Na manhã desta quarta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, na presença de alguns dos ministros de Estado, de representantes de organizações de classe e do setor privado, anunciaram o lançamento da “Missão 3: Infraestrutura” da Nova Indústria Brasil (NIB). Com o foco de promover o desenvolvimento de uma infraestrutura nacional baseada em cidades sustentáveis e mobilidade verde, a missão mobilizará R$ 1,6 tri em investimentos até 2033. Desse total, 75% serão provenientes da iniciativa privada.
Lançada em janeiro deste ano, a NIB, política de neoindustrialização criada sobre os pilares da inovação e sustentabilidade, visa elevar o crescimento industrial, gerar mais emprego e impulsionar a competitividade brasileira no mercado externo. A Missão 3 pretende melhorar a qualidade de vida nas cidades, integrando mobilidade sustentável, moradia, infraestrutura e saneamento básico.
“A meta para 2026 são 2 milhões de moradias contratadas pelo “Minha Casa, Minha Vida” e 500 mil com painel fotovoltaico, um grande avanço na indústria da construção”, destacou Geraldo Alckmin durante a apresentação. Segundo Alckmin, as cadeias produtivas já mapeadas são: sistemas de propulsão, baterias elétricas, metroferroviário.
Sobre os aportes de investimentos, Alckmin disse que o “Plano Mais Produção” vai disponibilizar até o momento R$ 405,71 bilhões de crédito para a indústria. Em seguida, o vice-presidente detalhou sobre os investimentos do setor privado de 2025 a 2029 para a Missão 3. “Teremos investimento recorde de R$ 1,06 tri, com avanço na inovação. A Weg: 1,8 bi; CBIC R$ 222,5 bi; ABRAMAT: R$ 1,6 bi; ABDIB: R$ 833 bi; BIM Fórum Brasil: R$ 12 mi. No balanço geral, no setor privado e público serão R$ 1,694,7 tri: Setor da Construção – R$ 1,06 tri; Setor da TICs – R$100,7 bi; Setor Automotivo – R$ 130 bi; Setor de Alimentos – R$ 120 bi; Setor de Papel e Celulose – R$ 105 bi; Setor de Saúde – R$ 39,5 bi. Alckmin destaca que essas são boas notícias “porque melhora a vida das pessoas, reduz custo, impulsiona a economia e a geração de emprego.”
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, esteve presente na cerimônia realizada no Salão Oeste do Palácio do Planalto. Sobre as medidas anunciadas, destacou: “são diversos investimentos para ajudar o país a se desenvolver com economia sustentável, mobilidade limpa e cidades mais resilientes, com saneamento adequado, moradias e infraestrutura urbana de qualidade. Isso tudo movimenta nossa economia e permite mais oportunidades de emprego e renda a toda população”.
Linhas de Crédito
Dos recursos públicos para a Missão 3, R$ 113,7 bilhões vêm das linhas de crédito e subvenções do Plano Mais Produção (P+P), sendo R$ 48,6 bi já destinados a projetos afins (desde 2023) e outros R$ 65,1 bi disponíveis até 2026. Criado para servir como ferramenta perene de financiamento à NIB, o Plano Mais Produção conta agora com o reforço da Caixa Econômica Federal, que aportou R$ 63 bilhões. Com isso, subiu para R$ 405,7 bi o total de recursos em projetos que se relacionem às seis missões da NIB.
As demais instituições do Plano Mais Produção são BNDES, Finep, Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (Basa) e Embrapii. Também entram na conta dos recursos públicos para a Missão 3 outros R$ 492,4 bilhões da Caixa, do BNB e do BNDES destinados a obras do PAC e do programa Minha Casa Minha Vida, cujos investimentos alavancam as atividades industriais ligadas a esta missão.
Investimentos privados
Durante a cerimônia desta quarta-feira, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) anunciaram novos investimentos de R$ 1,05 trilhão nas áreas de moradia, infraestrutura e saneamento até 2029. A maior parte dos recursos será destinada a obras de mobilidade urbana, saneamento, aeroportos, ferrovias, rodovias e portos, entre outros, no valor de R$ 833 bilhões, além de R$ 222,5 bilhões para habitação e R$ 1,6 bilhão na produção de insumos.
Baterias elétricas
Também entre os anúncios da iniciativa privada, a WEG, empresa brasileira de alta tecnologia, já anunciou investimentos para produzir packs de baterias elétricas no Brasil, com aporte inicial de R$ 100 milhões. Nos últimos 2 anos, a empresa já anunciou um total de R$ 1,8 bilhão de investimentos no Brasil que possuem relação com a Missão 3. Assim, a WEG soma-se a outras empresas que já operam no país com essa perspectiva, como a BorgWarner, que desenvolve baterias para ônibus elétricos em sua unidade de Piracicaba (SP).
O desenvolvimento da cadeia produtiva de baterias está entre as prioridades da Missão 3. A meta estabelecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) é, até 2026, ter ao menos 3% dos veículos eletrificados brasileiros circulando com baterias nacionais. A meta é chegar a 33% até 2033.
Inovação
Ao final da cerimônia, a Finep assinou 11 contratos de subvenção e dois de crédito direto para desenvolvimento de novas tecnologias, no valor total de R$ 220 milhões, com R$ 100 milhões de contrapartida das empresas. Destes, quase R$ 10 milhões irão para o projeto de um “barco voador”, veículo capaz de voar sobre a lâmina dos rios. A tecnologia vem sendo desenvolvida pela startup amazonense AeroRiver. Segundo a empresa, o barco voador poderá transportar até 10 passageiros, inclusive em períodos de seca, alcançando 150 km/h. Os demais projetos envolvem soluções para aviação sustentável (por exemplo, um turbogerador híbrido movido a etanol), centros de pesquisa e tecnológicos, remanufatura de resíduos e desenvolvimento de caminhão elétrico autônomo para uso industrial, entre outros.
Com informações do MDIC