Para acelerar a adoção e a difusão de tecnologias no agronegócio da região Nordeste, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou, nesta quinta-feira (17.10), em Recife, a plataforma Neo Agro 4.0. Ao concentrar dados e conectar diferentes atores do ecossistema de inovação, como empresas, governo, academia e agricultores, a ferramenta visa fortalecer a cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização.
Fruto de parceria com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (SiDi), e com apoio do Governo Federal, a Neo Agro 4.0 tem o objetivo de fomentar a transformação digital do setor a partir do uso de novas tecnologias. Assim, necessidades específicas de produtores e empresas serão atendidas a partir do desenvolvimento de soluções personalizadas, impulsionando a produtividade, a sustentabilidade e o desenvolvimento regional.
“Hoje, o agro é uma indústria pulsante, que tem uma representatividade gigante no PIB do Brasil”, comentou o diretor de Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico da ABDI, Carlos Geraldo Santana. “A Neo Agro 4.0 vai ajudar a digitalizar o campo, principalmente a agricultura familiar. Esses produtores são essenciais na cadeia alimentar do Brasil e do mundo. Precisamos treiná-los para exportar, para vender. Tudo isso hoje depende da digitalização”, acrescentou.
A ação integra o programa Agro 4.0 da ABDI, iniciativa que oferece modelos viáveis de aplicação de soluções focadas em aumento de eficiência, produtividade e sustentabilidade, para estimular o uso de tecnologias 4.0 no agronegócio.
“A nossa ideia na plataforma foi disponibilizar dados não só do agronegócio, mas do ecossistema de inovação para ajudar, por exemplo, o produtor rural a buscar informações de quem desenvolve soluções no Nordeste e de quais tipos de soluções são desenvolvidas”, explicou a gerente da Unidade de Difusão de Tecnologias da ABDI, Isabela Gaya (foto). “Assim podemos conectar o ecossistema para ampliar a adoção dessas tecnologias com foco em aumento de produtividade, de sustentabilidade e de eficiência no setor”, pontuou.
Diretor operacional da São José Agroindustrial, Kleber Albuquerque ressaltou como a tecnologia da plataforma pode potencializar os resultados da usina que produz açúcar, etanol e energia elétrica. “O agro moderno requer não apenas tecnologia e inovação, mas uma capacidade de interpretação mais precisa das dificuldades e das oportunidades do nosso setor. Então esse vai ser um facilitador para uma tomada de decisão assertiva”, apontou.
De acordo com o Censo de 2017, a região Nordeste conta com cerca de 2,3 milhões de estabelecimentos agropecuários, quase metade do total do país. No entanto, os números da mecanização são inferiores, uma realidade que a plataforma pretende alterar. “No Brasil, cerca 11% dos produtores rurais têm trator. Aqui no Nordeste são cerca de 7%. Temos mais de 1.700 startups do setor no Brasil, apenas 5% na região Nordeste. Por outro lado, temos várias outras oportunidades, com muitas culturas crescendo ao longo dos anos, como da soja, do milho, da uva”, destacou Isabela Gaya.
Instrumentos
Essas e outras informações podem ser conferidas na nova plataforma, que dispõe de um banco de dados sobre a produção agropecuária no Nordeste, incluindo registros de maquinário e assistência técnica. Além disso, o mapeamento do ecossistema de inovação vai compartilhar informações sobre os atores que compõem o setor, com ações voltadas ao agro digital.
O documento é baseado em dados de diversas fontes, além do mapeamento do projeto. A metodologia de interação foi desenhada de forma a promover a cooperação entre produtores rurais, empresas, universidades, agentes governamentais, órgãos de fomento e centros de pesquisa e desenvolvimento.
“A ABDI entra com todo o conhecimento, a atuação do ecossistema e o entendimento do setor do agronegócio. Então, o SiDi desenvolve a tecnologia, a análise de dados e a inteligência artificial. Quando juntamos as nossas forças, colocamos no ar a plataforma Neo Agro 4.0, para difundir e aumentar a produtividade do agronegócio no Nordeste, por meio de tecnologias 4.0”, conta o gerente executivo sênior do SiDi, Rogério Moreira.
O evento em Recife contou ainda com representantes da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), da Prefeitura de Recife, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Especialistas integraram painéis para discutir o ecossistema de inovação e instrumentos de fomento ao agronegócio no Nordeste, além de conhecerem soluções de startups nordestinas para o Agro 4.0.