Indústria 4.0 é tema de debate na Universidade de Brasília

Indústria 4.0 é tema de debate na Universidade de Brasília

Evento reuniu 80 pessoas no auditório do CDT/UnB

"A quarta revolução industrial não se resume a uma revolução das novas tecnologias. É a revolução do indivíduo, de um novo comportamento, da customização". Com esse conceito o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira, esquentou o debate sobre a Indústria 4.0, promovido na quarta-feira (8), pela Universidade de Brasília (UnB), durante o II Café no Parque. 

Convidado para falar sobre os cenários e as perspectivas que se abrem para o Brasil a partir da chamada Quarta Revolução Industrial, Ferreira destacou dois grandes desafios para o salto de inovação do país. "Primeiro precisamos de educação para ter mão de obra qualificada para lidar com automação, digitalização, inteligência artificial, realidade virtual, internet das coisas e todas as transformações advindas desse novo momento. E, em segundo lugar, precisamos de investimentos pesados em conectividade. Sem conexão, não há possibilidade de indústria 4.0", alertou. 

Sobre a posição do Brasil frente à corrida global, Ferreira lamentou. "Infelizmente, apenas 2% da indústria nacional estão operando com essa nova realidade. Mas, estima-se que, em 2027, 24% das indústrias já estarão atuando com as tecnologias 4.0", relatou, com base em recente pesquisa realizada pela Revista Exame.

Ao apresentar os dados da indústria nacional e seu posicionamento frente aos desafios da nova indústria, Ferreira criticou o paradigma entre o aumento de escala e a customização em massa. "O nosso erro foi investir pesado no aumento de escala. Abrir diversas fábricas para vender, vender, vender. E quando o país entra em crise? O que acontece? Sem demanda, a indústria sofre. O caminho é a customização em massa, é estar de olho no comportamento do consumidor, se preparar para atender a sua necessidade”, apontou, ao citar o Uber, o aplicativo de transporte de passageiros que revolucionou a mobilidade em todo o mundo.

Entre os benefícios da Indústria 4.0, de acordo com o presidente da ABDI, estão a redução dos custos, o controle dos processos, aumento da produtividade, melhora da qualidade e a personalização de produtos e serviços, e a possibilidade de melhorias de forma muito mais ágil e assertiva. "A base da indústria 4.0 está na inteligência artificial. Se antes reuníamos dados e mais dados, agora esses dados do consumidor são lidos, interpretados e rapidamente podem se transformar em um novo produto, uma nova solução, uma nova conexão", ressaltou Ferreira, ao mencionar alguas frentes de atuação da ABDI voltadas para a Indústria 4.0, como os projetos em Building Information Modeling (BIM), o Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes, Laboratório de Inovação do Varejo (ProVA), projetos de Defesa Cibernética, o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, entre outros.

Ao falar para a plateia formada por empresários, estudantes de engenharia, empreendedores de startups, professores, representantes do governo e de entidades de classe, Guto Ferreira lembrou que a ABDI possui ações que apoiam a jornada de transformação digital do setor produtivo brasileiro.

"Lançamos recentemente a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, uma ferramenta online em que a empresa faz um autodiagnóstico em relação aos principais conceitos, processos e práticas da indústria 4.0. É uma forma de identificar em qual estágio a empresa está", disse. Para acessar, basta a empresa se cadastrar pelo www.industria40.gov.br.

Revolução social

"Uma revolução social". Assim definiu o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SC), Jefferson Gomes, ao se referir à Indústria 4.0. Segundo ele, "os efeitos do novo cenário serão sentidos não só com o avanço tecnológico, mas na forma como o homem age em sociedade. Homens poderão se relacionar com robôs. Com a digitalização e a inteligência artificial, chips poderão ler os comportamentos do corpo humano, de forma preditiva, para contribuir com os avanços e a assertividade do tratamento. O sensoriamento alcançará um nível global. São inúmeras as possibilidades de demandas para a indústria a partir das mudanças de comportamento da sociedade", garantiu o gestor do Senai.

A segunda edição do Café no Parque foi realizada no auditório do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB) da instituição, em parceria com a Federação das Indústrias do DF (Fibra). Segundo a diretora do Parque Científico da Universidade, Renata Aquino, o objetivo da série de encontros é disseminar a ciência e inovação produzida na academia e na indústria. “É uma oportunidade de unir o setor produtivo e a universidade para o estímulo da inovação”, disse. 

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