Na Câmara, ABDI debate oportunidades do hidrogênio na indústria brasileira

Na Câmara, ABDI debate oportunidades do hidrogênio na indústria brasileira

Em audiência, o analista de Produtividade e Inovação da Agência Jorge Boeira destacou a importância do recurso na transição energética e no desenvolvimento industrial

A convite da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) participou nesta terça-feira, 3/12, de audiência pública que discutiu as oportunidades de uso do hidrogênio na indústria brasileira. O encontro, solicitado pelos deputados Heitor Schuch (PSB-RS) e Júlio Lopes (PP-RJ), teve como foco o recém-instituído Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono e Investimentos, que visa estimular a produção nacional desse combustível fundamental para um futuro sustentável.

Jorge Boeira, analista de Produtividade e Inovação da ABDI, abordou a relevância do hidrogênio na transformação da indústria nacional, afirmando que, embora não seja uma “bala de prata”, o hidrogênio possui contribuições significativas para diversos setores.

Boeira destacou a necessidade de coordenar políticas industriais com as energéticas e climáticas, ressaltando que o Brasil possui um grande potencial em fontes renováveis, como vento e sol. Ele alertou para o processo de “primarização” da estrutura produtiva brasileira, que atualmente é muito concentrada em commodities de baixa complexidade tecnológica.

“Temos que coordenar a política industrial com outras políticas, como a energética, climática, econômica e de desenvolvimento. Aproveitar melhor as vantagens comparativas do país, onde a gente insere o grande potencial de energia renovável, de fontes renováveis do país, como vento, sol, regime hídrico, biodiversidade, biomassa e, a partir disso, tentar se reposicionar no comércio internacional”, disse.

O analista também apresentou as seis missões da Nova Indústria Brasil (NIB), e destacou o desenvolvimento da indústria de energia renovável. “Queremos passar em 2050 para 51% de eletricidade renovável e, dentro desse contexto chegar a 90% de renovabilidade da eletricidade no mundo. A grande questão é que o Brasil já tem 93% de renovabilidade na sua matriz elétrica, significativa para a descarbonização”, afirmou.

Durante sua exposição, Boeira enfatizou que o governo deve discutir o conteúdo local e a pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2). Ele afirmou que é crucial identificar quais setores têm sinergia na produção de equipamentos e insumos para a indústria do hidrogênio. “Precisamos mapear onde estão as indústrias que poderão participar da produção das novas infraestruturas para o hidrogênio no Brasil”, destacou.

Ao final de sua apresentação, Boeira concluiu que a transição energética não apenas permitirá a descarbonização da indústria, mas também gerará uma quantidade significativa de empregos. “Aqui também você vai ter uma grande geração de empregos e manutenção de empregos industriais em novos setores da transição, como geração de renovável, o hidrogênio em si, na economia circular, a mobilidade elétrica, na construção civil verde, em novas tecnologias como veículos elétricos, os combustíveis sintéticos gerados a partir de hidrogênio”, afirmou.

Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados