A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática do Senado recebeu, nesta quarta-feira (21/6), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, e o gerente da Unidade de Novos Negócios (UNN) da Agência, Tiago Faierstein, em um debate sobre adoção e incentivo à eletromobilidade. O encontro com os representantes da ABDI reuniu, ainda, membros do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e de entidades como o Instituto Brasileiro de Mobilidade Sustentável. O embaixador da Noruega, país com o maior número de veículos elétricos per capita no mundo, Odd Magne Ruud, também contribuiu com o debate.
Na audiência, Calvet reafirmou aos parlamentares presentes o compromisso da ABDI com a implementação de políticas públicas de eletromobilidade e destacou o papel fundamental do Senado na construção de um arcabouço legislativo que dê segurança aos investimentos necessários para que a solução atenda à demanda no país. “Nós precisamos de marcos, não só tributários, não só legais e regulatórios que deem conta da expansão desse mercado no Brasil”, disse, lembrando a importância do tema para a mobilidade urbana. “É uma discussão que envolve tecnologia, sim, mas envolve sustentabilidade, envolve um ecossistema inovador, envolve o nosso bem-estar”.
VEM DF e VEM PR
A fala de Calvet foi seguida por uma apresentação de Tiago Faierstein sobre dois projetos de eletromobilidade implementados pela ABDI no Distrito Federal e no Paraná, o Vem-DF e o Vem-PR, que consistiram na disponibilização de veículos elétricos ultracompactos e leves para o uso compartilhado por servidores em órgãos públicos.
Os resultados da parceria da Agência com o Governo do Distrito Federal (GDF) foram usados por Faierstein para ilustrar o sucesso da iniciativa. Segundo ele, o modelo de negócio formado por 16 veículos elétricos gerou uma redução significativa de gastos com abastecimento e manutenção – cerca de 5.160 litros de combustível foram economizados pela frota pública.
O projeto, lembrou o gerente da ABDI, não focou apenas a economicidade, mas também o aquecimento do mercado de veículos elétricos. “Nessa parceria com o GDF, trabalhamos algumas políticas públicas como, por exemplo, a isenção do IPVA”, disse. “Atuamos muito fortemente na construção do projeto de lei, no cálculo da desoneração fiscal, e mostramos, aqui no DF, que o que se perde com isenção de IPVA é compensado com o aumento do ICMS devido ao aumento natural da venda dos veículos elétricos”, explicou.
Os resultados positivos foram além, salientou Faierstein. “Como nesse projeto nós também instalamos 35 carregadores públicos espalhados por toda Brasília, tivemos um aumento de 46% no número de emplacamentos de veículos eletrificados em 2022”.
Graças à parceria da ABDI com o GDF, Brasília se tornou, assim, a cidade com o maior número de carregadores públicos do Brasil e a segunda cidade do país em emplacamentos de carros elétricos, ficando abaixo apenas de São Paulo. “Brasília hoje é a terceira capital do país com maior número de carregadores em números absolutos, só perdendo para Rio de Janeiro e São Paulo”, explicou aos parlamentares.
Taxis elétricos
Ao resumir números do VEM PR, que gerou a economia de quase 3 mil litros de combustível e evitou cinco toneladas de emissões na atmosfera em mais de 7.200 viagens, o gerente da ABDI detalhou um novo modelo de negócios lançado na última semana, em Curitiba, que consiste no uso de veículos elétricos como táxis, na capital do Paraná. Igualmente resultante de parceria da ABDI com gestores públicos e indústria – no caso, com a prefeitura de Curitiba e a Renault –, os carros adquiridos pela Agência com gestão da Mobilize Beyond Automotive são alugados por taxistas por meio da plataforma Mobilize Share.
O entendimento, que inclui a URBS (Urbanização de Curitiba S/A), permite ao taxista alugar o carro elétrico com o mesmo custo de carros populares e com isenção de taxa de outorga para a prefeitura. “O motorista tem o direito a recarga gratuita em todos os pontos públicos e privados na cidade e é isento de gastos em estacionamentos públicos”, acrescentou Faierstein. “Mesmo sendo mais caro, esses veículos podem, dentro de modelos de negócios, dentro de projetos, se tornarem viáveis”, concluiu.
Segundo o embaixador Ruud, isentar carros elétricos de impostos é um dos meios mais importantes para a transição ao novo modelo. Adotada na Noruega, a medida ajudou o país nórdico a se tornar um case de sucesso em eletromobilidade – em 2022, 80% de todos os carros negociados no país foram elétricos. O número expressivo, no entanto, não basta. “A partir de 2025, todos os veículos novos vendidos deverão ter emissão zero”, assegurou.