A indústria de transformação, responsável por transformar a matéria-prima em produtos finais ou intermediários, exportou US$ 181,9 bilhões em 2024 – maior valor desde o início da série histórica (1997). Os dados fazem parte dos resultados da Balança Comercial Brasileira de 2024, divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços no dia 6 de janeiro.
Segundo o relatório, o Brasil exportou US$ 337 bilhões e importou US$ 262,5 bilhões. Os números mostram um superávit de US$ 74,5 bilhões, o segundo melhor resultado da série histórica, ficando atrás apenas do registrado em 2023, que foi de US$ 98,9 bilhões.
O analista de Produtividade e Inovação da Unidade de Desenvolvimento Industrial da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Eduardo Rezende, destaca que as exportações da indústria de transformação representam 54% de tudo que o Brasil exportou no ano passado.
“Essa foi a categoria que mais cresceu frente à agricultura e ao extrativismo. Esse resultado é muito importante para o setor produtivo e demonstra a atuação do governo brasileiro em políticas públicas que impulsionam a indústria nacional, além de evidenciar a relevância do setor externo para o desempenho do Produto Interno Bruto brasileiro”, acrescentou.
Em relação ao desempenho dos setores exportadores em 2024, a agropecuária foi responsável por US$ 72,49 bilhões das exportações, com queda de 11% em relação a 2023, e por US$ 5,65 bilhões das importações, um crescimento de 25,6%. A indústria extrativa exportou US$ 80,90 bilhões, um aumento anual de 2,4% e importou US$ 16,25 bilhões, crescimento de 1%. Já a indústria de transformação totalizou US$ 181,9 bilhões em exportações, crescimento de 2,7% e importou US$ 238,74 bilhões, aumento de 9,3%.
Indústria de transformação
Em análise disponível no portal da ABDI, Rezende detalhou o desempenho dos produtos da indústria de transformação na balança comercial, com o intuito de mostrar a dinâmica recente do setor de maior valor agregado para a indústria nacional.
Açúcares e melaços, óleos combustíveis de petróleo, carne bovina, celulose, carnes de aves, aeronaves e outros equipamentos e automóveis continuaram liderando as exportações da indústria de transformação e apresentaram crescimento se comparado a 2023. Por outro lado, farelos de soja, ferro-gusa, ferro-ligas, produtos semi-acabados e lingotes de ferro ou aço continuaram sendo os principais produtos de exportação, mas apresentaram quedas nas vendas externas.
Entre os produtos da indústria de transformação que apresentaram maior taxa de crescimento, destacam-se: cacau em pó, manteiga ou pasta de cacau com variação de 125,47%, totalizando US$ 458,63 milhões; máquinas de energia elétrica e suas partes, com alta de 38,45% e total de US$ 931,86 milhões; e celulose que aumentou 33,70% e somando US$ 10,6 bilhões.
Quanto às principais importações da indústria de transformação, houve aumento nas compras de motores e máquinas não elétricas, veículos automóveis e suas partes, medicamentos e equipamentos de telecomunicações. Os principais produtos importados que apresentaram quedas foram óleos combustíveis de petróleo, adubos e fertilizantes, válvulas termiônicas e transistores.
Por outro lado, as principais variações relacionadas às importações de produtos da indústria de transformação foram registradas em automóveis, com crescimento de 43,19%, aeronaves e outros equipamentos, com elevação de 39,33%, polímeros de etileno, com elevação de 37,02% e as compras de cobre que aumentaram 29,04%.
“O desempenho do comércio exterior brasileiro em 2024 reforça a importância da indústria de transformação como importante vetor de crescimento, especialmente diante da retração em setores tradicionais como a agropecuária. O saldo comercial positivo é um reflexo direto do aumento do volume embarcado, além do fortalecimento de políticas públicas voltadas ao aumento da competitividade e à inserção no mercado internacional”, finalizou Rezende.