Inaugurado na útilma terça-feira (01/06), no campus Cacoal do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), o mais moderno laboratório público de Laboratório de Solos Tecidos Vegetais e Metais Pesados da região Norte do país, projeto realizado em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O laboratório preenche uma lacuna identificada junto aos produtores da região, que dependiam do envio de amostras para outros estados para obter análises do solo, processo burocrático e dispendioso.
Com o laboratório, mais de 10 mil pequenos produtores rurais serão diretamente beneficiados, com acesso a equipamentos de última geração. Os resultados da análise são apresentados em cerca de 40 segundos, o que permite a realização de um grande número de análises em um tempo mínimo. O investimento feito para a reestruturação do laboratório foi de R$ 768 mil, sendo 63% de aporte financeiro da ABDI e 37% de econômico-financeira do IFRO.
Representando a ABDI, Antonio Tafuri, responsável pelo projeto na Agência, lembrou a trajetória dos projetos desenvolvidos em Rondônia e destacou cinco aspectos que mais se destacaram no trabalho com o Estado. “Nos chamou a atenção a presença de produtores premiados nacional e internacionalmente na região; a estrutura técnica relacionada ao extensionismo rural, executada pela Emater; o trabalho de pesquisa, estudo e genética executado pela Embrapa; uma instituição de ensino de peso, com capilaridade no estado, que é o IFRO; e a estrutura de beneficiamento na região”, explica. “Ao mesmo tempo, gargalos de produtividade foram encontrados, como a ausência de um laboratório local para avaliação do solo, tendo os produtores que enviar amostras para o sul do país e outros estados. Isso fazia com que, muitas vezes, se perdesse o timing de disseminação das amostras por meio das políticas públicas, com custos elevados.”
Tafuri afirmou que, a partir desta necessidade, foi iniciado o projeto com o IFRO, em 2018, concomitantemente ao projeto de Indicação Geográfica (IG) Matas de Rondônia. “O projeto com o IFRO ultrapassa a entrega do laboratório. Como exemplo, estamos desenvolvendo uma plataforma digital de gestão da IG, visando trazer cada vez mais um café de alta qualidade e rastreável”, disse.
Em vídeo, Igor Calvet, presidente da ABDI, afirmou que o projeto com o IFRO faz parte do programa de desenvolvimento e inovação regional da Agência e que “coloca algumas regiões do país, e agora em especial Cacoal, numa rota de desenvolvimento sustentável através da adoção de tecnologias modernas”.
Mateus Soares da Rocha, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), destacou a importância do laboratório também para o extensionismo, qualificando ainda mais o atendimento aos cafeicultores. “É muito bom trabalhar com políticas públicas que entrem ‘porteira adentro’ e façam diferença na vida dos produtores. Esse é o caso do laboratório”, afirmou.
O reitor Uberlando Leite, do IFRO, explicou as especialidades de cada uma das 10 unidades do Instituto e que Cacoal tem o centro de inovação tecnológica do café. “Temos obrigação de contribuir para o desenvolvimento de Rondônia e do Brasil formando pessoas. Mas o IFRO também tem a missão de dialogar de forma direta com a sociedade e com o setor produtivo”, ressaltando que o laboratório cumpre esta função. “Tenho certeza que o investimento feito pela ABDI e pelo IFRO no laboratório será sentido no dia a dia de todos os produtores rurais do estado de Rondônia.”
Em seu pronunciamento, o vice-governador de Rondônia, José Atílio Salazar Martins, lembrou que há apenas 10 laboratórios semelhantes a este no Brasil e destacou o empenho do IFRO, da ABDI, do Governo do Estado e instituições de pesquisa para que Cacoal recebesse o equipamento.
O diretor de Diretor Institucionais da Associação Brasileira da Indústria do Café Solúvel, Aguinaldo José de Lima, diz ter encontrado no IFRO a sinergia e as ações integradas necessárias para a instalação do laboratório. “Com esta estrutura, fechamos um ciclo de apoio tecnológico aos produtores fantástico. Os cafés robusta têm um potencial de qualidade muito grande e está na mão dos produtores, junto com as entidades, fazer isso acontecer”, encerra.
Ezequias Brás Neto, o Tuta, presidente Câmara Setorial do Café de Rondônia e produtor da região, disse que o laboratório “era um desejo, um sonho, que pedíamos há vários anos. Esse laboratório vem para diminuir o sacrifício de mandar suas amostras para outros estados, devolvem com problemas, não temos como recorrer, perdemos mudas”.
Falando pelo poder Executivo estadual, o deputado Cirone Deiró, afirmou que será possível trazer mais qualidade à produção agrícola do estado. “Esse laboratório é de fundamental importância para avançar no desenvolvimento da agricultura familiar e de alta produção do estado.”
Entregas de análises
O diretor-geral do Campus Cacoal, professor Davys Sleman de Negreiros, fez a entrega da primeira análise de solo realizada no laboratório ao produtor Juan Travain, presidente da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon). Na sua fala, professor Davys destacou que o convênio com a ABDI é um dos mais altos do IFRO. “Este espectrofotômetro de absorção atômica é dos mais modernos do país e seguramente o mais avançado da região Norte. Precisamos, agora, parar de pensar em commodities e passar a pensar em cafés especiais; menos em quantidade, mais em qualidade, com maior valorização”, afirmou.