A produtividade da construção civil brasileira é quatro vezes menor que a de países como Estados Unidos, China, Rússia e os da União Europeia e quase 50% menor que a média da economia nacional. O setor ainda registrou queda de 20,1% em seu PIB entre 2014 e 2017, o segundo pior da série histórica que teve início em 1948. Um cenário que mostra a necessidade de inovações. Pode-se dizer que uma delas atende pela sigla BIM?—?do termo em inglês Building Information Modeling ou simplesmente Modelagem da Informação da Construção -, que em maior ou menor grau, trata-se, no mínimo, de uma mudança de cultura das organizações.
O BIM é uma ferramenta de planejamento que utiliza um modelo virtual em três dimensões para projetar toda a construção antes de iniciar os trabalhos no canteiro de obras. “Sem dúvidas o BIM será o novo motor na área de infraestrutura. Ele impacta a cadeia de fornecedores e de mão de obra, que vai ter que se qualificar, e aprimora as práticas do setor da construção. São diversos benefícios para o mercado e para o setor público, pois gera economia nas compras e maior transparência nas licitações”, aponta Leonardo Santana, atual líder do Projeto Industrialização da Construção na ABDI.
Se metade das empresas adotarem o modelo BIM na próxima década, projeta-se que a economia da construção civil brasileira crescerá 7%. Isso significa um aumento de R$ 21,9 bilhões no PIB do setor nos valores de 2018, segundo aponta dados da Coordenação de Planejamento e Inteligência da ABDI. O processo de elaboração dos projetos em ambiente virtual permite o levantamento de quantidades, a estimativa de gastos e a realização de análises diversas.
“A estimativa é de redução de 9,7% dos custos totais da obra e de 20% dos custos com insumos. A partir de simulações nas várias dimensões, da arquitetura, fundação, estrutura, às instalações hidráulicas e elétricas, por exemplo, é possível prevenir erros e corrigir inconsistências no planejamento”, destaca Talita Daher, Coordenadora de Difusão Tecnológica da ABDI.
O lado da demanda também sai ganhando com a adoção do modelo proposto pela metodologia. O BIM aumenta a confiabilidade nas estimativas de preços e no cumprimento dos prazos, reduzindo erros e garantindo a qualidade da obra. “Outra vantagem é que o BIM pode ser usado em todo o ciclo de vida da edificação, desde a concepção até a demolição e reuso. As informações agregadas no decorrer do tempo permitem ao proprietário a eficiência na manutenção da construção”, afirma Leonardo Santana.
A sondagem da FGV, realizada em março deste ano com 700 empresas de construção, mostra ainda que o uso do BIM é reduzido e desigual no Brasil. “Apenas 9,2% das empresas adotaram o BIM no país. A nossa meta é a de que em 2028 esse índice seja de 80%”, projeta Talita Daher.
Para reverter este quadro, o Governo Federal criou o Comitê Estratégico de Implementação do BIM (CE-BIM) para alinhar as inciativas dos setores público e privado, impulsionar o uso da metodologia e promover as mudanças necessárias para garantir um ambiente adequado para o seu uso. Com o objetivo de coordenar e gerenciar as discussões para o desenvolvimento da Estratégia BIMBR, o CE-BIM contou com nove Ministérios e estabeleceu dez diretrizes estratégicas. Entre elas está o desenvolvimento da Plataforma BIMBR: um instrumento de compartilhamento de informações sobre BIM e um repositório de objetos que comporão a Biblioteca Nacional BIM (BNBIM). O lançamento da Plataforma BIMBR ocorrerá oficialmente neste segundo semestre de 2018.