“Novo normal”. No atual cenário de pandemia pela Covid-19, essa expressão tem dominado a pauta das rodas de conversas agora digitais, das reuniões corporativas por aplicativos, das decisões de compra do consumidor e, claro, atinge em cheio o setor varejista brasileiro e mundial. Mas, qual o papel do varejo nesse novo cenário? Como atrair e converter o consumidor? Como inovar diante da crise?
Para o analista de Produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Eduardo Tosta, o comportamento do consumidor brasileiro já estava em franca mudança, mesmo antes da pandemia. “Muito antes da pandemia, o consumidor já estava conectado e empoderado pelas novas tecnologias e pelas redes sociais. Agora, com o coronavírus e a necessidade do isolamento social, o consumidor está hiperconectado, consciente e absolutamente especialista no produto ou serviço que pretende adquirir. E esse é um desafio enorme para o varejista, de se diferenciar no meio de tantas ofertas e atrair o cliente”, ressaltou Tosta, durante o webinar do Varejo Digital, promovido pelo Sebrae/PR, na terça (16).
Para Tosta, como o isolamento social provocou uma espécie de “fobia ao contato físico”, o varejo digital ganhou ainda mais força e chegou para ficar. “No cenário anterior à crise, a transformação digital definia quem chegava primeiro, quem seria o líder de determinado segmento. Agora, determina simplesmente quem se manterá vivo”, alertou o analista. Para ele, o varejista precisa se reinventar, avaliar seu modelo de negócios, a integração dos seus canais de vendas, se preparar para um e-commerce, um delivery, e “sempre de olho no comportamento e na jornada de compra do consumidor”.
Para o especialista em pessoas e varejo, Thiago Oliveira, dono de uma rede de lojas no Paraná, a loja física e a loja on-line devem andar juntas. “Nesse novo cenário, estamos todos aprendendo, tanto os consumidores, quanto os varejistas. A pergunta a ser feita é `Qual o álcool em gel do seu negócio?’, dos seus produtos, qual seria o seu essencial para atrair o cliente?”, desafiou Oliveira, ao lembrar que “neste momento, uma consumidora de sapatos não está atrás de um salto alto, mas pode estar atrás de meias antiderrapantes, por exemplo”, analisou.
Questionado sobre as tendências do Varejo do Futuro, Oliveira destacou que o grande está na transformação digital, porém com um atendimento humanizado. “Se você é pequeno ou médio varejista, essa é a sua oportunidade. Não queira competir com os grandes varejistas que têm atendimento automatizado. Pelo contrário, busque um atendimento personalizado, conheça o seu cliente, suas preferências, faça-o se sentir único, mesmo numa compra on-line”, aconselhou, ao sugerir que o varejista deve, primeiro, regionalizar seu negócio antes de querer vender para o mundo. “Conquiste a vizinhança, o bairro, a cidade, e depois conquistará outros mercados”. O debate foi mediado pelo consultor do Sebrae/PR, Tiago Correia da Cunha.
Laboratório de Inovação do Varejo
Durante o debate virtual, o analista da ABDI, Eduardo Tosta, destacou alguns projetos e ações do Laboratório de Inovação do Varejo (ProVA), coordenado pela Agência entre 2017 e 2019, com o objetivo de estimular o processo de inovação e transformação digital entre os pequenos e médios varejistas brasileiros.
Ele citou como exemplo a edição do “Baralho da Transformação Digital”, com 52 cartas contendo dicas simples para que o empreendedor avalie seu negócio e possa dar início à jornada digital. “São dicas sobre qualificação da mão de obra, integração dos canais de vendas, adoção de novas tecnologias, atendimento digital”, enumerou, ao lembrar que cada varejista tem “uma dor específica e que precisa de um remédio específico”. O ProVA atuou com um laboratório vivo e colaborativo para a divulgação de inovações no setor, troca de experiências e rodadas de negócios entre ofertantes de soluções inovadoras e varejistas interessados em transformação digital.
Confira aqui as dicas preciosas para os varejistas no cenário atual e pós-pandemia:
Thiago Oliveira, empresário varejista e especialista em Pessoas e Varejo
– Faça seu planejamento semanalmente para otimizar o tempo e aumentar a produtividade.
– Fique de olho na integração dos seus canais de vendas. Não adianta fazer promoções on-line se você não tem ferramentas de pagamento digital.
– Faça o certo até dar certo! Vai demorar e dar muito trabalho, mas não desista!
– Procure o “álcool em gel” do seu negócio! O que você pode oferecer de essencial para o seu consumidor?
Eduardo Tosta, analista de Produtividade e Inovação da ABDI
– Se você é varejista, já sabe: não jogue a toalha!
– Repense seu modelo de negócio nesse momento. Um restaurante fechado pode muito bem atender por delivery e se especializar nisso.
– Procure ajuda especializada. Há muitas ferramentas gratuitas e entidades como os SEBRAEs, as Confederações de Dirigentes Lojistas (CDLs) e as Federação do Comércio dos estados.
– Se o consumidor mudou, se a forma de consumo mudou, por que o seu negócio não vai mudar?