PIB do 2º Trimestre de 2024: indústria e serviços garantem recuperação

PIB do 2º Trimestre de 2024: indústria e serviços garantem recuperação

Consumo das famílias e investimento empresarial puxam a recuperação, enquanto a agropecuária enfrenta desafios climáticos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre de 2024 apresentou um avanço de 3,3% em comparação com o mesmo período de 2023 e um crescimento de 1,4% em relação ao trimestre anterior. Esse resultado, que supera as expectativas do mercado, foi analisado pelo gerente da Unidade de Fomento às Estratégias ASG da ABDI, Rogério Dias de Araújo, e pelo assessor especial da Agência Pedro Acioly Teixeira. Dados apontam para um cenário econômico positivo, impulsionado especialmente pelos setores de serviços e indústria.

O consumo das famílias, que representa 63% do PIB, foi um dos grandes responsáveis pelo avanço, crescendo 4,9% em relação ao ano anterior e 1,3% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Esse resultado reflete um mercado de trabalho aquecimento e políticas de redistribuição de renda, que desenvolvem para a manutenção do poder de compra.

Outro ponto de destaque foi a Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF), que cresceu 2,1% na margem e 5,7% em relação ao mesmo período de 2023. Esse indicador, que reflete o nível de investimento na economia, sinalizando um otimismo moderado por parte dos empresários, apesar das pressões inflacionárias e dos juros elevados, que freiam um avanço mais robusto.

Rogério Araújo destaca a importância de estimular a ampliação dos investimentos. “Temos que estimular essa ampliação do investimento com qualidade, com foco em melhoria da produtividade da indústria, com foco em melhoria da qualidade dos produtos de inovação e promover um diferencial dos produtos brasileiros frente aos seus concorrentes’, disse.

Indústria e serviços se destacam

Os setores de serviços e indústria apresentaram desempenhos expressivos. O setor de serviços, responsável por 58,2% do PIB, cresceu 1% em relação ao primeiro trimestre de 2024, destacando-se como a espinha dorsal da economia brasileira. A expansão foi impulsionada por segmentos como transporte, armazenamento e serviços financeiros, refletindo a reativação do consumo e da mobilidade urbana.

Na indústria, o crescimento de 3,9% em relação ao mesmo trimestre de 2023 e 1,8% na comparação com o primeiro trimestre deste ano, reforça o papel do setor no processo de recuperação econômica. O destaque ficou com a indústria de transformação, que cresceu 3,6% em comparação ao ano anterior, com destaque para a fabricação de produtos alimentícios e veículos automotivos. O setor de construção, por sua vez, avançou 4,4% no mesmo período, refletindo uma retomada de grandes obras de infraestrutura.

Setor agropecuário em retração

Por outro lado, o setor agropecuário apresentou uma retração de 2,3% na comparação com o trimestre anterior e de 2,9% em relação ao segundo trimestre de 2023. O desempenho negativo foi atribuído, em parte, às condições climáticas adversas, como a seca que atingiu várias regiões produtoras e as chuvas que impactaram a safra no Rio Grande do Sul. Mesmo sendo um setor historicamente volátil, a queda na produção agropecuária acendeu alertas para os impactos climáticos no desempenho econômico do país.

Cenário externo e os desafios futuros

No cenário externo, o crescimento das exportações em 4,5% foi puxado pelos setores de petróleo, gás natural e receitas de petróleo. Entretanto, a indústria de transformação apresentou um aumento nas importações de bens de capital, sinalizando uma piora na balança comercial do setor. O impacto das taxas de juros elevadas continua sendo uma entrada para um crescimento econômico mais acelerado, especialmente para o consumo das famílias e do FBKF.

Com a economia brasileira superando as expectativas no segundo trimestre de 2024, os analistas apontam para uma continuidade no processo de recuperação, mas alertam para os desafios persistentes, como a alta taxa de juros e os efeitos climáticos na produção agropecuária. Segundo Rogério Araújo, “o desempenho da economia no segundo trimestre é animador, mas ainda é necessária uma ampliação mais consistente do nível de investimento, para que tenhamos um crescimento virtuoso e com qualidade”.

Confira aqui o relatório completo.