimestre de 2018 em relação aos três meses anteriores, conforme aponta estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A Sondagem de Inovação, divulgada nesta sexta-feira (19/10), mostra que o indicador subiu de 96,6 pontos para 106,7 pontos de um período para outro.
O dado é obtido pela diferença entre a proporção de empresas que afirmaram ter aumentado os gastos em inovação e aquelas que mantiveram ou diminuíram, acrescido de 100. Quando o indicador, que varia em uma escala de 0 a 200, se mantém abaixo dos 100 pontos, significa que um maior número de empresas diminuiu ou não realizou investimentos em inovação no período pesquisado.
» Sondagem de Inovação – 2º trimestre de 2018
A parcela de empresas pesquisadas que aumentaram os gastos com inovação teve uma queda, que foi de 21,6% para 20% no 2º trimestre. “O índice se manteve acima da média histórica, mesmo com a diminuição. No entanto, o que fez a diferença para o crescimento dos gastos está nas indústrias que mantiveram os investimentos em inovação, que passou de 53,4% para 66,7%”, explica Rogério Araújo, coordenador de Planejamento e Inteligência da ABDI.
As empresas que diminuíram os recursos em inovação passaram de 11,3% para 7,3%. O percentual das que não fizeram gastos também diminuiu, indo de 13,7% para 6% de um trimestre para outro.
Menos empresas inovaram
Impactadas pela greve de caminhoneiros, ocorrida em maio deste ano, a pesquisa revela que foi de 42,2% a proporção de indústrias brasileiras que realizaram algum tipo de inovação em processos e produtos. O resultado interrompeu a tendência de recuperação dos nove meses anteriores.
“A economia fechou o 2º trimestre com desaceleração da taxa interanual do PIB, confirmando que a recuperação econômica continua ocorrendo de maneira lenta e gradual. A greve afetou a distribuição de mercadorias e insumos no final de maio, gerando reflexos, também, em junho”, disse Rogério Araújo.
A produção da Indústria, segundo dados da PIM-PF (IBGE), caiu 2,6% no 2º trimestre de 2018, em relação ao trimestre anterior, registrando a primeira taxa negativa depois de cinco trimestres. “Uma recuperação da situação dos negócios das indústrias é fator preponderante para um aumento nos gastos com inovação”, complementa Araújo.
A perspectiva de investimento para inovar no 3º trimestre teve uma queda de 5,7 pontos percentuais em relação ao período anterior. Dentre as empresas pesquisadas, 48,4% pretendiam inovar no trimestre seguinte. O índice anterior foi de 54,1%. O resultado ainda é melhor que o apresentado no 2º trimestre de 2017, que teve perspectiva de inovação de 47,3% das indústrias.
Propriedade Intelectual
A novidade da Sondagem do 2º Trimestre ficou por conta da inclusão de questões relativas à Propriedade Intelectual (PI). Do total de 351 empresas pesquisadas, 337 responderam sobre o tema. Foram 146 indústrias que afirmaram ter depositado algum pedido de PI.
Das 337 empresas que formam o universo da pesquisa de PI, apenas 161 (47,8%) fazem uso do sistema de Propriedade Intelectual. As principais modalidades utilizadas por elas foram: patente (32,9%); marca (32,4%); desenho industrial (9,2%); desenho autoral (0,3%) e; outro (1,8%). Vale ressaltar que as empresas podiam marcar mais de uma opção como modalidade de propriedade intelectual.
Desta forma, 64 empresas assinalaram conjuntamente patente e marca, 24 empresas apontaram marca e desenho industrial, apenas 1 empresa utiliza desenho autoral e 6 empresas outro tipo de modalidade.
Produtos novos
Os resultados da Sondagem apontam um aumento de 1,7 ponto percentual na proporção de empresas que inovaram com “produtos novos, mas já existentes no mercado nacional”, atingindo 35% do total dos respondentes. Destas empresas, 23,7% inovaram em até três produtos e 11,3% investiram em quatro ou mais produtos, melhorando o índice anterior que foi de 21,7% e 11,6%, respectivamente.
Com relação a inovação de “produtos novos, mas ainda não existentes no mercado”, a parcela de empresas subiu de 14% para 16,5% entre o 1º e 2º trimestres de 2018, o maior nível desde o 4º trimestre de 2011 (18,4%). O resultado favorável foi mais influenciado pelas empresas que investiram em quatro ou mais produtos no 2º trimestre de 2018, com uma alta de 2,1 pontos percentuais em relação ao 1º trimestre, enquanto a proporção de empresas que investiram em até três produtos, também subiu de 11,3% para 11,7% na mesma base de comparação.
P&D
Dentre as empresas pesquisadas, 61% possuem departamento de P&D, com índices maiores nas regiões Sul (66,7%) e Sudeste (65,7%). No Centro-Oeste/Norte e Nordeste esses percentuais são de 37% e de 39,5%, respectivamente.
São 55,1% das empresas que possuem P&D e que inovaram em processos ou produtos, enquanto que entre as demais, apenas 21,9% inovaram. “Um exercício econométrico que podemos fazer utilizando os dados micro da pesquisa dos dois trimestres deste ano mostra que as empresas que possuem departamento dedicado à pesquisa e desenvolvimento têm probabilidade 32,8% maior em inovar do que as empresas que não possuem”, analisa Araújo.
O período de coleta da Sondagem de Inovação é trimestral e ocorre nos dois primeiros meses subsequentes ao trimestre de referência da pesquisa. Para a edição do 2º trimestre de 2018, foram aplicados 351 questionários entre 09 de julho e 10 de setembro, em empresas industriais com 250 ou mais funcionários.