A indústria brasileira foi o centro das atenções do Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 11/09. Em cerimônia comandada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e prestigiada por industriais de diferentes segmentos, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, divulgou uma série de ações vinculadas à Missão 4 da Nova Indústria Brasil (NIB), que trata da transformação digital do setor. Destaques para o anúncio de investimentos de R$ 186,6 bilhões em tecnologia de ponta e para a sanção da Lei n° 13/2020.
Destinados à fabricação de fibra ótica e ao desenvolvimento de soluções como internet das coisas, computação em nuvem, inteligência artificial e datacenters, os R$ 186,6 bilhões informados por Alckmin dividem-se em R$ 42,2 bilhões já movimentados pelo setor público, R$ 58,7 bilhões que estão por ser liberados, e R$ 85,7 bilhões oriundos do setor produtivo.
“Esse anúncio de investimentos públicos e privados coloca o Brasil em sintonia com o que há de mais moderno no mundo”, celebrou o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, também presente à cerimônia no Planalto.
“É o Brasil na transformação digital, investindo em semicondutores, investindo em tecnologia da informação e comunicação”, completou, referindo-se, também, à Lei n°13/2020, que prorroga a vigência e amplia os incentivos aos setores de tecnologias da informação e comunicação (TICs), presentes na Lei de Informática, e de semicondutores, beneficiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis).
Brasil Semicon
Sancionada pelo presidente Lula durante a cerimônia, a Lei n° 13/2020 cria o programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), que prevê incentivos de R$ 7 bi por ano para os setores de TICs, de semicondutores e de energia fotovoltaica. “São R$ 21 bilhões, R$ 7 bilhões por ano de crédito tributário […] para estimular a digitalização e os ganhos de eficiência da indústria”, disse Alckmin.
A lei também prevê investimentos em toda a cadeia produtiva de semicondutores. O objetivo é ampliar a competitividade dos chips fabricados no país e o fortalecimento de setores de TIC nacionais. Por meio da nova lei, o BNDES e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) estarão livres para financiar a produção e o desenvolvimento de painéis solares e microships.
Para dimensionar o momento favorável para a aplicação de recursos da indústria em tecnologia, o vice-presidente ampliou o cenário de investimentos do setor no Brasil. “Já anunciados, nós temos, hoje, R$ 85,7 bilhões na área de TIC; [setores] automotivo, R$ 130 bilhões; de alimentos, R$ 120 bilhões; de aço, R$ 100 bilhões; de papel e celulose, R$ 105 bilhões; de setor de saúde, R$ 35 bilhões. Total: meio trilhão, R$ 580,2 bilhões”, detalhou.
“Um bom momento, porque, crescimento do PIB, inflação teve uma queda de menos 0,02%, absolutamente sob controle, e crescimento dos investimentos. Como consequência, isso cresceu emprego e cresceu renda.”
Smart Factories
O segmento produtivo de menor porte também foi lembrado pelo vice-presidente. Alckmin anunciou o início das etapas do Smart Factory do programa Brasil Mais Produtivo para a digitalização de micro, pequenas e médias empresas industriais, com recursos de R$ 560 milhões do BNDES e Finep. “Já foram 33 mil empresas, pequenas indústrias atendidas, das quais 22 mil presencialmente e 10 mil pela plataforma digital”, enumerou. “Vamos ajudar a pequena indústria a se digitalizar, reduzir custo e melhorar sua eficiência”.
O Brasil Mais Produtivo é um programa articulado entre MDIC, Sebrae, Senai, BNDES, ABDI, Finep e Embrapii. Ele visa aumentar a produtividade das MPES com ações de manufatura enxuta e eficiência energética, entre outras, e com apoio à transformação digital.
Estima-se que, das 200 mil empresas a serem atendidas pelo programa, ao menos 8 mil alcancem a chamada “fronteira tecnológica” ao final do processo – com instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT (internet das coisas), impressão 3D e inteligência artificial.
Meta aprimorada
O objetivo da Missão 4 da NIB é transformar digitalmente 50% das empresas industriais brasileiras até 2033, com meta intermediária de 25% em 2026, assegurando que a participação da produção nacional triplique nos segmentos de tecnologias emergentes e disruptivas. Atualmente, o percentual de indústrias digitalizadas é de 18,9% (2023).
Por digitalização das empresas, a meta considera o atendimento de ao menos três das seis tecnologias entendidas como relevantes para a transformação digital: serviços em nuvem, ERP/CRM, Big Data, robôs de serviço, internet das coisas e inteligência artificial.
A meta aspiracional divulgada quando do lançamento da NIB, em janeiro deste ano, projetava 90% das empresas digitalizadas até 2033, mas, nesse caso, considerava como suficiente o atendimento de apenas uma das seis tecnologias.