Internet das Coisas é solução para rastrear objetos na indústria aeronáutica

Internet das Coisas é solução para rastrear objetos na indústria aeronáutica

Crachá inteligente vai ser usado para monitorar funcionários em atividades de risco

Uma brincadeira bem antiga, a do “quente e frio”, ganhou uma nova roupagem na Game XP. Na Inova Arena foi comum ver crianças com um cubo na mão, procurando objetos pelos cantos dos estandes. Os amigos Davi, Pedro e Miguel, todos com 12 anos, estavam disputando quem cumpria a missão primeiro, com direito a um brinde.

“É mais fácil de jogar do que aparenta ser. Eu recomendaria, vale a pena”, elogiou o vencedor Miguel Maia, ao lado do pai, Gerson Nunes, professor de ciência da computação, arrastado pelos garotos para a Game XP. “Eu que fui trazido por eles”, brincou.

A lógica do jogo “Cubos do Dragão” é a mesma que os sócios da empresa Phygitall adotaram para desenvolver soluções para as indústrias. Usando ideias aplicadas em Internet das Coisas (IoT), eles criaram um mecanismo para rastrear objetos. Pelo Programa Nacional Conexão Startup Indústria, os empreendedores conseguiram abrir as portas da Embraer.

“Tivemos contatos com executivos da Embraer e eles nos apresentaram várias demandas de rastreabilidade de ativos. Uma ferramenta que não é encontrada no hangar, impede que o avião saia por questões de segurança, pois não pode haver o risco de ela estar dentro da fuselagem, por exemplo. E todos os outros ativos de fabricação do avião, como os carrinhos e as peças de montagem”, explica Gustavo Nascimento, engenheiro e um dos fundadores da Phygitall.

Entre agosto de 2017 e fevereiro deste ano, a startup desenvolveu o projeto em São José dos Campos (SP) na fábrica subsidiária da Embraer para montagem de trem de pouso e na própria sede da empresa fabricante de aeronaves. “Nesta fase procuramos rastrear objetos maiores, que carregam trens de pouso entre uma fábrica e outra. Muitas vezes os objetos eram perdidos e ninguém sabia onde estava. A gente criou uma caixinha, que é acoplada aos equipamentos, para poder monitorá-los”, comenta Nascimento.

A tecnologia envolve antenas de WiFi para longas distâncias, até 20 quilômetros, com eficiência energética de até um ano sem a necessidade de carregar as baterias. Há ainda um mapa que aponta a localização dos objetos, onde é possível acompanhar o percurso dos equipamentos e, também, de pessoas, como foi aplicado no jogo "Cubos do Dragão".

A Phygitall também está desenvolvendo um crachá inteligente para monitorar funcionários de empresas que trabalham em área de risco. “A ideia é identificar atos inseguros. Com o crachá, a gente consegue determinar se houve uma queda, uma corrida em local proibido, até mesmo acesso a áreas restritas. Trata-se da mesma tecnologia com aplicações diferentes”, prossegue Nascimento.

Mercado

Na outra ponta, Daniel Moczydlower, diretor de tecnologia da Embraer, também destaca a importância do Conexão Startup Indústria. “O programa da ABDI está nos ajudando bastante e mostrando que estamos no caminho certo”, afirma.

Pela iniciativa, a Embraer se conectou com a Phygitall e com a Virtual Avionics, mesmo sendo uma indústria com a inovação em seu DNA, segundo o diretor de tecnologia. “Já nascemos tendo que competir no mercado global. E o maior incentivo para a inovação é a competição”, comentou Moczydlower. Memso assim, a velocidade das mudanças tecnológicas, fez com que a Embraer procurasse empresas menores.

“A gente entende que o mercado está cada vez mais maduro, grandes empresas estão nos procurando para soluções em IoT, estamos ainda no trabalho de provas de conceito, de demonstrar tecnologia, mas muitos clientes querem projetos piloto de grande escala. Estamos em negociação e esperamos até o fim do ano fechar com pelo menos dois deles”, projeta Gustavo Nascimento, que pretende realizar o ganho de escala na próxima etapa da empresa.

Conexão

O Programa Nacional Conexão Startup Indústria da ABDI selecionou dez indústrias e 27 startups, de um total de quase 400 empresas inscritas. Em três anos a iniciativa vai investir R$ 50 milhões, sempre com a abertura de editais. A próxima seleção pública será no fim deste ano.