Uma rede de postos de recarga para veículos elétricos no trajeto Rio de Janeiro (RJ) São Paulo (SP) começa a operar nesta segunda-feira (23). Agora, os proprietários deste tipo de carro poderão fazer o percurso de 430 quilômetros entre as duas cidades mais populosas do Brasil utilizando apenas energia elétrica. Ao longo da Rodovia Presidente Dutra foram instaladas seis estações de recarga — localizadas em postos de combustível.
Para o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira, esta iniciativa chancela a mobilidade elétrica no país. “Um dos maiores tabus em relação aos carros elétricos é a autonomia. Com o aumento da infraestrutura para o abastecimento de forma rápida nas estradas esse problema não existe mais”. A distância máxima entre as estações de recarga é de 122 quilômetros na via Dutra. Atualmente, os carros elétricos conseguem percorrer distância de 160 a 300 quilômetros com apenas uma carga. O tempo estimado de abastecimento é de 25 minutos para completar 80% do “tanque”.
Segundo um estudo realizado pela BMW, cerca de 95% das pessoas rodam até 45 quilômetros por dia. “Ou seja, a autonomia oferecida pelos carros elétricos atuais responde totalmente às necessidades dos proprietários nas cidades”, defende o gerente de Projetos de Marketing da montadora Henrique Canto. A instalação dos pontos de recarga foi uma iniciativa da EDP, empresa que atua no setor elétrico, e do BMW Group Brasil, com apoio da Ipiranga. Houve um investimento de quase R$ 1 milhão.
Até dois carros poderão recarregar ao mesmo tempo, sem custo em um primeiro momento. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou recentemente uma regulação para o segmento, que prevê a livre negociação de preços para as recargas. No caso da via Dutra as empresas ainda vão discutir uma possível cobrança em 2019.
Rota 2030
O Brasil tem cerca de seis mil veículos elétricos segundo estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Pouco, se comparada a frota de quase 90 milhões de veículos rodando no país. Em julho, foi aprovada a nova política automotiva para o Brasil — o Rota 2030. O presidente da ABDI, Guto Ferreira, aponta que a medida pode aumentar as vendas de veículos movidos a eletricidade. O decreto altera a Tabela de Incidência do IPI, reduzindo as alíquotas aplicadas sobre os veículos com novas tecnologias de propulsão. A medida visa estimular a comercialização no Brasil de veículos híbridos e elétricos, que são menos poluentes.
Eficiência energética
A eficiência energética dos elétricos chama atenção. Enquanto a gasolina consegue transformar apenas 18% do combustível em movimento, no elétrico 90% da energia que entra é revertida para este fim. Quase 82% da gasolina, álcool ou diesel se perde em calor e poluentes nos motores a combustão.
O veículo elétrico gasta cerca de R$ 0,07 por quilômetro, enquanto o litro de gasolina custa em média R$ 4,50. Comparando os dois valores, com o preço de um litro do combustível fóssil seria possível rodar 64 quilômetros no carro movido a energia elétrica. Já os veículos comuns andam cerca de dez quilômetros. O carro também poupa o meio ambiente. Em dois anos de uso o modelo i3 da BMW pode deixar de jogar no meio ambiente três toneladas de poluentes.