Mais de 160 empresas enviaram mensagens para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, após campanha da ABDI para que startups e empresas pudessem disponibilizar inteligência e tecnologias para auxiliar na tragédia gerada pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Especialistas das mais diversas áreas também se colocaram à disposição para ajudar.
“Nesse momento, é fundamental mobilizarmos tecnologias e inteligência para atuar com agilidade em cooperação com as autoridades e equipes técnicas no local da tragédia, auxiliando nas buscas e, posteriormente, no trabalho de reconstrução das áreas atingidas”, disse Guto Ferreira, presidente da ABDI.
A BirminD, uma das startups que respondeu ao chamado da ABDI, juntou-se a outras empresas de base tecnológica para o desenvolvimento de um aplicativo. “Estamos estimando o fluxo de rejeitos e cruzando com o último sinal de GPS que uma pessoa tenha tido antes do rompimento da barragem. Com essa informação queremos estimar, levando em conta o arrasto da lama, onde a pessoa possa estar”, explica Diego Oliveira, um dos fundadores da empresa.
Celulares mais modernos mapeiam, praticamente em tempo real, nosso deslocamento. Essa tecnologia deve auxiliar na busca por desaparecidos. O algoritmo, base para construção do aplicativo, começou a ser desenvolvido domingo às 9 horas. A primeira versão ficou pronta nesta segunda-feira (28), às 2h30.
“Agora, nós disponibilizamos o algoritmo de forma aberta na rede para que ele seja melhorado. Qualquer um pode aprimorar”, destaca Oliveira. Como os dados de localização são sigilosos, a ideia é que as empresas de telefonia utilizem o aplicativo para ajudar as equipes de salvamento.
Uma empresa que oferece serviço de monitoramento por drones também se colocou à disposição da ABDI. As câmeras de alta resolução podem fazer um modelo digital da área, explica o diretor de engenharia da Nong, Gabriel Postiglioni. “A partir das fotos, nós geramos vários mapas. Com essas informações, podemos calcular a declividade do terreno e entender todo o relevo. Em uma operação de resgate, conhecer a declividade é fundamental, podemos direcionar a melhor entrada e como andar no terreno”.
As câmaras multiespectrais, embarcadas nos drones, permitem o desenho preciso do terreno. Segundo Postiglione, os equipamentos também poderiam ajudar na visualização do local. “As câmeras, voando a 200 metros, conseguem observar, com boa resolução, objetos à cinco centímetros do chão”, relata.
Uma terceira startup disponibilizou tecnologia para limpeza da água. A O2eco aplicou a solução no rio Doce depois do rompimento da barragem de Mariana, em 2015. “Colocamos uma placa de cera com nano minerais. A placa estimula a criação de bactérias que propiciam a limpeza do rio”, explica o Sócio Fundador da startup, Joel de Oliveira Junior. Com o uso da tecnologia uma bactéria que se reproduz oito mil vezes a cada dez horas, passa a fazer esse mesmo processo oito milhões de vezes no mesmo período. “A solução acelera um processo natural. No rio Doce, o alumínio teve uma queda de presença na água em 82%, depois de cinco semanas”. O processo de limpeza começa a dar resultado aproximadamente cinco semanas depois da colocação das placas. A vida útil da tecnologia, aplicada em um rio, é de três a nove meses.
A ABDI continuará recebendo mensagens de empresas que possam ajudar em Brumadinho. Todas as informações estão sendo compiladas e repassadas para as autoridades competentes. “Estamos apelando ao espírito solidário do nosso ecossistema de empreendedorismo e inovação para um verdadeiro mutirão cívico de ajuda à cidade de Brumadinho”, destaca Guto Ferreira.