Mercado de games abre oportunidades de inovação na indústria

Mercado de games abre oportunidades de inovação na indústria

Em 2017, jogos movimentaram mais de 120 bilhões de dólares. Especialista aponta potencial de crescimento do Brasil

Alex Kid, Sonic, Mário Bros, Donkey Kong são personagens que habitam o imaginário do pessoal na faixa dos 30 anos que gosta de videogame. Alguns deles ainda seguem vivos entre a geração atual, mesmo que com novas roupagens para fazer frente a jogos como League of Legends, Counter Stricke e Rainbow Six, os mais populares entre os jovens. Mas, se antes a competição se dava entre amigos em casa, agora as disputas são em telões, dentro de arenas e com público de milhares de pessoas.

O mercado global de games de entretenimento atingiu a cifra de US$ 121 bilhões em 2017, segundo a Newzoo, uma das maiores consultorias de pesquisa deste segmento. O Brasil ocupa a 11ª posição no ranking do setor. “O mercado de jogos eletrônicos é um dos que mais cresce no mundo e, aqui, o resultado não é diferente. O setor movimentou quase R$ 5 bilhões no país ano passado e fez com que assumíssemos a liderança na América Latina, ultrapassando o México”, revela Guto Ferreira, presidente da ABDI.

A experiência dos jogadores também mudou. Atualmente há a possibilidade de adentrar, literalmente, neste universo, por meio da realidade virtual. Tecnologias que invadem cada vez mais a vida das pessoas e as metodologias aplicadas nas empresas: a chamada gamificação. Trata-se do uso da mecânica e do design de jogo para engajar e motivar digitalmente as pessoas, alcançando certos objetivos.

“A ABDI considera a gamificação uma estratégia fundamental para o setor produtivo engajar e motivar as pessoas na busca por resultados. Por meio do desenvolvimento de soluções gamificadas é possível atrair os clientes, realizar produção colaborativa e melhorar a produtividade”, analisa Guto Ferreira.

O mercado global de gamificação foi avaliado pela Market Research, uma das maiores consultorias para o setor, em US$ 3,3 bilhões para 2017. Valor que é mais que o dobro do volume movimentado em 2015, que foi de US$ 1,6 bilhão. A projeção é que este montante seja de US$ 5,5 bilhões este ano e chegue a US$ 20,9 bilhões em 2026.

Janela que se abre

A tendência de alta dos mercados de games e de gamificação tem beneficiado empresas inovadoras como a brasileira Mito Games. A startup capixaba, incubada na TecVitória, aplica as técnicas e elementos dos jogos para as mais variadas situações profissionais.

“A validação dos jogos como elemento forte das novas gerações, que se acostumou a essa linguagem, gera engajamento e motivação. A gente percebeu que os jogos são uma ferramenta eficiente para passar conteúdo. É estudar praticando e aprender enquanto faz, memoriza melhor”, explica Rafael Lontra, fundador da empresa.

Com quatro anos de existência, a Mito Games ganhou o prêmio Inovativa de 2017 na categoria “Educação” com o Enem Game, que alcançou 200 mil jogadores no ano passado. O jogo educativo auxilia os jovens a estudarem o conteúdo para o Exame Nacional do Ensino Médio, porta de entrada para as universidades. 
A empresa fechou recentemente um grande projeto com duas universidades do Espírito Santo para disponibilizar jogos educativos em mais de 30 escolas da capital Vitória. O viés educacional vem da experiência do empresário como professor de música na rede pública.

“Eu tinha a dimensão desta realidade e isso ajudou. Eu aprendi muita coisa jogando, digitação, inglês, leitura dinâmica. Senti que poderia contribuir no ensino com estratégias de gamificação”, ressalta Rafael Lontra.

A qualificação da mão de obra é um dos gargalos apontados pelo empresário para que o Brasil se torne produtor de games e deixe de ser apenas um grande consumidor dos produtos. “A integração com a indústria, para haver demandas por gamificação vai subsidiar a produção de jogos. Não temos integração e mão de obra, acabamos por contratar profissionais de fora. Então, buscamos melhorar a infraestrutura, primeiro em capacitação, para levantar interesse e demandas para esse tipo de coisa”, conclui Rafael Lontra.

A Game XP, maior evento gamer da América Latina, que ocorre entre 6 e 9 de setembro, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro é uma oportunidade para esta qualificação. A programação não se restringe aos jogos e conta com palestras, hackathons e networks. Confira a programação completa aqui.