Terceira rodada da Pesquisa de Maturidade Nacional de Transformação Digital promovida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mostrou um resultado de crescimento de 11% na adoção de tecnologias digitais em relação à rodada anterior. A pesquisa é feita de seis em seis meses e terá ainda uma quarta fase, fechando um ciclo de dois anos.
“Nesta rodada, incluímos perguntas sugeridas pelo Banco Mundial, como presença das empresas em alguma plataforma digital e o uso de análise de dados para a caracterização do público-alvo”, destacou o analista de produtividade e inovação da ABDI Michel Constantino.
O objetivo da pesquisa é chegar a um Índice de Maturidade Digital (IMD) para medir o nível de adequação digital das empresas do setor produtivo brasileiro e, assim, apoiar a tomada de decisões e a elaboração de projetos que favoreçam a transição digital. As dimensões de análise do IMD são cinco: processos; pessoas; gestão; modelo de negócios; vendas e fornecedores.
A pesquisa identificou aumento na adoção de iniciativas digitais nos modelos de negócio: de 39,6% para 42,8%. Também subiu de 13,4% para 43,9% a porcentagem de empresas que criaram novos produtos e serviços, nos últimos 12 meses. “Essa inovação foi um ponto chave da pesquisa”, comentou o Michel Constantino.
Outra mudança, apontada pela pesquisa, diz respeito à forma de pagamento mais adotada pelos estabelecimentos: o PIX representa 22% em 2022, seguido pelo cartão de crédito ou débito, com 20,3%, e pelo dinheiro, com 19%. Boletos ficam com 12% e pagamentos on-line via plataforma digital, com 7%.
A presença das empresas em alguma plataforma digital ficou em 88%, sendo que 70% usam as plataformas para anúncios, como Google e redes sociais. Porém, a maioria (51,8%) ainda não usa as plataformas digitais para análise de dados e caracterização do público-alvo.
De acordo com o levantamento, 10,5 % das empresas afirmaram ter como estratégia principal ser uma empresa digital em 2022 – um décimo percentual a mais do que no ano passado.
Na pergunta sobre prontidão para utilizar ferramentas digitais e participar do mercado digital, 75,9% das empresas responderam que estão prontas. Nesse caso, Constantino avalia que há um a percepção de overconfidence, ou seja, um excesso de confiança da parte das empresas sobre sua prontidão. “Se olharmos em detalhes, veremos que as empresas ainda não estão completamente prontas para o mercado digital”, comentou o analista.
Em relação ao uso de plataformas digitais para vendas ou pagamentos, o percentual passou de 74,8 para 79,2 em 2022. Já a contratação de profissionais de Tecnologia da Informação caiu do ano passado para cá, de 58,8% para 48,6%. Essa queda pode ser atribuída à pandemia de Covid-19, segundo análise dos técnicos.
Outro dado importante da pesquisa foi a queda no percentual de empresas que não elaboraram planejamento estratégico, eram 20,3% e caiu para 15,7%, resultado atribuído à mudança de visão dos empresários sobre se planejar.
A maioria das empresas afirmou que o foco está nas metas e resultados a curto prazo (37,4%). “Poucas empresas estão fazendo o planejamento de longo prazo, seja pela pandemia que pela conjuntura econômica¨, explicou Michel Constantino.
A 3ª rodada entrevistou, durante o 1º semestre de 2022, 2 mil executivos de empresas (matriz ou filiais) dos setores de comércio e serviços (78,1%), empresas da indústria (13%), construção civil (4,6%) e agronegócio (4,4%) – segundo maior faturamento e Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), sendo 70.3% de microempresas localizadas 54.9% delas no Sudeste.
As empresas foram classificadas em quatro níveis de maturidade: inicial; básico; intermediário; e aprimorado (líderes). A percepção da maioria dos empresários é de estar no nível intermediário de maturidade digital (53,85%) e 28,75% de serem emergentes/líderes.