Economizar recursos e proporcionar serviços para os cidadãos são as principais razões para tornar uma cidade inteligente. Os mecanismos que tiram os municípios da era analógica são variados. Em Barcelona (ESP), por exemplo, que é considerada uma das cidades mais inteligentes do mundo, um aplicativo chamado Sentilo monitora todos os sensores da cidade, como de trânsito e clima, e deixa as informações disponíveis para a população. Outra solução que chama atenção na cidade espanhola é o recolhimento de lixo. Não existem caminhões de coleta circulando no município, os sacos de detritos são depositados em compartimentos, que aspiram o conteúdo para um sistema subterrâneo de dutos. O lixo orgânico alimenta usinas de geração de energia e o seco segue para reciclagem.
No Brasil, aos poucos, os municípios vão aderindo à tecnologia para oferecer melhores serviços aos cidadãos. Em Campinas (SP), por exemplo, desde 2009 os pais conseguem acompanhar a frequência dos filhos na rede municipal de ensino por um aplicativo no celular ou computador. O presidente da Informática de Municípios Associados (IMA), Fernando Garnero, responsável pelo desenvolvimento do programa, aponta que até 2019 será possível acompanhar o desempenho dos alunos e fazer as matrículas. “As 205 escolas municipais serão atendidas pelo serviço, chegando a um banco de dados de 50 mil alunos”.
Para incentivar e acelerar a entrada do Brasil na era dos municípios tecnológicos, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Inmetro estão montando um ambiente de demonstração para soluções de cidades inteligentes. As tecnologias serão testadas no campus do Inmetro em Xerém (RJ). “A ideia é que as empresas tenham um local para colocar as tecnologias à prova e os prefeitos tenham segurança de contratar soluções que realmente funcionem”, explica o líder do projeto de cidades inteligentes da ABDI, Carlos Frees. Mais de 100 empresas inscreveram 146 soluções para testar no ambiente.
Os técnicos dividiram os testes em diferentes cenários. O início de tudo será a construção de um centro de comando e controle, que irá operar e monitorar as soluções. Ainda estão previstos cenários envolvendo iluminação, mobilidade, distribuição de água e esgoto e equipamentos de saúde, entre outros. As tecnologias aprovadas integrarão um catálogo de soluções que ficará à disposição dos prefeitos.
Para o presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas, André Gomide, o diferencial do ambiente é dispor de tecnologia nacional. “Temos um grande problema hoje. As empresas estrangeiras vendem pacotes de soluções prontos em uma plataforma fechada que torna o gestor refém daquele programa”. Quando ocorrem atualizações daquela solução, ou necessidade de assistência técnica, o prefeito, normalmente, depende da empresa.
O ambiente da ABDI/Inmetro dá prioridade para tecnologias nacionais e que trabalhem com código aberto. A plataforma aberta permite que desenvolvedores possam desenvolver aplicações especificas e facilita a assistência técnica. No segundo semestre de 2018, as soluções começam a ser testadas.