Estão cada vez mais indefinidas as fronteiras entre o mundo industrial e o mundo agrícola, e o avanço tecnológico é essencial para o fortalecimento do ecossistema do agronegócio. Essas foram algumas das conclusões do webinar “Maturidade Digital e Inovação no Agronegócio”, promovida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), nesta terça-feira (dia 22/09), que contou com as participações do diretor executivo de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), João Alfredo Delgado; do gerente executivo da ESALQtec, Sérgio Barbosa; do analista de relações institucionais da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Leonardo Meira Reis; do Fundador do Food Tech Hub Brasil, Paulo Silveira, com mediação do gerente de Difusão Tecnológica da ABDI, Bruno Jorge.
A ABDI lançou recentemente o Edital Agro 4.0, em parceria com os Ministérios da Economia (ME); da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); e da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O projeto visa fomentar a adoção e a difusão de tecnologias 4.0 por parte do agronegócio e fortalecer o ecossistema de inovação. Quer conhecer mais sobre o Agro 4.0? Clique aqui
O webinar, realizado nesta terça-feira, teve como objetivo chamar a atenção para a importância do salto tecnológico para toda a cadeia de produção do agronegócio. Na avaliação dos participantes, as cooperativas podem representar o principal elo para baratear e tornar todo o avanço tecnológico acessível, para que o pequeno produtor possa competir no mercado. “53% da safra de grãos vem de produtores associados a cooperativas. A maioria desses produtores, 71%, são da agricultura familiar. Por meio das cooperativas, os pequenos se tornam grandes”, afirmou Leonardo Meira Reis, da OCB.
Quando se fala em tecnologia no agronegócio, as startups estão fortemente ligadas ao setor. No mundo, segundo o Banco Mundial, existem cerca de 30 mil agritechs, que movimentam 20 bilhões de dólares em investimentos. No Brasil, a revolução das startups do agronegócio tem ajudado os produtores a migrar soluções industriais para as máquinas agrícolas.
O ecossistema – formado por empresas, startups, academia, universidades e centros de pesquisas – equilibra os atores envolvidos, segundo Sérgio Barbosa, da ESALQ TEC. Ele ressaltou que o Brasil tem hoje o maior movimento de agritechs do mundo no que se refere à quantidade de desenvolvimento de ecossistemas do agro. “A condição do ecossistema é que faz com que tenhamos um posicionamento mundial em termos de desenvolvimento de tecnologias de startups”, disse. O edital Agro 4.0 permite a participação de startups.
O Food Tech Hub, por exemplo, é um ecossistema “que olha a ponta da cadeia por duas verticais: o investimento nas foodtechs, e a inovação aberta”, pontuou Paulo Silveira, Food Tech Hub Br. Segundo ele, a inovação aberta na indústria de alimentos é uma necessidade. “Nos sistemas alimentares, food systems, não tem porteira para fora ou para dentro, existe um sistema que não é mais linear, é circular, conectado com o consumidor no centro”, disse e complementou: o céu é o limite para a gente agregar valor para o Brasil e para o mundo.
O diretor executivo da ABIMAQ ressaltou também que não existe mais a separação entre mundo industrial e mundo agrícola. “O campo hoje é fortemente conectado, 90% dos produtores rurais tem celulares e se comunicam por meio deles, sendo que 68% são smartphones, embora o setor ainda se ressinta de conectividade, que é o grande desafio atual”, destacou.
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