Indústrias com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram 36,9 bilhões de reais em P&D

Indústrias com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram 36,9 bilhões de reais em P&D

Dado integra estudo do IBGE em parceria com ABDI e UFRJ. Empresas com mais de 500 trabalhadores, farmoquímicas e farmacêuticas lideram investimentos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira (22) um indicador sobre o esforço inovativo das empresas brasileiras com 100 ou mais pessoas ocupadas das indústrias extrativas e de transformação, relativo a 2022. O indicador Dispêndios internos em Pesquisa e Desenvolvimento Empresarial em relação à Receita, que mescla dados da Pesquisa Industrial Anual – PIA EMPRESA e da PINTEC Semestral 2022: Indicadores básicos, é uma pesquisa do IBGE realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).       

Segundo o assessor especial da Unidade de Cooperação e Inteligência Competitiva da ABDI, Pedro Acioly, um dos destaques do estudo é a participação mais extensa em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das empresas com maior número de trabalhadores. “Ressalta-se a inclinação das grandes empresas no gasto com P&D, as quais também apresentam maior razão entre P&D e Receita Líquida de Vendas em comparação com as demais”, explica.

 “As empresas de grande porte, com 500 ou mais trabalhadores, têm maior propensão a realizar tais investimentos, e isso ocorre justamente porque possuem mais capacidade de dispêndio em relação às empresas menores.”

Acioly acrescenta que, segundo a pesquisa, a maior razão entre P&D e receita envolve uma maior relação da indústria com tecnologias. “Observa-se que vários dos setores da indústria de transformação com maior razão entre P&D e Receita Líquida de Vendas são tradicionalmente intensivos em tecnologias, inclusive em países altamente industrializados, como fabricação de produtos eletrônicos e indústria de fármacos e produtos farmacêuticos”, completa.      

A pesquisa aponta que a fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos é a que tem o maior percentual da receita líquida (3,69%) destinado a P&D.

Políticas públicas e estratégias empresariais

De acordo com o gerente de Análise Estrutural e Temática do IBGE, Fernanda Vilhena, os resultados do estudo favorecerão a implementação de políticas públicas e as estratégias de empresas. “O novo indicador permitirá cobrir lacunas fundamentais do sistema estatístico nacional de ciência, tecnologia e inovação, orientando o desenho e implementação de políticas públicas e estratégias empresariais”, destaca.

O indicador aponta que, em 2022, as empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram 0,65% de sua receita liquida de vendas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), somando 36,9 bilhões de reais. Esse indicador foi superior à essa média total no caso das indústrias extrativas, em que o percentual atingiu 1,72%, enquanto nas indústrias de transformação foi empreendido esforço em P&D interno de 0,58% da receita líquida de vendas.

Concluídas as divulgações da PINTEC Semestral, em março deste ano, e da Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA-Empresa), em junho, foi possível produzir o indicador de investimento em P&D, cujo cálculo é obtido pela razão entre os dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento internos e a receita apurada pelas empresas. Os dados de receita referem-se à receita líquida de vendas obtida na PIA-Empresa.

Em 2022, as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas investiram 0,70% da receita líquida de vendas em P&D interno. Já as empresas de 250 a 499 pessoas ocupadas e de 100 a 249, implementaram menor esforço para inovar, 0,52% e 0,37%, respectivamente.       

Os destaques setoriais, com razão acima da média da indústria total foram: Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,69%), Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (1,47%), Fabricação de borracha e plástico (1,16%), Fabricação de outros equipamentos de transporte (0,96%), Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (0,96%), Impressão e reprodução de gravações (0,86%) e Fabricação de produtos diversos (0,67%).

Já na outra ponta, Metalurgia (0,22%), Fabricação de produtos alimentícios (0,26%) e Fabricação de bebidas (0,28%) foram os que tiveram a menor proporção desses dispêndios em relação à receita líquida de vendas.

PINTEC

A Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica – PINTEC, teve início em 2000, com resultados nacionais para o triênio 1998-2000, seguindo as diretrizes estabelecidas no Manual de Oslo, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE (Organisation for Economic Co-operation and Development – OECD), com vistas à comparabilidade internacional de suas informações. A PINTEC fornece informações para a construção de indicadores setoriais, regionais e nacionais das atividades de inovação das empresas brasileiras com 10 ou mais pessoas ocupadas, tendo como universo de investigação as atividades das Indústrias extrativas e de transformação, bem como dos setores de Eletricidade e gás e Serviços selecionados.

A partir do ano de 2021, iniciou-se a realização de uma nova pesquisa, derivada da PINTEC, porém com amostra, forma de coleta e conteúdo distintos. Esse levantamento, Pesquisa de Inovação Semestral – PINTEC Semestral, fruto de parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, tem o objetivo de fornecer indicadores de inovação e temas correlatos, de forma mais tempestiva que a PINTEC tradicional. A PINTEC Semestral fornece informações para a construção de indicadores setoriais e nacionais das atividades de inovação das empresas brasileiras com 100 ou mais pessoas ocupadas.